Após termos fechado o giro pelo interior do Rio Grande do Sul, que em 2024 passou por Erechim (Norte), Bento Gonçalves (Serra), Rio Grande (Sul) e Santa Maria (Região Central), reunimos lideranças em Porto Alegre no dia 9 de dezembro, em reunião-almoço na Fiergs, para o último painel desta segunda temporada do projeto Mapa Econômico do Rio Grande do Sul.
A iniciativa do Jornal do Comércio se propõe a identificar as principais cadeias produtivas nas diferentes regiões do Estado, além de apontar desafios e oportunidades de desenvolvimento econômico.
Na primeira temporada, em 2023, foram identificadas mais de 80 iniciativas relevantes em solo gaúcho, que já são realidade ou que podem se transformar em novas molas propulsoras do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. Neste segundo ano de trabalho, outras dezenas de oportunidades para alavancar o desenvolvimento foram mapeadas.
Com a comparação de dados de um ano para outro, é possível apontar indicadores da economia do Rio Grande do Sul, mostrando, comparativamente, o estágio atual de cada região, seus avanços, aproveitamento de oportunidades bem como pontos que não deslancharam.
Além disso, cabe lembrar que o tema ambiental – que já estava no foco, considerando que buscamos retratar uma economia em transformação, em que um dos pilares é a busca por sustentabilidade – ganhou ainda mais atenção após a tragédia climática que atingiu o Estado.
Assim, dois eixos estão em destaque nos cinco capítulos do Mapa Econômico de 2024:
1) oportunidades de desenvolvimento em uma economia que se transforma em busca de mais sustentabilidade;
2) desafios para a retomada econômica do Rio Grande do Sul após as enchentes de maio.
Neste quinto conteúdo especial da série Mapa Econômico do RS deste ano, o tema volta a se impor, já que a radiografia engloba municípios extremamente afetados pelas cheias de maio, especialmente na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Após a enchente, que deixou um rastro de destruição e problemas nos mais diversos setores, gargalos da infraestrutura pioraram, com novos problemas emergenciais a serem resolvidos.
Felizmente, há também boas notícias nesse período de retomada econômica, como a reconstrução em curso e projetos que foram mantidos.
Alguns dos maiores investimentos do Rio Grande do Sul nos últimos anos foram anunciados para localidades afetadas pelas cheias. A começar por Eldorado do Sul, que teve a maior parte do seu território devastada pela enchente, e que receberá R$ 3 bilhões na primeira fase do projeto da Scala Data Centers, que planeja fazer uma cidade voltada à infraestrutura cada vez mais necessária ao uso da tecnologia e de novas ferramentas como a Inteligência Artificial.
A General Motors (GM) deu início a mais um ciclo de investimentos no complexo automotivo de Gravataí, onde será produzido um novo carro, com aporte de R$ 1,2 bilhão. A CMPC, por sua vez, concluiu o projeto de melhorias ambientais e expansão em sua planta em Guaíba, que poderá vir a produzir um tipo de celulose especial para mercados específicos.
Para além da área industrial, o setor de serviços, que puxa o PIB de Porto Alegre e região, também segue com diversas iniciativas nas áreas da saúde e inovação.
A construção civil, por sua vez, terá muito trabalho para erguer lares às milhares de famílias que perderam suas casas, além das necessárias medidas para a normalização da infraestrutura.
Nesse aspecto, outra notícia trazida por este Mapa é a multiplicação de centros logísticos junto a rodovias, especialmente na Região Metropolitana. O que se observa, mais uma vez, é a diversidade marcante da economia gaúcha, com diversos segmentos concorrendo para o desenvolvimento econômico.
Este trabalho de reportagem e jornalismo de dados mostra também a importância da visão local sobre oportunidades e desafios. O painel realizado na Fiergs reafirmou a retomada plena de operações da pista do Aeroporto Salgado Filho para esta segunda-feira, 16 de dezembro. Com a volta do funcionamento do terminal de Porto Alegre, 24 horas por dia, e o aproveitamento dos 3,2 mil metros da pista, uma série de atividades, como voos internacionais, serão reativadas.
Ainda na área de infraestrutura, o avanço de obras de saneamento básico na Região Metropolitana e no Litoral, além de melhores indicadores ambientais e de saúde, deve gerar investimentos bilionários e alavancar setores como turismo e construção civil.
Uma síntese das demandas e das possibilidades apontadas pelas lideranças ouvidas no painel e identificadas no levantamento de informações com poder público e entidades privadas está detalhada nesta edição do Mapa, com o mapeamento de oportunidades e um raio-x das diversas cadeias produtivas.
O trabalho de pesquisa, cruzamento de dados e centenas de entrevistas é complementado, desta forma, com o conhecimento local. É por isso que realizamos cinco encontros regionais neste ano, um para cada macrorregião em que dividimos o Estado.
A tarefa de radiografar a diversa economia gaúcha é ambiciosa, mas enfrentamos este desafio porque está em linha com o trabalho do JC, o diário de economia e negócios do Rio Grande do Sul.
Seguiremos com essa tarefa em 2025. Com mais dados, será possível cruzar novas informações e trazer mais indicadores da economia do Rio Grande do Sul, tão importantes para um diagnóstico de onde estamos e para poder planejar onde queremos chegar.
Boa leitura!