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Publicada em 26 de Julho de 2024 às 13:14

Emissões atmosféricas da Região Norte do RS são proporcionalmente menores

Manejo correto e agro com potencial sustentável ajudam a contribuir com o meio ambiente

Manejo correto e agro com potencial sustentável ajudam a contribuir com o meio ambiente

3TENTOS/DIVULGAÇÃO/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
O estímulo ao manejo correto, o plantio direto, a cobertura do solo e a rotação de culturas, ao invés da monocultura, representam não só a garantia de sustentabilidade para a atividade agrícola, mas também a possibilidade de evitar o agravamento dos efeitos das mudanças climáticas no Rio Grande do Sul. Entre o Norte e o Noroeste do Estado, estão concentrados 21% do PIB gaúcho – a segunda região em importância nesse cenário. Os 221 municípios retratados neste Mapa Econômico, segundo o levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), de 2022, respondem por 18,8% das emissões de gases causadores do efeito estufa no Estado.
O estímulo ao manejo correto, o plantio direto, a cobertura do solo e a rotação de culturas, ao invés da monocultura, representam não só a garantia de sustentabilidade para a atividade agrícola, mas também a possibilidade de evitar o agravamento dos efeitos das mudanças climáticas no Rio Grande do Sul. Entre o Norte e o Noroeste do Estado, estão concentrados 21% do PIB gaúcho – a segunda região em importância nesse cenário. Os 221 municípios retratados neste Mapa Econômico, segundo o levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), de 2022, respondem por 18,8% das emissões de gases causadores do efeito estufa no Estado.
Não são as regiões de maior contribuição para este índice preocupante, mas, pela predominância das atividades no campo – e pelo avanço de medidas sustentáveis –, aquelas que mais podem contribuir para a remoção ou retenção do carbono no solo. Hoje, porém, a região só neutraliza 11,1% das suas emissões. Abaixo dos 14,1% quando se consideram todos os municípios do Estado.
Passo Fundo, o município de maior volume de emissões de gases causadores do efeito estufa dessa parte do Estado – e 556º no Brasil –, em 2022 neutralizava só 4,5% das suas emissões. O segundo município com maior índice de emissões é Santo Antônio das Missões, no entanto, é somente o 891º no Brasil. Isso porque é justamente na região das Missões que ações como a irrigação mais se disseminam, preservando o solo e evitando o avanço da lavoura, por exemplo, sobre áreas de vegetação secundária. Santo Antônio das Missões, conforme o levantamento do SEEG, é o município com maior volume de retenção de carbono no solo. Entre os cinco principais municípios neste quadro positivo, três são das Missões.
Pensando na importância de ações que ao mesmo tempo garantam produtividade e tornem mais limpa a produção rural gaúcha, a 3tentos, uma das maiores empresas do setor no Estado, com faturamento superior a R$ 8 bilhões no último ano, desenvolve desde 2022 o programa Selo Carbono, em conjunto com o programa Produzir+. De um lado, a empresa assessora os produtores na melhoria das práticas no campo, de outro, atesta em relatórios o avanço em direção à neutralização de carbono e, futuramente, em um posicionamento do Estado no mercado de carbono.
“Mesmo que ainda não represente um ganho econômico real, com o mercado de carbono, por exemplo, o produtor percebe que as melhorias no manejo e a preservação da vegetação secundária ajudam no microclima da região, combatem pragas e reforçam o solo, resultando em maior produtividade. Na prática, conservar o meio ambiente e adotar práticas de manejo mais sustentáveis favorece a todo o sistema produtivo”, explica a coordenadora do programa Selo Carbono e gerente de sustentabilidade da 3tentos, Márcia Bisol.

Programa Selo Carbono amplia trabalho com produtores de soja

O programa iniciou há dois anos, com 40 produtores de soja. No ano seguinte, 400 produtores gaúchos, exclusivamente de soja, já tinham suas lavouras avaliadas pelos critérios de emissões. Ao ingressar no programa, o produtor recebe na sua propriedade os técnicos, que aplicam um questionário incluindo desde o levantamento de insumos usados no cultivo da soja até o manejo da lavoura. O resultado é uma nota e o tamanho da pegada de carbono daquela propriedade. Um relatório, comparando com outras pegadas, é gerado. A propriedade aprovada no programa recebe o selo de Soja de Baixa Emissão.
Conforme os levantamentos da 3tentos, o potencial do agro gaúcho de neutralizar ou reter carbono no solo se comprova pelos números. A pegada da soja gaúcha é considerada de alta eficiência, de 450 kg de carbono por hectare, 40% a menos do que a pegada média de 750 kg do Brasil. Nos Estados Unidos, são 1,1 mil kg por hectare para o mesmo tipo de produção, e na Europa, pior ainda, 1,2 mil kg.
"Representa alto potencial para o mercado de carbono, que é o próximo passo. E aí também avançaremos em outras análises. Hoje, o programa se limita à soja, mas o ideal é avaliarmos todas as práticas da fazenda, inclusive com as demais culturas que são desenvolvidas naquele solo", diz Márcia.
O desafio, explica a especialista, é produzir mais por hectare, com os mesmos recursos. A soja é uma planta de ciclo bastante curto, toda a vez que ela é colhida, se o solo estiver descoberto, são liberados para a atmosfera gases que estavam na terra. E o suporte para evitar isso, e garantir na propriedade a reserva de nutrientes, também é desenvolvido pela empresa, em uma lógica, como explica o coordenador do programa Produzir+ e gerente de agricultura de precisão da 3tentos, Fernando Bavaresco, de "ganha-ganha".
"Levamos a informação e o conhecimento ao produtor que, ali na frente, é o nosso fornecedor, por exemplo, para a produção do biodiesel a partir da soja. Quanto mais qualidade e mais sustentabilidade tiver essa matéria-prima, mais valor agregado terá o produto final", detalha o especialista.
A 3tentos atende hoje em torno de 20 mil clientes no Rio Grande do Sul, com 130 consultores em agricultura de precisão. Eles fazem o diagnóstico das propriedades com o objetivo de otimizar a produção, inclusive com a indicação de cultivares para cada ambiente.
"Falta e excesso de chuva, com solo não coberto, gera desagregação ao solo e erosão, especialmente na camada superficial, que é a mais fértil. O bom manejo deste terreno, fixa carbono no solo e agrega produtividade", resume Fernando Bavaresco.
Entre as áreas de maior atuação dos dois programas está justamente a região das Missões. Quando considerada isoladamente, mesmo tendo a maior pegada de carbono deste recorte geográfico do Estado, também é a região com maior índice de captura de carbono. Nas Missões, são neutralizados 13,7% dos gases de efeito estufa gerados.

As emissões de carbono na Região Norte do RS

Passo Fundo é o único município da região entre os 600 maiores emissores de gases do efeito estufa no Brasil
A região das Missões tem a maior pegada de carbono neste recorte do Estado, mas também o maior volume de gases capturados

Maiores emissores de carbono
- Passo Fundo: 639,2 quilotoneladas (kt)
- Santo Antônio das Missões: 534,5 kt
- Santo Ângelo: 519 kt
- Ijuí: 500 kt
- São Luiz Gonzaga: 446,9 kt
Maiores "sequestradores" de carbono
- Santo Antônio das Missões: 171 kt
- Bossoroca: 78,1 kt
- Fontoura Xavier: 44,1 kt
- Barros Cassal: 41,6 kt
- São Luiz Gonzaga: 40,4 kt
Fonte: SEEG 2022

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