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Agronegócio

- Publicada em 19 de Setembro de 2023 às 00:25

Região Norte tem maior bacia leiteira do Rio Grande do Sul

Produtor Ornélio Ulrich e família

Produtor Ornélio Ulrich e família


/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Das quatro vacas da família, em 2008, a uma produção diária de 590 litros, com 27 vacas na sua propriedade. Ornélio Ullerich, de 52 anos, não se arrepende da escolha que fez, ao lado da esposa, quando voltou do Mato Grosso para a sua terra natal, Santo Cristo, na Fronteira Noroeste do Estado.

• PARA FOLHEAR: Leia a edição completa do Mapa Econômico do RS na Região Norte (acesso liberado)

"Nos tornamos produtores de leite, primeiro assumindo as vaquinhas que o meu sogro tinha, depois, percebemos que era um negócio viável e, aqui em Santo Cristo, muito bem estruturado. Estamos na capital do leite no Rio Grande do Sul", diz.
Dados do IBGE apontam que, em 2021, o município de 15,3 mil habitantes produziu 64 milhões de litros de leite - 176 mil litros por dia -, a partir de um rebanho de pouco mais de 12 mil vacas. Santo Cristo está em meio à principal bacia leiteira gaúcha. Sete entre os 10 maiores produtores de leite do Estado são municípios das regiões Noroeste, Fronteira Noroeste e Celeiro.
Ao todo, conforme o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite, elaborado pela Emater em 2021, o Estado tinha 40,1 mil produtores rurais com atividade leiteira formal, destes, 39,9 mil comercializavam o leite cru com indústrias cooperativas ou queijarias. Desde o ano passado, com a defasagem de preços e o aumento das importações, a estimativa da Emater é de que, em dois anos, cerca de 7 mil produtores abandonaram a atividade, chegando a 33 mil em 2023.
Ullerich faz parte da Cooperativa Mista São Luiz (Coopermil), que fornece 25% de todo o leite processado pela CCGL. "Hoje é hora de esperar. Não dá, por exemplo, para comprar máquinas ou investir em melhorias na propriedade. Todo o estoque de comida para as vacas teve um aumento do custo e tivemos essa surpresa no inverno, que é o período em que o produtor geralmente faz um pé de meia, mas não penso em sair da produção leiteira, porque é uma produção que tem sido viável para a nossa família", diz.
É que esta produção, principalmente no Noroeste, tem se mostrado uma oportunidade de negócio importante para quem consegue aumentar a sua produtividade. Ullerich, por exemplo, garante uma média de mais de 21 litros por vaca a cada dia. É bem superior à média gaúcha, de 16,3 litros.
De acordo com a Emater, a capacitação cada vez maior dos produtores tem reduzido custos e ampliado a produtividade, mesmo com a redução do rebanho nos últimos anos. Em oito anos, houve redução de 60% no número de produtores de leite no Estado, mas a produtividade teve crescimento de 39% no mesmo período.
A partir das quatro vacas de 15 anos atrás, com um resfriador e a água no tarro, em 2011 a propriedade de 19 hectares já tinha uma sala de ordenha e um resfriador a granel. Em 2017, Ullerich aumentou o seu rebanho para 20 vacas e, neste ano, são 27. Seu último investimento, no ano passado, foi um resfriador de 800 litros.
"Eu posso dizer que é o sustento da minha família. Paguei a faculdade do meu filho mais velho com a produção de leite, e o meu filho de 19 anos trabalha na produção. Aqui em Santo Cristo, produzir leite é uma vocação. Algumas propriedades investem alto, inclusive com robôs. Mas estarmos em um lugar como este nos permite entender bem o cenário e saber que a política de preços do leite nunca te dá segurança total. Dessa forma é que se entende que não é possível dar o passo maior do que a perna, principalmente neste momento", aponta o produtor.

Laticínios seguem investindo em novas plantas industriais no Estado

Obras na fábrica da Whey do Brasil

Obras na fábrica da Whey do Brasil


/WHEY DO BRASIL/DIVULGAÇÃO/JC
A certeza que a produção seguirá sendo uma oportunidade na região está na garantia da demanda, explica o empresário Wlademir Dallbosco.
"Pelo menos nos próximos 20 anos, haverá quem compre todo o leite produzido no Rio Grande do Sul. Claro que é preciso uma política para o produtor, e também para a indústria local", diz Dallbosco.
Ele é proprietário da Mandaká Alimentos, empresa que é a maior empregadora, com 150 funcionários, e tem o maior faturamento de Nova Boa Vista, na região do Rio da Várzea. A empresa foi criada há 30 anos no município de pouco mais de 2 mil habitantes, e tem toda a matéria-prima comprada de produtores e cooperativas da região.
Dali saem principalmente queijos, manteiga, creme de leite e requeijão. De acordo com Dallbosco, 75% da produção é vendida fora do RS. Uma expansão que exige investimento.
"Hoje produzimos 30 mil quilos de mercadorias por dia, com uma demanda de 230 mil litros de leite diários. Na nova planta industrial, dentro de um ano e meio teremos capacidade de produzir 50 mil quilos por dia, e precisaremos de pelo menos 300 mil litros de leite por dia. Por isso, o leite é um produto com renda garantida durante muito tempo", explica o empresário.
A Mandaká está investindo R$ 40 milhões para a instalação de uma fábrica totalmente automatizada em Rondinha, a 25 quilômetros da sua sede. A perspectiva é de início da produção no primeiro trimestre de 2024, com a geração de 70 empregos diretos e outros 70 indiretos.
A referência produtiva do agro na região do Rio da Várzea é Palmeira das Missões. O município de 33,2 mil habitantes tem o 10º maior PIB entre os 207 municípios deste recorte e o maior VAB Agropecuário. É neste cenário que a Mandaká e outros oito laticínios investem no projeto de R$ 160 milhões que aumentará o valor agregado à industrialização, com a Whey do Brasil.
Na fábrica, que está sendo erguida onde funcionava a Nestlé, em Palmeira das Missões, será processado o soro do leite. O cronograma prevê o início da produção em março de 2024, com capacidade de processar 84 toneladas de soro desmineralizado por dia, e outras 100 toneladas diárias de composto lácteo.

Principais atrações nas Missões

 Sítio Arqueológico da Redução de São Miguel
(São Miguel das Missões)

 Centro Histórico da Redução de Santo Ângelo Custódio (Santo Ângelo)

 Sítio Arqueológico da Redução de São João Batista
(Entre Ijuís)

 Sítio Arqueológico da Redução de São Nicolau (São Nicolau)
 Santuário de Caaró (Caibaté)
 Belezas naturais e pesca no Rio Uruguai (Porto Xavier)

Latícinios (Filiados Sindilat)

 Friolack (Chapada)
 Dom Miro (Doutor Ricardo)
 Laticínios Kiformaggio (Nonoai)
 Unibom Laticínios (Água Santa)
 Lactalis (Ijuí e Três de Maio)
 Domilac (São Domingos do Sul)
 Laticínios Heja (Panambi)
 Piracanjuba (Nova Ramada)
 Laticínio Stefanello (Rodeio Bonito)
 Laticínios Frizzo (Planalto)
 Italac (Passo Fundo)
 Laticínio Deale (Almirante Tamandaré do Sul e Aratiba)
 Sooro (Estação)
 Whey do Brasil (Palmeira das Missões)
 Doceoli (Santo Cristo e Tuparendi)
 São Luís (Marau)
 Mandaká Alimentos (Nova Boa Vista e Rondinha