Indústria
- Publicada em 30 de Outubro de 2023 às 18:43Vinhos feitos na Serra Gaúcha têm Indicação Geográfica reconhecida
Tonello observa que a Cooperativa Aurora é a maior vinícola do Brasil
Emerson Ribeiro/DIVULGAÇÃO/JC
Eduardo Torres
A tradição na produção de comidas e bebidas é vista no mundo inteiro como "Made in Serra Gaúcha". Somente nesta região, o Rio Grande do Sul tem reconhecidos sete produtos com Indicações Geográficas. Nada melhor do que o vinho para simbolizar este valor agregado ao que é produzido nesta parte do Estado. São cinco indicações com vinhos de características próprias: Altos Montes (Flores da Cunha e Nova Pádua), Monte Belo (Monte Belo do Sul), Farroupilha, Pinto Bandeira e o Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves), este, concentrando o maior volume da produção vitivinícola.
"Temos uma história de 92 anos que começou com 16 famílias de imigrantes italianos que se uniram para fortalecer a produção vinícola em Bento. Seguimos fiéis àqueles princípios de perseverança. Precisamos nos reinventar muitas vezes, e seguimos nessa transformação. Somos a maior vinícola do Brasil, respondendo historicamente por 10% da produção gaúcha, e os nossos vinhos chegam a 20 países", conta o presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Aurora, Renê Tonello.
Trata-se de uma cooperativa, com 1.067 famílias no cultivo de 2,8 mil hectares de uvas em 11 municípios da Serra, em um raio de 50 quilômetros a partir de Bento Gonçalves. Só na produção da Aurora, neste ano foram colhidos 70,5 milhões de quilos da fruta. São 70% da produção destinados aos sucos, 28% aos vinhos e espumantes e outros 2% para outros produtos vinícolas, como o brandy.
Dados da Secretaria Estadual da Agricultura demonstram que Bento Gonçalves, com 20 milhões de litros em 2023, é o município com o maior volume de vinhos finos produzidos no Estado, seguido por Farroupilha.
Em relação aos vinhos de mesa, a liderança é de Flores da Cunha, com 86,3 milhões de litros engarrafados este ano, também seguido por Farroupilha. Os três municípios da Serra dividem o protagonismo entre os maiores produtores de uvas de mesa e para a indústria em solo gaúcho.
Neste ano, o Estado registrou a maior safra de uvas viníferas desde 2018, com 99,7 milhões de quilos colhidos. Mas a soma de todos os tipos de uva chegou a 664,9 milhões de quilos, que resultaram em 216,1 milhões de litros de vinho, 38,2 milhões de litros de suco de uva e 13,7 milhões de litros de espumantes. A Serra responde por pelo menos 85% dessa produção. O Estado é o maior produtor de uvas do País e responsável por 90% da produção nacional destinada ao processamento de vinhos, sucos e espumantes.
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O cooperativismo teve papel marcante na vitivinicultura da Serra. Conforme a Fecovinho, são seis delas na região. E o ano de 1931, quando foi criada a Aurora, foi fundamental nessa história. No mesmo ano, foi criada a Cooperativa Nova Aliança, em Flores da Cunha, e a Garibaldi, no município de mesmo nome.
Com 450 produtores associados entre 18 municípios, com 1,2 mil hectares de cultivo, a Cooperativa Garibaldi hoje tem 43% do volume dos seus negócios relacionado aos espumantes. A meta, aponta o presidente Oscar Ló, é chegar a 50% em 2025. A produção comercial de vinhos na Serra, porém, começou antes das cooperativas.
Maurício Salton destaca diversificação de produção e espumantes
Eduardo Benini/DIVULGAÇÃO/JC
Desde 1910, a família Salton tornava-se conhecida no atual município de Bento Gonçalves pela sua produção incrementada pelos filhos do imigrante Antonio Domenico Salton. A produção hoje é expandida não apenas à Serra, mas também à Campanha e a São Paulo. Ao todo, são 830 hectares cultivados entre áreas próprias e de famílias parceiras, que resultam em 4% de toda a safra gaúcha.
"Mesmo sendo protagonista no mercado nacional e internacional, a nossa empresa sempre priorizou o desenvolvimento da cidade onde nascemos, 32% dos colaboradores são moradores de Bento Gonçalves. Temos 113 anos e um compromisso social marcante. Nos últimos três anos, por exemplo, a Salton desenvolveu o programa Legado Social, que destinou R$ 282 mil para ações em áreas como a educação e o combate à violência nas comunidades em que atuamos", diz o diretor-presidente da empresa, Maurício Salton.
Os espumantes são o carro-chefe da produção, respondendo por 46% das vendas, mas a Salton tem diversificado a produção. Por exemplo, 27% das vendas são de destilados.
Conforme a pesquisa Nielsen Super Varejo, a Salton é a quarta na preferência do consumidor da Região Sul nas vendas de gim. Ocupa também o quinto lugar na região entre os vinhos de mesa, que representam 20% das vendas.
Após as denúncias de casos de trabalho análogo à escravidão na última vindima, as duas cooperativas e a empresa têm dedicado suas ações ao reforço das políticas de compliance e ESG. A recuperação da imagem já é perceptível nos números.
Na Aurora, por exemplo, até setembro já foram recebidos 155 mil turistas em sua sede e nas propriedades com produção vinícola. A expectativa, aponta Tonello, é superar os 241,8 mil registrados em 2022.
"Mesmo sendo protagonista no mercado nacional e internacional, a nossa empresa sempre priorizou o desenvolvimento da cidade onde nascemos, 32% dos colaboradores são moradores de Bento Gonçalves. Temos 113 anos e um compromisso social marcante. Nos últimos três anos, por exemplo, a Salton desenvolveu o programa Legado Social, que destinou R$ 282 mil para ações em áreas como a educação e o combate à violência nas comunidades em que atuamos", diz o diretor-presidente da empresa, Maurício Salton.
Os espumantes são o carro-chefe da produção, respondendo por 46% das vendas, mas a Salton tem diversificado a produção. Por exemplo, 27% das vendas são de destilados.
Conforme a pesquisa Nielsen Super Varejo, a Salton é a quarta na preferência do consumidor da Região Sul nas vendas de gim. Ocupa também o quinto lugar na região entre os vinhos de mesa, que representam 20% das vendas.
Após as denúncias de casos de trabalho análogo à escravidão na última vindima, as duas cooperativas e a empresa têm dedicado suas ações ao reforço das políticas de compliance e ESG. A recuperação da imagem já é perceptível nos números.
Na Aurora, por exemplo, até setembro já foram recebidos 155 mil turistas em sua sede e nas propriedades com produção vinícola. A expectativa, aponta Tonello, é superar os 241,8 mil registrados em 2022.
O mapa da uva e do vinho por municípios
Produção de uvas (para mesa)
• Caxias do Sul
• Bento Gonçalves
• Farroupilha
• Vale Real
• Flores da Cunha
Produção de uvas (para indústria)
• Flores da Cunha
• Bento Gonçalves
• Farroupilha
• Caxias do Sul
• Garibaldi
Produção de vinhos (de mesa)
• Flores da Cunha
• Farroupilha
• Bento Gonçalves
• Campestre da Serra
• Caxias do Sul
Produção de vinhos (finos)
• Bento Gonçalves
• Farroupilha
• Garibaldi
• Flores da Cunha
• Caxias do Sul