Foram seis anos de desenvolvimento entre o campo e o laboratório para que, neste ano, o Programa de Melhoramento Genético de Grãos, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), tivesse aprovada pelo Ministério da Agricultura a patente de um cultivar de aveia branca desenvolvido no Noroeste gaúcho. Foi o segundo cultivar desenvolvido a partir do campo experimental da universidade, em Augusto Pestana, a obter este reconhecimento – o primeiro havia sido de linhaça –, e não é por acaso o avanço da pesquisa em direção a cereais alternativos às culturas mais tradicionais do Rio Grande do Sul.
Foram seis anos de desenvolvimento entre o campo e o laboratório para que, neste ano, o Programa de Melhoramento Genético de Grãos, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), tivesse aprovada pelo Ministério da Agricultura a patente de um cultivar de aveia branca desenvolvido no Noroeste gaúcho. Foi o segundo cultivar desenvolvido a partir do campo experimental da universidade, em Augusto Pestana, a obter este reconhecimento – o primeiro havia sido de linhaça –, e não é por acaso o avanço da pesquisa em direção a cereais alternativos às culturas mais tradicionais do Rio Grande do Sul.
"Com um ambiente cada vez mais desafiador no Estado, em relação ao clima, temos trabalhado muito no desenvolvimento de cultivares mais resilientes e que exijam menos insumos na sua produção. Neste contexto, os chamados pseudo-cereais vão dominar o futuro da nossa agricultura. No caso da aveia branca, usada para a alimentação e também para forragem à bovinocultura, a genética desenvolvida e adaptada ao nosso ambiente, economicamente se iguala ao trigo como cultura de inverno, com muito potencial energético e é mais estável. Neste ano, por exemplo, a semeadura do trigo terá dificuldade. No caso da aveia, há mais estabilidade", aponta o professor Ivan Ricardo Carvalho, que coordena o programa.
Segundo Carvalho, o grão responde bem, por exemplo, a veranicos de até 30 graus em junho até chuvas com 200 milímetros no período. "O mais importante, porém, é o uso de menos fertilizantes. O nosso trabalho de pesquisa parte sempre da demanda dos produtores da região. É muito desafiador trabalhar somente com a soja, o milho e o trigo, por exemplo, então, propomos culturas alternativas, produtivas e que reduzam o custo do produtor", explica o especialista.
A expectativa do professor é, no final deste ano, apresentar ao Ministério da Agricultura um segundo cultivar de aveia, desta vez, específico para a cobertura de solo, fundamental para garantir a sustentabilidade no campo. A importância da aveia, desde o campo até a cadeia produtiva industrial, tem rendido frutos além da pesquisa. Em 2023, 25% do cereal em grão ou processado exportado pelo Brasil saíram do Rio Grande do Sul, movimentando mais de US$ 4 bilhões. Quase 80% do produto foi enviado à África do Sul.
Empresa de Ijuí amplia fábricas para processamento da aveia
"Nós constatamos que o Rio Grande do Sul produzia aveia, mas deixava sair daqui o produto em grão, sem nenhum processo. O Estado deixava de valorizar essa produção. Então investimos na criação da fábrica e passamos a gerar empregos e impostos para a região. O mercado aceita muito bem a aveia gaúcha pelo seu sabor", explica o diretor da Dubai Alimentos, de Ijuí, Dante Maurício Tissot.
Em 2014, a Dubai Alimentos começou a processar a aveia e saltou, desde então, de 3 mil para 60 mil toneladas de produção anual. Com investimento de R$ 25 milhões no ano passado e outros R$ 30 milhões neste ano, a empresa trabalha na ampliação das suas duas fábricas em Ijuí – uma delas dedicadas à produção sem glúten – e uma nova unidade de recebimento, em Augusto Pestana. Entre os investimentos, há ainda a operação de uma planta para obtenção de proteína concentrada a partir, por exemplo, da ervilha.
De acordo com Tissot, a meta é dobrar a produção até o final do ano. Toda a produção da empresa é destinada a outros fabricantes, que utilizam suas marcas. Com exportações para nove países, 95% da produção é destinada para fora do Rio Grande do Sul.
Em Lagoa Vermelha, na região Nordeste, a Nat Cereale, ou Naturale, como é conhecida a sua marca própria, processa a aveia desde 2000, e hoje está consolidada como uma das principais fornecedoras do cereal para compostos de marcas do setor de supermercados brasileiro. A cada ano, a empresa processa em torno de 24 mil toneladas para a produção de aveia em flocos, em farinha, saborizados, granolas ou em barras de cereais e cookies.
Na região, há ainda a fábrica da Agrícola Ferrari, inaugurada no ano passado em Passo Fundo.
Área plantada de aveia em 2022:
_ Santa Bárbara do Sul 10 mil hectares
_ São Miguel das Missões 10 mil hectares
_ Palmeira das Missões 10 mil hectares
_ Cruz Alta 10 mil hectares
_ Jóia 8 mil hectares
Fonte: IBGE