Com a tragédia provocada pelas cheias de maio, a importância da bacia leiteira do Noroeste do Rio Grande do Sul foi ainda mais ampliada. Saíram desta região quase 70% dos 3 bilhões de litros de leite produzidos no Estado em 2023. O Rio Grande do Sul é o quarto maior produtor e o terceiro maior exportador de leite e derivados do Brasil.
Mesmo com uma redução de até 50% no número de produtores gaúchos entre 2015 e 2023, a produtividade vem em ritmo crescente. E com ela, especialmente entre o Norte e Noroeste, vem também evoluindo as ações para redução de emissões e maior sustentabilidade na bovinocultura leiteira. Inclusive com um modelo de remuneração aos produtores mais eficientes.
A CCGL, que tem sede em Cruz Alta e concentra as produções leiteiras de boa parte das cooperativas da região, lidera, ao lado da Embrapa Trigo, a chamada Operação 365, que nada mais é do que a manutenção do solo coberto nas propriedades todos os dias do ano. O programa, ainda em fase de implantação, roda em 10 cooperativas. A partir das análises químicas e biológicas de talhões nas propriedades rurais, são criados índices de qualidade de manejo. Conforme a Embrapa, há diferença de até 40% na produtividade de acordo com o tipo de manejo.
A partir dos índices, aqueles trechos das propriedades recebem selos de qualidade. E quem tiver melhores índices, recebe benefícios da sua cooperativa, e inclusive, em relação ao crédito para a lavoura.
"O produtor é parte da solução, e não do problema ambiental. E quando ele apresenta os índices de qualidade, com comprovação de maior produtividade, ele está apresentando uma garantia de menores riscos aos bancos financiadores, por exemplo. O objetivo da Operação 365 é garantir benefício ao produtor mais comprometido com a sustentabilidade", disse em um evento de qualificação do programa na Cotrisal, em Sarandi, o gerente de pesquisa da CCGL, Geomar Corassa.
No caso da produção leiteira, a operação é fundamental em relação ao pasto. Desde as cultivares mais adequadas, até a altura desta vegetação que alimenta o gado. Com o pasto mais alto, mais protegido estará o solo, e também é reduzida a emissão de metano pelos processos naturais do gado.
A estimativa da Embrapa é de que o manejo adequado do pasto tem a capacidade de reduzir em até 57% as emissões da bovinocultura leiteira. A pegada de carbono da produção leiteira é dividida entre a própria atividade agropecuária (65%), a consequente produção de alimentos (32%), a produção dos fertilizantes usados na propriedade (2,5%) e os combustíveis e eletricidade usados durante o processo (0,5%).
O resultado direto da produção leiteira mais "verde" é a abertura ainda maior do mercado internacional ao produto gaúcho. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, a CCGL garantiu inéditos 4% das exportações de Cruz Alta, o equivalente a US$ 14,5 milhões, em leite e nata.
A maior bacia leiteira do Rio Grande do Sul
Saem do Noroeste gaúcho 67% da produção do leite gaúcho.
O Estado é o 4º maior produtor do país e o 3º maior exportador.
Municípios produtores:
Municípios produtores:
- Santo Cristo
- Augusto Pestana
- Crissiumal
- Ibirubá
- Marau
Fonte: Secretaria Estadual da Agricultura