Mapa Econômico do RS
- Publicada em 24 de Novembro de 2023 às 18:48Guaíba pode sediar novo porto no Rio Grande do Sul
Terminal poderá servir para cargas de celulose e papel; também está previsto um estaleiro
CMPC/DIVULGAÇÃO/JC
Eduardo Torres
Entre as regiões Metropolitana, Vale do Sinos e Centro-Sul, há uma grande “estrada” com 159,2 quilômetros, que se somam a outros 258,3 quilômetros rumo à exportação. E o caminho é pela água, entre as hidrovias do Caí, Gravataí, Sinos e Lago Guaíba, e ainda, da Lagoa dos Patos.
Não é coincidência que os três principais municípios exportadores entre essas regiões – Porto Alegre (grãos), Guaíba (celulose) e Triunfo (polímeros) – tenham os seus terminais portuários como a porta de saída da produção.
Além do porto da capital gaúcha, que é administrado pela Portos RS, há outros nove terminais privados em operação na região. Somente na operação da CMPC, entre Guaíba e os portos de Pelotas e de Rio Grande, a estimativa da empresa é de que 100 mil viagens de caminhão – evitando o lançamento de 56 mil toneladas de CO2 na atmosfera – deixam de ser feitas a cada ano.
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Quem está atento a essa oportunidade é o engenheiro naval Alberto Bins Difini, diretor da empresa Petrosul, que desde os anos 1960 opera com barcos nas hidrovias do Rio Grande do Sul. Depois de uma década, finalmente está saindo do papel o plano de criar um novo porto, com um estaleiro, à beira do lago no município de Guaíba.
“Depois de muito pesquisarmos, encontramos a área ideal, com 67,9 hectares e quase 1 quilômetro de faixa de praia, em uma espécie de baía, bastante próxima ao terminal da CMPC. Guaíba é o local perfeito para as nossas intenções que, inicialmente, são de um empreendimento para o estaleiro, o conserto e fabricação de barcos, mas é uma área muito extensa, por isso, avançamos para a criação de um complexo naval, com investimentos que poderão chegar a R$ 500 milhões. Claro, será um projeto que dependerá de parceiros que vão operar a parte portuária e já estão encaminhados”, explica Difini.
Por terra, já há a garantia de construção de uma nova rótula pelo governo municipal, criando uma espécie de anel viário, que evitará o fluxo de cargas dentro da zona urbana de Guaíba. A perspectiva, explica o empresário, é que o futuro porto seja uma alternativa para o transporte de grãos e produtos industriais. O único além de Porto Alegre na região do Lago Guaíba.
“Serão muitas vantagens em relação a Porto Alegre, por exemplo. É um transtorno para caminhões de carga transitarem pelas ruas de uma capital para chegarem ao porto, além da eficiência na gestão privada de um novo terminal com a mesma capacidade. O transportador vai pagar menos e a carga será transportada em menos tempo”, garante o engenheiro.
O melhor exemplo está logo ao lado. A CMPC investiu em terminais próprios em Pelotas – de onde vêm para Guaíba a madeira colhida em mais de 70 municípios gaúchos – em Guaíba. Nesta rota, afirma a diretora de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade da CMPC, Sharon Bicca Treiguer, são transportadas 95% da celulose produzida pela fábrica e chegam 20% da madeira que movimenta a produção. Somente a CMPC responde por 44% de todas as cargas transportadas pelas hidrovias gaúchas.
“A hidrovia já era um modal utilizado desde 1972, e temos aprimorado, inclusive com a apresentação no ano passado de uma manifestação de interesse privado ao governo estadual para investirmos, em conjunto com a Neptune Ports, para modernizar e aumentar a eficiência na operação no Porto de Rio Grande. Em 2022, movimentamos 1,8 milhão de toneladas de celulose e 1,2 milhão de metros cúbicos de madeira por essa via”, explica Sharon.
“A hidrovia já era um modal utilizado desde 1972, e temos aprimorado, inclusive com a apresentação no ano passado de uma manifestação de interesse privado ao governo estadual para investirmos, em conjunto com a Neptune Ports, para modernizar e aumentar a eficiência na operação no Porto de Rio Grande. Em 2022, movimentamos 1,8 milhão de toneladas de celulose e 1,2 milhão de metros cúbicos de madeira por essa via”, explica Sharon.
Os projetos para construção do porto e do estaleiro em Guaíba estão em processo de licenciamento, com aportes que já chegam a R$ 12 milhões. O projeto prioritário, este com investimento somente da Petrosul, que deve chegar a R$ 15 milhões, é a criação do estaleiro. A expectativa de Difini é de que em 2025 já seja possível operar no local com uma capacidade de até 20 navios por ano em reparos. A empresa já tem prospectado possíveis contratos, inclusive, para a construção de embarcações em Guaíba.
“É uma necessidade da nossa empresa e de praticamente todos que operam na hidrovia. Todos os anos precisamos trocar dois ou três navios, mas nunca de maneira adequada. O tempo de espera hoje, no único estaleiro em toda a Região Metropolitana, chega a 72 horas. É algo que, para muitos, inviabiliza os negócios”, explica o empresário.
Somente com o estaleiro, serão gerados pelo menos 50 empregos, mas a expectativa é de que, com a concretização de todo o projeto, o perfil econômico de Guaíba tenha mais um impacto transformador.
Terminal garante fluxo de produtos do Polo Petroquímico de Triunfo
Rio acima, no Caí, o Terminal Santa Clara é a solução para a Braskem, no Polo Petroquímico de Triunfo. Uma movimentação vital para a garantia do ritmo de produção. “Boa parte da produção é exportada, e sai pelo Terminal Santa Clara rumo a Rio Grande. Ao mesmo tempo, retorna de lá outra embarcação com insumos. É uma operação diária. Se dependêssemos das rodovias, haveria problemas ou mais custos. Porque a capacidade de armazenamento no polo é de apenas cinco dias. Não podemos esperar pelo ritmo e as condições das estradas, mas dependemos das dragagens constantes e boa conservação das hidrovias”, diz o gerente de Relações Institucionais da Braskem, Daniel Fleischer.
No terminal de Triunfo, o transporte de contêineres, operado pela Tecon, registrou em março deste ano a maior movimentação da sua história, com 2,5 mil contêineres transportados. A estimativa de Alberto Bins Difini é de que um navio pequeno tira da estrada até 120 caminhões.
Caminho pelos rios
Terminal garante fluxo de produtos do Polo Petroquímico de Triunfo
Rio acima, no Caí, o Terminal Santa Clara é a solução para a Braskem, no Polo Petroquímico de Triunfo. Uma movimentação vital para a garantia do ritmo de produção. “Boa parte da produção é exportada, e sai pelo Terminal Santa Clara rumo a Rio Grande. Ao mesmo tempo, retorna de lá outra embarcação com insumos. É uma operação diária. Se dependêssemos das rodovias, haveria problemas ou mais custos. Porque a capacidade de armazenamento no polo é de apenas cinco dias. Não podemos esperar pelo ritmo e as condições das estradas, mas dependemos das dragagens constantes e boa conservação das hidrovias”, diz o gerente de Relações Institucionais da Braskem, Daniel Fleischer.
No terminal de Triunfo, o transporte de contêineres, operado pela Tecon, registrou em março deste ano a maior movimentação da sua história, com 2,5 mil contêineres transportados. A estimativa de Alberto Bins Difini é de que um navio pequeno tira da estrada até 120 caminhões.
Caminho pelos rios
* São 159,2 quilômetros de navegação possível entre o Guaíba, Sinos, Gravataí e Caí, além de outros 258,3 quilômetros na Lagoa dos Patos.
* As hidrovias são a principal rota de saída dos produtos que garantem os resultados positivos nas exportações de Porto Alegre, Guaíba e Triunfo.
* As regiões têm 8 entre os 20 principais municípios exportadores do Rio Grande do Sul entre janeiro e setembro de 2023.
Os principais terminais portuários da região
* Porto de Porto Alegre
* Terminal Santa Clara (Triunfo)
* Terminal CMPC (Guaíba)
* Terminais de gás e de grãos de Canoas
* Terminal Santa Clara (Triunfo)
* Terminal CMPC (Guaíba)
* Terminais de gás e de grãos de Canoas
Fonte: Portos RS
Os maiores municípios exportadores
* Porto Alegre é 3º maior exportador do RS no ano: 77% das exportações de grãos e 6,2% de partes de automóveis.
* Guaíba é 5º maior exportador do RS no ano: 91,3% das exportações de pastas químicas de madeira e papel.
* Triunfo é 6º maior exportador do RS no ano: 74,3% das exportações de polímeros e 22,5% de éteres e hidrocarbonetos.
* Gravataí é 10º maior exportador do RS no ano: 55% das exportações de automóveis e partes de automóveis; 20% de condensadores elétricos e máquinas; 13% de pneus e borrachas.
* São Leopoldo é 11º maior exportador do RS no ano: 45% das exportações ferramentas pneumáticas, aparelhos mecânicos e 35% de armas de fogo.
* Canoas é 14º maior exportador do RS no ano: 56% das exportações tratores, partes e acessórios de veículos, 13,7% de coque de petróleo e óleos de origem do petróleo e 10% de transformadores e refrigeradores.
* Sapiranga é 18º maior exportador do RS no ano: 90% das exportações de calçados e partes de calçados.
* Novo Hamburgo é 19º maior exportador do RS no ano: 55% das exportações de calçados e partes de calçados e 21% de couros.
* Charqueadas é 23º maior exportador do RS no ano: 100% das exportações de produtos de aço.
* Guaíba é 5º maior exportador do RS no ano: 91,3% das exportações de pastas químicas de madeira e papel.
* Triunfo é 6º maior exportador do RS no ano: 74,3% das exportações de polímeros e 22,5% de éteres e hidrocarbonetos.
* Gravataí é 10º maior exportador do RS no ano: 55% das exportações de automóveis e partes de automóveis; 20% de condensadores elétricos e máquinas; 13% de pneus e borrachas.
* São Leopoldo é 11º maior exportador do RS no ano: 45% das exportações ferramentas pneumáticas, aparelhos mecânicos e 35% de armas de fogo.
* Canoas é 14º maior exportador do RS no ano: 56% das exportações tratores, partes e acessórios de veículos, 13,7% de coque de petróleo e óleos de origem do petróleo e 10% de transformadores e refrigeradores.
* Sapiranga é 18º maior exportador do RS no ano: 90% das exportações de calçados e partes de calçados.
* Novo Hamburgo é 19º maior exportador do RS no ano: 55% das exportações de calçados e partes de calçados e 21% de couros.
* Charqueadas é 23º maior exportador do RS no ano: 100% das exportações de produtos de aço.
Fonte: Ministério do Comércio Exterior