A pouco mais de 180 quilômetros de Passo Fundo, em Iraí, o convívio com o rio Uruguai e o Rio do Mel são desafios para a cidade do futuro e, principalmente, para o turismo que, juntamente com o comércio, responde por 59% do Valor Adicionado Bruto (VAB) do município.
A pouco mais de 180 quilômetros de Passo Fundo, em Iraí, o convívio com o rio Uruguai e o Rio do Mel são desafios para a cidade do futuro e, principalmente, para o turismo que, juntamente com o comércio, responde por 59% do Valor Adicionado Bruto (VAB) do município.
"A última cheia, em maio, nos causou menos prejuízos. Para nós, foi pior a de novembro. Mas, infelizmente, essa tem sido uma constante que cada vez mais se repete. Entre setembro e novembro do ano passado, enfrentamos oito cheias, com reflexos na infraestrutura do município e, principalmente, na nossa economia", diz o prefeito Antônio Bernardi, que falou com a reportagem antes do período eleitoral.
É que, a cada inundação, o complexo do Balneário Oswaldo Cruz e das Thermas Iraí, que são patrimônios do município, permanecem fechados, em média, por oito dias. Em um município no qual 43% dos empregos são gerados a partir do comércio e dos alojamentos (hotéis), o impacto é inevitável.
"O balneário é o ponto principal dos roteiros turísticos de Iraí. É o que movimenta o nosso comércio e o que atrai novos investimentos para a cidade. Por isso, temos discutido soluções mais concretas para evitar as consequências das cheias. Um dique pode ser a solução", aponta Bernardi.
Ainda não há uma estimativa dos custos de uma obra estrutural como essa. Iraí tem a peculiaridade do encontro entre os rios do Mel e Uruguai, de onde vertem águas termais com 36,5°C, em piscinas naturais de até 3,5 metros. Algo que pode estar ameaçado pela repetição cada vez mais frequente de enchentes.
O município de 7,4 mil habitantes concentra o ponto alto de um dos roteiros turísticos mais tradicionais do norte do Estado, a Rota de Águas e Pedras. Conta com cinco hotéis, e tem atraído investimentos na diversificação das atividades aos turistas, que já não ficam limitadas às águas termais.
Há, por exemplo, uma tirolesa sendo executada na região, com investimento de dois empresários. O município também atraiu aportes privados para garantir roteiros de barco para turistas no rio Uruguai.
"Temos facilitado essas iniciativas com incentivos em infraestrutura e concessões, por exemplo, para a tirolesa e para um novo hotel. Estamos, inclusive, preparando o terreno para novas concessões de atividades ao redor do rio. Nossa relação com o rio Uruguai é fundamental, por isso, garantirmos um bom convívio com o rio vai fazer a diferença para o futuro", avalia o prefeito.
Ao longo do rio Uruguai, ainda há o Parque Estadual do Turvo, com a maior queda d'água longitudinal do mundo. O Salto do Yucumã possui 1,8 quilômetro de extensão e 12 metros de altura. Porém, com as recorrentes cheias históricas do manancial, o salto, literalmente, desapareceu. Por outro lado, em 2020, com a seca, o fluxo de água que transforma a paisagem também quase sumiu.
A Macuco Yucumã, administradora do parque, que tem sede no município de Derrubadas, disponibiliza em seu site imagens de câmeras ao vivo do salto, o que permite ao turista saber previamente como está a visibilidade da atração. Menos de 1% dos 17 mil hectares do parque são abertos ao público.
Concedido pelo Estado por meio de uma PPP, a gestão passou ao grupo em outubro do ano passado. A ideia dos empreendedores é desenvolver ali um modelo semelhante ao que acontece nas Cataratas do Iguaçu, no Paraná, com o turismo valorizando os recursos naturais da região. Até o final do primeiro trimestre, foram seis mil visitantes no local. Nos dois primeiros anos, a empresa deve investir R$ 11 milhões em melhorias estruturais no parque.
Ainda no rio Uruguai, atividades como a pesca esportiva ganham espaço. Somente em Porto Xavier, município com 9,9 mil habitantes, foram 5,3 mil turistas em 2023 com estadia média de três dias, interessados na pesca do dourado.
Porto Xavier está em uma das pontas do complexo de 26 cidades e 12 roteiros turísticos nas Missões. Recentemente, a região foi reconhecida por lei como uma rota turística federal, e isso significará a inclusão da Rota Turística do Caminho das Missões nos programas de incentivo federais para investimentos no setor.
Em um relatório preparado pelo Grande Projeto Missões, por exemplo, há 11 obras e ações de infraestrutura consideradas estratégicas para impulsionar e profissionalizar o turismo da região. Entre elas, as melhorias do aeroporto de Santo Ângelo, incluído no pacote de concessões em parceria do governo estadual, e a construção da ponte sobre o rio Uruguai em Porto Xavier, garantindo a ligação com o lado argentino, incluída no Novo PAC.
Para que se tenha uma ideia, em 2023 o aeroporto recebeu 70 mil passageiros. Aumentar a importância desta rota também é prioridade para o governo estadual. Em 2026, serão completados 400 anos da chegada dos padres jesuítas à região.
Para celebrar a data, o Papa Francisco será convidado a visitar as Missões. Um caminho que é percorrido anualmente por 80 mil pessoas. A partir de um plano traçado pelo grupo Grande Projeto Missões, até a próxima década, são projetados 1 milhão de visitantes na região.
Rota das Águas e Pedras (águas termais junto ao rio Uruguai)
Salto do Yucumã (atração no Parque Estadual o Turvo)
Pesca esportiva (infraestrutura junto ao rio Uruguai em Porto Xavier)
Rota das Missões (26 municípios com 12 roteiros turísticos)