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Publicada em 26 de Julho de 2024 às 18:12

Indústria metalmecânica e da construção avança no Norte do RS

Metasa puxa exportações com estruturas metálicas produzidas em Marau

Metasa puxa exportações com estruturas metálicas produzidas em Marau

Metasa/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Entre o último ano e o primeiro semestre de 2024, Marau, na região da Produção, saltou do 71º para o 43º lugar no ranking dos municípios exportadores gaúchos. Um aumento de 146,8% em relação ao volume de exportações do primeiro semestre do ano passado, e com uma mudança importante no seu perfil de produtos vendidos ao exterior.
Entre o último ano e o primeiro semestre de 2024, Marau, na região da Produção, saltou do 71º para o 43º lugar no ranking dos municípios exportadores gaúchos. Um aumento de 146,8% em relação ao volume de exportações do primeiro semestre do ano passado, e com uma mudança importante no seu perfil de produtos vendidos ao exterior.
Ao invés dos couros, que antes dominavam a "vitrine", agora, 77% dos US$ 28,3 milhões – mais do que todo o valor negociado em 2023 – vem da indústria pesada do metal, em estruturas metálicas da tradicional Metasa para a construção civil.
Marau é um dos 10 municípios da região retratada neste recorte do Mapa Econômico entre os 50 maiores municípios exportadores gaúchos, e foi o que registrou maior crescimento no volume de exportações nos primeiros seis meses do ano.
A Argentina foi o principal destino das vendas externas do município, seguida pelo Chile, países onde a Metasa participa de projetos de grandes empreiteiras e que concretizam um investimento de R$ 20 milhões finalizado no ano passado, com uma das maiores máquinas de corte a laser da América Latina, garantindo precisão e agilidade na entrega de até três mil toneladas de estruturas metálicas por mês.
E se a produção do setor metalmecânico para grandes obras chega a outros países, no momento de reerguer a economia gaúcha, ela representa também uma oportunidade de grandes negócios na reconstrução de estruturas que serão fundamentais nesta retomada.
"Concluímos no começo deste ano um investimento que se mostrou muito assertivo com o incremento da produção da nossa linha amarela, que são as peças para a indústria da construção civil. Hoje estamos operando em três turnos nesta área da nossa produção, muito acima da nossa expectativa quando iniciamos o investimento, inclusive na área de exportações", diz o CEO da metalúrgica Bruning Tecnometal, Angelin Adams.
A empresa fica no centro do terceiro maior polo metalmecânico do Rio Grande do Sul, em Panambi. E dali saem 1,4 mil toneladas por ano de peças da chamada linha amarela. Em 2022, apostando justamente neste aquecimento de grandes projetos de infraestrutura no Brasil e no exterior, a Bruning iniciou um aporte de quase R$ 60 milhões – 10% deste valor desembolsado no começo de 2024, com a instalação dos últimos equipamentos, que chegaram já nos primeiros meses deste ano.
De acordo com Adams, há expectativa de que a produção seja ainda mais aquecida nos próximos meses, com a crescente demanda no Rio Grande do Sul. "Nós atuamos também nas linhas de peças para automóveis e máquinas agrícolas, e estes dois setores também devem ter incremento no segundo semestre, mas a nossa grande aposta é realmente na linha amarela", conta.
A linha amarela é aquela parte da produção de uma grande obra que não é visível para quem está fora do canteiro de obras, mas é vital para manter as coisas funcionando. São pinos, eixos, engrenagens ou buchas. Tudo o que faz as máquinas operadoras não pararem.

Empresas de Panambi e Erechim investem para atender a demanda

Neste projeto de dois anos de ampliação da produção, a metalúrgica não precisou ampliar a sua área fabril em Panambi mas, segundo Angelin Adams, para 2025, com a retomada em maior ritmo da economia gaúcha, há previsão de uma nova frente de investimentos na linha amarela. Já neste ano, pelo menos outras 50 pessoas devem ser contratadas. Desde 2022, a empresa ampliou em 100 pessoas o seu quadro de funcionários para dar conta da demanda.
Conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, a velocidade exigida do setor pela tragédia vivida no Rio Grande do Sul pode impulsionar o uso de soluções industriais que ainda estão sendo testadas ou ainda não foram bem difundidas pelo país. Soluções em aço, como base, a exemplo do que é desenvolvido pela Metasa, são reforçadas. Em Erechim, a Brastelha, que também vive um ciclo de investimentos aquecidos pelo mercado da construção civil, tem uma oportunidade.
A empresa desenvolve materiais de construção que unem inovação com maior sustentabilidade. São telhas e painéis termoisolantes com isolamento térmico em poliisocianurato (PIR) e poliuretano (PUR). Após as cheias de maio, a empresa ainda se aliou a um projeto de criação de novas moradias, com montagem rápida e uso de materiais alternativos.
"O momento é difícil para todos, mas para nós e os nossos clientes, há uma oportunidade de crescimento pela necessidade de utilização dos materiais que fornecemos para a reconstrução de obras com uma visão de maior sustentabilidade e adaptação ao novo cenário. Milhares de pessoas precisam ter de volta um lar, e os materiais alternativos com os quais trabalhamos possibilitam maior celeridade nessa retomada. Ao mesmo tempo, o setor da construção está contribuindo para reerguer a economia do Rio Grande do Sul ao acelerar esses projetos”, diz o diretor da Brastelha, Walmir Badalotti.
Entre as principais matérias-primas da empresa de Erechim estão os aços planos revestidos, que não deixam resíduos na produção. Toda a sobra é reprocessada em uma usina siderúrgica gaúcha, como sucata.
"O uso de telhas e painéis termoisolantes gera economia de energia, por exemplo, com condicionadores de ar, tanto em dias de muito calor quanto no frio extremo. No Brasil, o uso dos materiais que estamos apostando aqui ainda está em sua fase inicial, mas estamos pensando justamente no futuro da construção civil. É uma questão de mudança cultural, por exemplo, trocar tijolos e barro pelos materiais termoisolantes, que são menos agressivos ao meio ambiente e geram maior qualidade de vida", avalia o executivo.
Somente neste ano, a Brastelha desembolsa R$ 50 milhões na reestruturação da sua unidade fabril no município do Norte do Estado. Um ciclo que deve seguir até 2030 e agora reforçam ainda mais a capacidade da construção civil em garantir emprego no Estado.
"Em Erechim, por exemplo, temos déficit de mão-de-obra. Seja aqui ou em canteiros de obra, certamente estamos dispostos a receber mais trabalhadores e, inclusive, aumentarmos a produção", salienta Badalotti.

Ranking das exportações na Região Norte do RS

Dados de janeiro a junho de 2024
Passo Fundo: 2º maior exportador do RS (redução de 9,5% no volume exportado em relação a 2023), 96% das exportações em soja, óleo e derivados de soja e trigo
Cruz Alta: 8º maior exportador do RS (crescimento de 2,2% no volume exportado em relação a 2023), 64% das exportações em soja, torta e óleo de soja, 24% em trigo, 4% em leite e nata
Ijuí: 21º maior exportador do RS (crescimento de 13,9% no volume exportado em relação a 2023), 84% das exportações em torta e outros produtos do óleo de soja
Santo Ângelo: 22º maior exportador do RS (redução de 15,8% no volume exportado em relação a 2023), 96% das exportações em carne suína e miudezas de suíno
Santa Rosa: 23º maior exportador do RS (redução de 4,7% no volume exportado em relação a 2023), 72% das exportações em carne suína, 24% das exportações em máquinas agrícolas
Horizontina: 24º maior exportador do RS (redução de 49,7% no volume exportado em relação a 2023), 99% das exportações em máquinas e equipamentos agrícolas
Soledade: 29º maior exportador do RS (crescimento de 17,4% no volume exportado em relação a 2023), 57% das exportações em pedras preciosas e obras em pedras, 42% das exportações em carnes de aves
Marau: 43º maior exportador do RS (crescimento de 146,8% no volume exportado em relação a 2023), 77% das exportações em estruturas para construção civil
Não-Me-Toque: 45º maior exportador do RS (redução de 59,2% no volume exportado em relação a 2023), 90% das exportações em máquinas e equipamentos agrícolas

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior.

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