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Reportagem Especial

- Publicada em 28 de Setembro de 2023 às 20:55

Norte do Rio Grande do Sul atrai novos investimentos

Com o maior PIB industrial no Norte do Rio Grande do Sul, Erechim registra crescimento e amplia áreas para a instalação de empresas

Com o maior PIB industrial no Norte do Rio Grande do Sul, Erechim registra crescimento e amplia áreas para a instalação de empresas


/PREFEITURA DE ERECHIM/DIVULGAÇÃO/JC
Entre os hangares do aeroporto de Erechim há 35 aviões de pequeno porte pertencentes a empresas da região. Somente no segundo trimestre deste ano, o aeroporto registrou 50 aeronaves de outras empresas pousando no município em busca de novos negócios.

• PARA FOLHEAR: Veja a edição completa do Mapa Econômico RS da Região Norte (acesso liberado)

A pouco mais de 70 quilômetros dali, em Passo Fundo, está o terceiro aeroporto mais movimentado do Estado, com mais de 20 mil passageiros por mês. Ali, estima a prefeitura, a cada 30 dias, pelo menos 5 mil pessoas chegam em voos com o intuito de fazer negócios na cidade e na região.
"São pessoas do mundo inteiro, o que dá uma dimensão da movimentação econômica que temos hoje em Passo Fundo e em toda a região", diz o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Diorges Oliveira.
A partir do Noroeste do Estado, em Santa Rosa, onde o plantio da soja foi iniciado no Rio Grande do Sul ainda na década de 1940, a produção começou a ganhar importância estatística. E ainda naquela década, o desenvolvimento promovido a partir do grão dava as caras, com a notícia dos primeiros processos de industrialização da soja e sua transformação em óleo. Era o primeiro passo de toda a movimentação industrial que daria suporte ao crescimento e modernização da safra nas décadas seguintes.
É justamente no recorte geográfico entre o Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul que a consolidação do agronegócio como o carro-chefe da economia gaúcha mais se mostra rentável. Os recursos gerados no campo pela produção agrícola "tipo exportação" hoje viram investimentos não só no próprio agro, como em outras cadeias produtivas como o setor metalmecânico, de máquinas agrícolas, de alimentos, construção civil e até o turismo.
Ao todo, a faixa do Estado retratada nesta edição do Mapa Econômico do RS - que inclui 207 municípios das regiões Norte, Noroeste Colonial, Fronteira Noroeste, Missões, Celeiro, Produção, Médio Alto Uruguai, Nordeste, Alto da Serra do Botucaraí e Rio da Várzea - tinha 1,8 milhão de habitantes, conforme o último Censo. A soma do Produto Interno Bruto (PIB) dessas localidades em 2020 era de
R$ 81,5 bilhões, 17,2% do PIB gaúcho naquele ano.
Não é por acaso que Passo Fundo e Erechim, os dois maiores municípios da região, atraem cada vez mais investidores: estão entre os dois municípios 20% deste PIB.
"É um cenário que se desenha desde o Noroeste, entre Santa Rosa, Horizontina e Panambi, até o Norte, em Passo Fundo e Erechim, como áreas que representam bem as transformações econômicas nas últimas décadas. Tradicionalmente, foram as necessidades da atividade rural cada vez mais desenvolvida e, portanto, exigente de melhorias, que estimularam soluções e novos negócios, que acabaram se tornando especializações regionais. Se a Serra historicamente é o maior polo metalmecânico do Estado, o Norte e Noroeste, hoje, representam uma expansão, não como migração, bem consolidada deste setor. E esses negócios estimulam novas cadeias produtivas. O resultado é uma economia muito dinâmica nessas regiões", explica o economista e pesquisador do Departamento de Economia e Estatística, Rodrigo Feix.

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Oportunidades em alta para diversos setores da economia e aumento da população

O Anuário de Investimentos do RS 2022, levantamento do Jornal do Comércio, identificou
R$ 4,5 bilhões em aportes anunciados ou realizados em municípios dessas regiões. A cifra representa quase 9% dos recursos que tiveram cidades determinadas como destino dos investimentos.

Nos últimos cinco anos, entre os 322 projetos aprovados pelo Fundopem, 77 são dessas regiões, representando pelo menos R$ 1,1 bilhão em investimentos aprovados entre o início de 2019 até julho deste ano.
Os dois únicos municípios com populações acima dos 100 mil habitantes no Norte do Estado - Passo Fundo e Erechim - figuram entre os melhores em rankings para novos negócios, conforme o índice organizado pelo Urban System, publicado pela Revista Exame. Enquanto Erechim é a 3ª melhor cidade gaúcha para negócios no setor industrial, a 6ª no setor agropecuário e 1ª no setor de educação, Passo Fundo é a 6ª melhor cidade gaúcha para novos negócios na área de serviços, a 4ª melhor no setor agropecuário e a 4ª no setor de educação.
"É uma região pujante em todos os setores produtivos, e que representa bem como os bons resultados do agro podem refletir em todas as cadeias produtivas. Temos uma amostra disso no modelo de financiamentos que temos aprovado. Há forte presença das cooperativas, mas, principalmente, um grande número e empresas que, nos últimos três anos, têm dado um salto de qualidade e de investimentos para deixarem de ser de pequeno e médio portes e se tornarem grandes empresas em faturamento", explica o gerente regional do BRDE em Passo Fundo, Alexandre Barros.
Nos últimos 10 anos, o banco investiu R$ 3,6 bilhões nessas regiões, mais de 35% dos aportes do BRDE em todo o Estado no período. Mais da metade dos valores foram para a agropecuária e atividades relacionadas ao setor.
"A localização geográfica, como rota de acesso a países do Mercosul e também ao resto do Brasil, além do espírito empreendedor nessas comunidades e da qualidade de vida, são fatores determinantes para atração de investimentos", avalia o vice-presidente do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Ciergs), Jairo Alberto Zandoná.
O aumento populacional de quase 2% entre os 207 municípios dessas regiões entre 2010 e 2022, aponta para onde estão as oportunidades. Percentualmente, o município com maior crescimento populacional foi Tapejara, com 27,5% de moradores a mais, chegando a 24,5 mil habitantes. Não figura entre os 10 mais populosos das regiões, mas tem destaque na produção industrial de alimentos.
Santa Rosa, Panambi e Erechim, três dos expoentes na indústria metalmecânica e de maquinário, registraram aumentos populacionais acima dos dois dígitos. O maior crescimento absoluto ocorreu em Passo Fundo, onde a população aumentou em mais de 21 mil habitantes, alta de 11,5%. Foi o quinto município que mais recebeu população de outras cidades no período e, por outro lado, somente 1,6% dos seus moradores buscou oportunidades de emprego fora da região.
"Temos cinco voos diários entre Passo Fundo e São Paulo, sempre lotados. São atraídos pelo valor do agro e movimentam o setor de comércio e serviços, especialmente nas áreas da educação e saúde", explica o secretário Diorges Oliveira.