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- Publicada em 30 de Outubro de 2023 às 19:55Polo metalmecânico vai além de Caxias do Sul e abrange vários municípios da Serra Gaúcha
Gigante da indústria, Tramontina mantém quatro fábricas no município de Carlos Barbosa
TRAMONTINA/DIVULGAÇÃO
Eduardo Torres
Carlos Barbosa, na Serra Gaúcha, tem uma população de 30,4 mil habitantes, 10% empregada entre as quatro fábricas da Tramontina no município. Uma relação que começou em 1911, quando a Tramontina era uma ferraria essencial para as necessidades daquela comunidade.
"Há uma relação direta entre a empresa e a história do município. São 36% dos funcionários com mais de 10 anos de empresa, e são muito comuns os casos de pais, mães, filhos e companheiros todos trabalhando na empresa. Ou de gerações da mesma família dentro da Tramontina", conta a diretora de marketing corporativo da empresa, Rosane Fantinelli.
Essa relação se traduz nas contas do município. A fabricação de produtos de metal gerou arrecadação de R$ 82,6 milhões em ICMS em Carlos Barbosa em 2022, quase 60% de toda receita com indústrias. É a produção da Tramontina que coloca Carlos Barbosa em 15º lugar entre os municípios exportadores do Rio Grande do Sul, entre janeiro e setembro deste ano. Os materiais produzidos entre as suas fábricas respondem por 95% das exportações do município.
A empresa conta com 10 mil funcionários entre 9 fábricas, com capacidade total de produção que ultrapassa 86 milhões de peças por mês – 72 milhões em Carlos Barbosa. Na Serra, há unidades ainda em Farroupilha e Garibaldi. São fabricados nas unidades de Carlos Barbosa itens de cutelaria, materiais elétricos, ferramentas para jardinagem e construção civil e equipamentos para cozinha, como pias, coifas e fornos. De Farroupilha, saem panelas e talheres, e em Garibaldi estão os segmentos industrial, automotivo, aeronáutico e de construção civil. A Tramontina conta ainda com fábricas em Encruzilhada do Sul, no Pará e em Pernambuco.
"Se lá no início, com a pequena ferraria, o foco eram os reparos para a indústria e a ferragem para cavalos, hoje nosso trabalho é oferecer soluções para o bem-estar das pessoas. A fabricação de canivetes a mão, artesanal, dá lugar à indústria 4.0, que aposta na diversificação, tecnologia e inovação. São mais de 22 mil itens distribuídos em 120 países", diz Rosane.
É que a força do setor metalúrgico vai bem além dos limites de Caxias do Sul. Conforme o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), são 17 municípios que concentram 4,5 mil empresas do setor, com faturamento anual de R$ 50 bilhões.
Em 2022, a Tramontina faturou R$ 8,3 bilhões, e projeta crescimento de até 15% neste ano. E tem uma trajetória que precede, em muito, o boom do setor metalmecânico de Caxias do Sul.
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A empresa teve origem em uma pequena ferraria em 1911. Assim como na década de 1920 a empresa inovou ao desenvolver um canivete e dar início à cutelaria, agora, para ganhar cada vez mais relevância internacional, cada uma de suas unidades industriais tem um centro de pesquisa e desenvolvimento próprio.
Os resultados estão nas experiências com a aplicação da internet das coisas, como um cooktop conectado, que permite o preparo de comidas guiadas por aplicativo, ou como um organizador de ferramentas para a aeronáutica que, com o uso de inteligência artificial, identifica ferramentas e gera relatórios fundamentais para evitar acidentes. Ou ainda na nova linha de utensílios de cozinha recicláveis e fabricados com materiais reciclados.
"É a combinação de materiais reciclados com a maior responsabilidade ambiental no processo de fabricação destes produtos. No caso dos talheres e facas, os elementos de plástico são provenientes da reutilização de resíduos, e o alumínio pode ser reutilizado diversas vezes sem perder as características. Além disso, todo o resíduo da produção da linha Lyf é reciclado internamente. O aço também é produzido a partir de fontes de energia limpa e renovável. O cuidado está também nas embalagens, que não contêm plástico. Desde 2021, nossas unidades reduziram em mais de 12,8 toneladas o uso de plástico em embalagens", explica a gerente.
Setor metalmecânico e automotivo na Serra Gaúcha e no Vale do Caí
• Caxias do Sul (Randoncorp, Marcopolo, Agrale, Madal, Intral, Guerra, Soprano)
• Carlos Barbosa (Tramontina)
• Farroupilha (Tramontina, Marcopolo, Soprano)
• Garibaldi (Tramontina)
• Nova Prata (Vipal)
• Montenegro (CBC, John Deere)
Fonte: Sindecs
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