Dados da Receita Federal mostram que o setor de máquinas agrícolas respondia, em 2022, por 22% da arrecadação de ICMS industrial de Santa Rosa — a indústria de suínos também tem grande peso na economia local. Mas este, como toda a economia movimentada pelo agro no recorte do Estado, é um movimento regional. A menos de 50 quilômetros dali, o município de Horizontina, com 18,8 mil habitantes — quatro vezes menos que Santa Rosa — e o 9º maior PIB entre os 207 municípios da região, arrecadou
R$ 36,5 milhões em ICMS com a produção de máquinas agrícolas em 2022, correspondendo a 73% da arrecadação municipal com a produção industrial.
Nesse caso, a John Deere representa esta pujança. Horizontina foi o 16º⁰maior exportador entre os municípios gaúchos de janeiro a julho deste ano, e 100% dos mais de US$ 112 milhões —
R$ 554 milhões — foram resultado da produção da multinacional, que emprega 2 mil funcionários em uma fábrica de 135 mil metros quadrados. Dali, saem todos os modelos fabricados pela John Deere. No ano passado, a multinacional, que teve em Horizontina a sua primeira fábrica no País, chegou à marca de 100 mil colheitadeiras produzidas na cidade.
Um número significativo, e que carrega a história da evolução do maquinário agrícola no Noroeste gaúcho. Foi em Horizontina que a então fábrica Schneider Logeman e Companhia (SLC) produziu a primeira colheitadeira automotriz do Brasil, em 1965. Em 1979, a John Deere adquiriu parte do capital da SLC em uma transição na produção de máquinas que chegou até 2001, quando todos os produtos fabricados em Horizontina passaram a ter a marca John Deere.
"Além de todo esse histórico, a fábrica de Horizontina é a maior da John Deere no Brasil. E temos muita consciência da importância dessa planta industrial para a economia local e regional. A maior parte dos nossos 2 mil funcionários são residentes da cidade, mas também de pelo menos outros nove municípios próximos. Além deles, pelo menos outras 2 mil pessoas na região dependem diretamente da fábrica", diz o gerente geral, Gladimir Ames.
São comuns no chão de fábrica da empresa funcionários que participaram de todo o processo de transição da SLC para a John Deere. Além de duas ou três gerações de familiares que trabalham na fabricação de máquinas de Horizontina.
A valorização desta raiz deu origem ao Memorial da Evolução Agrícola, com investimentos de R$ 53 milhões da empresa, em um espaço que retrata a importância do pmunicípio no avanço do agro gaúcho e brasileiro. É um museu, mas os olhos da empresa estão apontados para maiores avanços no futuro.
Depois de inaugurar, no ano passado, um anel viário que solucionou os gargalos logísticos do município, a John Deere iniciou um investimento de
R$ 145 milhões na ampliação e modernização da sua fábrica.
"Estamos no País certo na hora certa. Nas últimas cinco décadas, o Brasil passou de importador a um dos maiores produtores de alimentos do planeta. Assim, nossas estratégias de investimentos são de longo prazo e com a firme convicção do nosso papel nesta relevância brasileira como um polo produtor de alimentos", aponta Amis.