1. Inovação, Tecnologia e Inteligência Artificial
O papel protagonista da Região Metropolitana e do Vale do Sinos na chamada “indústria de soluções”, que já vem em processo de amadurecimento nesta última década, a partir das cheias e da necessidade das cidades repensarem seus rumos, ganha importância ainda maior. O South Summit, confirmado em Porto Alegre para 2025, atraiu neste ano 138 fundos internacionais, boa parte deles tendo a busca por soluções sustentáveis como pilares de investimentos. O anúncio de aporte de R$ 3 bilhões pela Scala Data Centers para erguer em Eldorado do Sul uma cidade dos data centers representa uma oportunidade de colocar a Região Metropolitana em posição de vantagem no mapa mundial da transição digital, especialmente quando se trata do avanço da Inteligência Artificial. O projeto garante ainda maior força para a atração de data centers dedicados ao processamento de dados em nuvens, que têm no 4º Distrito, em Porto Alegre, um cenário favorável, mesmo após as cheias. A região ainda é sede de importantes universidades e parques tecnológicos, além da fábrica de chips do Ceitec, que receberá investimentos para ser reativada.
2. Impulso para a energia eólica
As regiões Metropolitana e Litoral estão no mapa de crescimento da geração de energia eólica pretendida pelo Estado, e que ganha ainda mais impulso com projetos como os data centers e a produção de hidrogênio verde em perspectiva. Há potencial, entre projetos onshore e offshore, de gerar 14,4 mil MW de energia a partir de parques eólicos na região, ou mais de 20 vezes a atual potência instalada.
3. A potência metalmecânica e a indústria automotiva
Diante do cenário de mudanças na matriz energética também em relação aos combustíveis, uma vez que o setor de transportes é um dos vilões do aquecimento global, apresenta-se uma janela de oportunidades que ganha fortes investimentos na indústria pesada da Região Metropolitana e do Vale do Sinos. A General Motors (GM), por exemplo, já deu largada ao seu plano de investimentos para fabricar um novo modelo em Gravataí, com aporte de R$ 1,2 bilhão. Em Canoas, a AGCO, fabricante de tratores, também investe nesta evolução, e, em Guaíba, há a perspectiva ainda de aportes da Toyota relacionados ao Centro de Distribuição, que passaria a receber modelos híbridos da montadora.
4. Polo de desenvolvimento da aviação
Deve iniciar em 2025 a construção do projeto AeroCiti, em Guaíba, que, além de passar a fabricar aeronaves, pretende, nos próximos anos, tornar o município uma referência no desenvolvimento de tecnologias relacionadas à aviação. Tema latente durante a inundação, que fechou o Aeroporto Salgado Filho – reativado plenamente hoje –, a potencialização deste polo pode representar reforço às iniciativas por aeroportos regionais.
5. Cadeia produtiva da celulose e a silvicultura
No ano em que anunciou o maior investimento privado já feito no Rio Grande do Sul, a CMPC também deu início à operação plena da planta em Guaíba, em um modelo mais moderno e sustentável, o BioCMPC, que tem possibilitado recordes de produção de celulose e de redução de poluentes. A multinacional indica que a produção a partir de Guaíba será reforçada com a futura operação da segunda planta, em Barra do Ribeiro. Mesmo representando um dos principais ativos do Estado na exportação, o ciclo positivo da CMPC impulsiona a produção de papel na região e a silvicultura, também dedicada à extração de resinas no Litoral.
6. Cadeia petroquímica avança na descarbonização
Dois dos principais complexos industriais da região, Triunfo e Canoas, têm a produção petroquímica e a refinaria como grandes contribuintes da economia local. Para seguir fortalecida, a cadeia vive um momento de renovação, com investimentos crescentes em processos e produtos mais sustentáveis.
7. O prestígio do setor coureiro-calçadista
Na trilha pelo avanço da rastreabilidade sustentável dos seus produtos, o Vale do Sinos assume cada vez mais papel de liderança entre as indústrias do calçado e do couro no Brasil. A região lidera no número de empresas e de empregos no setor entre as regiões produtivas do Brasil. É também uma das mais destacadas na exportação. E uma das explicações está neste avanço sustentável. Conforme a Abicalçados, 70% das 101 empresas hoje certificadas pelo Programa Origem Sustentável são gaúchas.
8. Alimentos, bebidas e utensílios
Na região que concentra quase 40% da população gaúcha, a produção de alimentos, bebidas e de utensílios de primeira necessidade tem espaço nobre e reconhecido pelo consumidor muito além dos limites regionais. Com os movimentos internos de migração da população a partir das cheias e com o possível redesenho construtivo de algumas cidades, há oportunidades para novos investimentos neste setor. É o que faz, por exemplo, a Coca-Cola Femsa, que aporta pelo menos R$ 600 milhões na retomada da sua produção em Porto Alegre, após ter sido tomada pela água em maio, ou a Bimbo, fabricante de pães em Gravataí, que prospecta o novo perfil do consumidor entre os arredores da Capital e do Litoral.
9. O agro que faz a diferença
A produção de arroz das regiões Metropolitana e Litoral é marcada pelos diferenciais no mercado, seja pelo maior cultivo de arroz orgânico do País ou pelo produto reconhecido pelo selo de qualidade próprio, do “arroz do litoral”. Há ainda a produção de frutas, especialmente banana e abacaxi, que servem de base para a cadeia industrial de doces da região.
10. Produção de novos combustíveis
Mesmo com alto potencial para a produção de biogás nas regiões de produção rural, a oportunidade para o início do ciclo de produção de biometano, a partir do refino do biogás, surge entre a Região Metropolitana e o Vale do Sinos. Estão nessas regiões as duas primeiras plantas industriais que processarão o GNR no Estado. Também na região, mas na Capital, ganha espaço a produção de hidrogênio verde a partir de água para servir como base à produção de combustível verde para a aviação.
11. Hidrovia é caminho para as exportações
Avança o projeto para construção do Porto Meridional, em Arroio do Sal, no Litoral, com investimento de R$ 1,2 bilhão na primeira fase da iniciativa que, em sua plenitude, deve atrair R$ 6 bilhões em investimentos e movimentar 53 milhões de toneladas de cargas. Será uma oportunidade para transformar a economia da região e abrir mais uma porta do Estado para o exterior. É o que já acontece com a hidrovia interna, que tem na Região Metropolitana o seu eixo mais forte. A maior parte das exportações de Porto Alegre, Triunfo e Guaíba, por exemplo, é escoada por água.
12. Construção civil em alta
Poderia ser chamada de indústria da reconstrução. No pós-cheia, o setor da construção civil está em alta, que, preveem os empresários, deve perdurar por pelo menos dois anos, a partir de uma série de obras estruturais demandadas nas regiões mais atingidas pela inundação. Somente em obras de contenção às cheias, são projetados R$ 6,5 bilhões em investimentos públicos. E há ainda o aquecimento do mercado imobiliário nas regiões Metropolitana, Vale do Sinos e, especialmente, Litoral, que viveu, durante as cheias, mais um boom populacional.
13. Saneamento e rodovias
Entre os investimentos estruturais que resultarão em ganhos importantes para a economia da região nos próximos anos estão os avanços em relação ao tratamento de esgoto e distribuição de água que, nos últimos dois anos, representam quase R$ 300 milhões em investimentos da Aegea/ Corsan entre as Regiões Metropolitana e Litoral, e as obras de melhorias de rodovias fundamentais para a produção e a circulação de pessoas nas regiões. São projetados até R$ 4,7 bilhões em investimentos entre rodovias federais e estaduais nos próximos anos.
14. Centros logísticos avançam
O risco de isolamento provocado pela inundação de maio acendeu o alerta das empresas do setor de logística para aumentarem ainda mais a sua capilarização ao redor da Região Metropolitana, onde se concentra a maior parte dos destinos das cargas e compras. Cidades como Gravataí, Guaíba e Nova Santa Rita serão ainda mais fortalecidas pelos investimentos do setor nos próximos anos.
15. Polo de saúde e serviços
O polo de saúde da Região Metropolitana, que já tem os serviços como um diferencial, inclusive atraindo pacientes de outras regiões do País, agora também abre as portas para o potencial econômico da indústria do setor. A formação de pelo menos dois hubs, em Viamão e Guaíba, está no horizonte.
16. A retomada do turismo
Diretamente atingido pelas cheias, o setor do turismo reinventa-se nas regiões. Com o mote dos 200 anos da imigração alemã, o Vale Germânico, que reúne nove municípios do Vale do Sinos, diversifica seus roteiros. No Litoral, onde as praias são naturalmente um atrativo, a diversidade também está sendo buscada, com as lagoas e a atração de esportes náuticos para a região. A reabertura do Aeroporto Salgado Filho foi decisiva para reavivar o turismo de negócios e eventos entre Porto Alegre e a região.