Quem não tem a soja - pelo menos até agora - como sua principal matéria-prima fica de fora do negócio de biodiesel? A resposta é não. E uma das mais tradicionais empresas da região pode provar. A família Fuga, de imigrantes italianos, iniciou as atividades de um curtume em Marau há quase um século. Hoje, a Fuga Couros responde por quase 60% das exportações daquele município e, diante da possibilidade de diversificação no mercado, há nove anos a empresa investiu em uma planta de biodiesel no pequeno município de Camargo, a menos de 20 quilômetros de Marau, formando a BioFuga.
Com know-how na produção a partir da criação de animais, e em um território que está entre os maiores produtores de suínos entre o Norte e o Noroeste do Estado, a usina de biodiesel de Camargo utiliza uma fórmula diferente das demais. Ali, o uso da gordura animal chega à metade da fórmula. O mais usual no Rio Grande do Sul e no restante do Brasil é 20% do composto com gordura animal. Como resultado, o município de menos de 3 mil habitantes tem um PIB superior a R$ 400 milhões.
Há ainda novos investimentos movimentando a planta industrial com capacidade instalada para produzir até 180 milhões de litros de biodiesel por ano. A Fuga aporta R$ 350 milhões em uma unidade esmagadora de soja em uma área de 10 hectares, ali mesmo, em Camargo. Serão 80 pessoas empregadas na fábrica com capacidade para processar até 2 mil toneladas de soja por dia. O óleo abastecerá a usina de biocombustível, e os demais produtos serão destinados especialmente para a ração animal na região.