Porto Alegre, sexta-feira, 14 de março de 2025.
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Porto Alegre, sexta-feira, 14 de março de 2025.
Travessia do Rio Uruguai, entre a cidade das Missões e o país vizinho, é feita atualmente por balsa

Travessia do Rio Uruguai, entre a cidade das Missões e o país vizinho, é feita atualmente por balsa


/Prefeitura de Porto Xavier/Divulgação/JC
Nos últimos dois anos, até 40 caminhões carregados de milho vindo do Paraguai cruzam diariamente o Rio Uruguai, em Porto Xavier, região das Missões, embarcados em uma balsa. O principal destino dos carregamentos é a produção de suínos da Alibem que, em Santa Rosa, abate 7 mil cabeças por dia. Dali, a produção de carne é carregada por caminhões até o Porto de Rio Grande, cruzando pelo menos 700 quilômetros de estradas - e todo o custo logístico envolvido nesta operação - para a exportação, principalmente à China.
Já imaginou se o fluxo de chegada da matéria-prima fosse acelerado? E se o produto final tivesse reduzido pelo menos 500 quilômetros de transporte rodoviário até a sua exportação?
Pois o setor deve ser um dos muitos beneficiados pelo investimento iniciado no começo deste ano pelo governo federal para a construção de uma nova ponte internacional unindo Brasil e Argentina, sobre o Rio Uruguai, em Porto Xavier. Serão 950 metros entre o município gaúcho e San Javier, no lado argentino, com um aporte de R$ 220 milhões. Uma obra que promete um salto na economia do município e da região das Missões, e talvez, uma mexida nas relações comerciais exteriores gaúchas.
"A nossa estimativa é de que as exportações vão dobrar e, considerando junto com as importações, teremos um aumento de até 30% do movimento comercial internacional. Será um benefício direto nas importações e exportações, mas também a criação de um novo ambiente que atrairá muitas empresas para Porto Xavier. Teremos um diferencial logístico que hoje é fundamental no momento em que uma empresa decide investir", aponta o prefeito Gilberto Menin.
Segundo Menin, são registrados em Porto Xavier 600 caminhões - um a cada 16 habitantes. É que, naturalmente, a cultura do município de 10 mil habitantes, apontado como um dos mais ricos do Estado pela Fundação Getúlio Vargas - a décima maior renda per capita do Estado e a 48ª do país considerando as declarações de imposto de renda de 2020 -, é relacionada aos negócios através do Rio Uruguai. Hoje, porém, limitados pela estrutura da balsa. Por exemplo, não é possível transitar de um lado a outro da fronteira após as 17h30min.
Ainda assim, 35% da economia local está ligada a este setor. Somente entre as empresas já existentes em Porto Xavier, são movimentados R$ 700 milhões, com 12 mil cargas anuais, e quase metade deste valor se refere à importação de cebolas. O movimento de exportações hoje se limita principalmente a pisos e máquinas que têm como destino o Paraguai.
As grandes empresas de importação e exportação, porém, muitas vezes optam pelo deslocamento dos caminhões de Porto Xavier, ou da região Noroeste, até Uruguaiana, onde está o maior porto seco do Estado, a 400 quilômetros dali, ou até Rio Grande e os portos catarinenses ou paranaenses. Para Gilberto Menin, porém, a abertura da nova ponte internacional poderá criar uma nova e mais econômica rota, especialmente para o escoamento da produção de grãos gaúcha.
"Ao invés de carregar os grãos até Rio Grande, com alto custo logístico rodoviário, por que não percorrer somente 120 quilômetros de Porto Xavier a Posadas, na província de Misiones, na Argentina, para a saída do produto a partir do porto de Buenos Aires, com destino à China? Ou por que não carregar a carne suína com muito mais agilidade e economia por aqui? Não tenho dúvida dos benefícios para toda a economia regional que a nova ponte vai gerar", valoriza Menin.
O projeto era um desejo antigo da região e acabou priorizado no plano dos primeiros 100 dias do governo Lula, entre as suas ações de integração do Brasil ao Mercosul. Em março, foram iniciados os estudos de impacto ambiental e já tiveram início também os levantamentos de terras a serem desapropriadas para a construção. A expectativa é de que, em um ano, seja possível ter definidos os licenciamentos e as indenizações necessárias.
As obras estão previstas para começarem em abril. Com os recursos do PAC, o governo federal estima que a ponte esteja erguida em 2026. Menin, porém, é mais cauteloso. "Acredito que em 2027 a nossa nova ponte internacional será uma realidade. É uma obra de custo baixíssimo pela sua importância econômica. Os benefícios serão excelentes", diz.
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