Uma frente no setor da construção pesada tem alta demanda por concreto e relação íntima com planos de desenvolvimento, tanto na Região Metropolitana quanto no Litoral. As obras de saneamento, que já avançavam antes da cheia, agora têm uma forte retomada. Conforme a Aegea/Corsan, são investidos R$ 160 milhões em obras de saneamento entre a Região Metropolitana e o Litoral Norte neste ano. Em 2023, foram outros R$ 137 milhões. Essencialmente, são projetos que ampliam o alcance das redes coletoras e do tratamento de esgoto.
Já foram concluídas neste ano, por exemplo, obras em reservatórios e em estações de bombeamento e de tratamento entre Eldorado do Sul, Cachoeirinha e Viamão. Há, no entanto, 26 projetos em andamento entre 14 municípios das duas regiões.
O peso do setor de saneamento para a construção impacta não somente em obras de redes, galerias ou reservatórios. Tem reflexos no setor imobiliário, devido à melhor infraestrutura.
Entre as três regiões retratadas neste capítulo do Mapa Econômico do RS, o Litoral Norte é a que mais captura ou neutraliza as emissões de gases de efeito estufa. Conforme o Sistema de Estimativa de Emissão de Gases (SEEG), do Observatório do Clima, enquanto a média do Estado era de 14,1% em 2022, no Litoral, este índice chegou a 21%. Para que se tenha uma ideia, o Vale do Sinos neutraliza apenas 1,3% do volume de gases emitidos. A tendência é que a região das praias se torne ainda mais limpa e valorizada no futuro.
É que, conforme o levantamento do SEEG, o grande vilão entre as 2,5 Mt de gases emitidos no Litoral é justamente a falta de saneamento básico, com a decomposição do esgoto sanitário sem tratamento. Em Imbé, as emissões por falta de saneamento aumentaram 32% entre 2016 e 2022. Em Xangri-Lá, o salto entre 2018 e 2022 foi de 130%. Em média, entre Tramandaí, Torres, Capão da Canoa, Imbé e Xangri-Lá, o saneamento responde por 30% das emissões. Os cinco municípios, em média, neutralizam só 5% do que emitem.
O avanço da construção civil, mesmo que represente maior adensamento populacional, pode ser um aliado para a redução dos efeitos do aquecimento, justamente porque o principal alicerce deste avanço está nas obras de saneamento. A Aegea/Corsan já iniciou o seu plano de investimentos de R$ 550 milhões na região até 2033 para a expansão dos serviços de abastecimento e tratamento de água, sendo R$ 84 milhões neste ano. As obras já garantiram quase 1,8 mil novas ligações à rede de esgoto em Torres, município que menos neutraliza seus gases.
Obras de saneamento em andamento
- A Aegea/Corsan investe R$ 160 milhões neste ano entre as regiões Metropolitana, Vale do Sinos e Litoral. Em 2023, foram investidos outros R$ 137 milhões
- São 14 obras de saneamento em andamento entre Alvorada, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Gravataí, Guaíba e Viamão
- São cinco obras de saneamento em andamento entre Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul
- São sete obras de saneamento em andamento entre as praias de Cidreira, Imbé, Torres, Tramandaí, Xangri-Lá.
- Outros três projetos entre Eldorado do Sul, Cachoeirinha e Viamão foram concluídos neste ano
FONTE: AEGEA/CORSAN.
Dados sobre emissões
- As regiões Metropolitana, Vale do Sinos e Litoral representam 36,5% do PIB do RS, 37,3% da população do Estado e respondem por 12,4% das emissões de gases do efeito estufa.
- Somente 8,8% dos gases emitidos nas regiões são capturados ou neutralizados, bem abaixo da média de 14,1% de captura no Rio Grande do Sul.
- A Região Metropolitana é a que mais emite gases, e o transporte é o grande vilão.
- O Vale do Sinos é a região de todo o Estado que menos captura ou neutraliza os gases, só 1,3%
- O Litoral é a região que mais captura gases, 21,03%
Municípios que mais emitem
Canoas 3 Mt
Porto Alegre 2,4 Mt
Viamão 796 kt
Gravataí 605,1 kt
Santo Antônio da Patrulha 528,6 kt
Municípios que mais capturam
Viamão 202 kt
Mostardas 154,6 kt
Santo Antônio da Patrulha 110,3 kt
Palmares do Sul 83 kt
Triunfo 77,8 kt
FONTE: SEEG 2022.
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