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Mapa Econômico do RS

- Publicada em 23 de Novembro de 2023 às 20:44

Sustentabilidade da indústria petroquímica em Triunfo passa pelo plástico verde

Braskem investiu R$ 100 milhões no Centro de Tecnologia e Inovação no Polo Petroquímico de Triunfo

Braskem investiu R$ 100 milhões no Centro de Tecnologia e Inovação no Polo Petroquímico de Triunfo


JEFFERSON BERNARDES/AGÊNCIA PREVIEW/DIVULGAÇÃO/JC
Já imaginou uma plantação de cana-de-açúcar entre o emaranhado de máquinas e processos industriais do Polo Petroquímico de Triunfo? Pode parecer estranho, mas fazia parte dos primeiros passos dos pesquisadores da Braskem, em 2008, no projeto que colocaria, ainda hoje, a planta industrial da empresa no protagonismo mundial da indústria química sustentável.
A comprovação de que o eteno verde, criado a partir daquela cana-de-açúcar, portanto, 100% renovável, poderia ser processado em polietileno verde (plástico verde) aconteceu em 2010.
“Ainda é a única planta com essas características no mundo inteiro. Estamos na vanguarda, com a produção e as vendas do eteno verde em crescimento, mas também poderemos nos tornar, em breve, exportadores de tecnologia. Há interesse na instalação de plantas de produção de eteno verde como a nossa em outros lugares do planeta”, conta o gerente de Relações Institucionais da Braskem, Daniel Fleischer.
Para que se tenha uma ideia, cada tonelada da resina de eteno verde remove 3 toneladas de CO2 da atmosfera. Desde o início da operação a pleno da planta específica do plástico verde, quase 4 milhões de toneladas de CO2 deixaram de ser lançadas na atmosfera.
“São mais de 200 marcas que hoje têm o eteno verde produzido no Rio Grande do Sul na base dos seus produtos. São marcas como a Tetrapak, Johnson & Johnson”, aponta Fleischer.
Recentemente, a empresa finalizou um investimento de R$ 450 milhões que ampliou a capacidade de produção do eteno verde, saltando de 200 para 260 mil toneladas do produto por ano.
E a produção segue com capacidade plena e com destino, em boa parte, internacional. É uma demanda alta em lugares como o Japão e os países europeus. A meta da empresa é bastante arrojada. Dentro da política de descarbonização da produção, pretende-se chegar a 1 milhão de toneladas do eteno verde produzidas por ano já em 2030, mas sem novos investimentos previstos na planta gaúcha. Há pelo menos uma parceria internacional já firmada para uma planta de eteno verde na Tailândia.
Mas a produção de resinas a partir de matéria prima 100% renovável ainda não representa a maior parte da produção na indústria química que assumiu o complexo industrial da antiga Copesul em 2007.
A cada ano, a planta industrial da Braskem tem capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de produtos químicos. O principal destes produtos são as resinas termoplásticas (que dão origem ao plástico tradicional), representando uma capacidade instalada de 2 milhões de toneladas ao ano.


Como funciona o Polo Petroquímico de Triunfo

Não se trata de uma produção isolada, mas de um polo. Além da Braskem, outras cinco indústrias operam no complexo de Triunfo: Arlanxeo, GS Inima Brasil, Innova, Oxiteno e White Martins.
Ao todo, são 8,3 mil pessoas trabalhando no Polo Petroquímico gaúcho. Ou 30% da população do município, que tem um dos maiores PIBs do Estado, de R$ 7,2 bilhões. O polo garante 95% da arrecadação de ICMS industrial de Triunfo e faz do município o sexto maior exportador do Rio Grande do Sul em 2023.
A produção dentro do Polo Petroquímico é em cadeia. A primeira etapa deste processo é feita somente pela Braskem, que recebe em Tramandaí, no Litoral, a nafta (derivado de petróleo) adquirida de até 60 fornecedores.
O caminho da costa à Região Metropolitana é feito por uma rede de dutos com mais de 120 quilômetros. O produto chega à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, onde é armazenado e redirecionado, novamente por 60 quilômetros de dutos, até Triunfo.
Em duas unidades, a olefinas 1 e 2, a nafta é processada na primeira fase de transformação, e os gases deste processamento dão início à segunda etapa da produção, que é a polimerização, realizada também por outras empresas do polo. Geram polietileno e polipropileno. São essas resinas que a Brskem comercializa como base para produtos plásticos e outros processos, como a produção de tecidos e até a indústria metalmecânica.
De acordo com Fleischer, somente no Rio Grande do Sul a cadeia tem sequência, com até 1,3 mil empresas.
 

Importação e desequilíbrio na tributação desafiam indústria gaúcha

Daniel Fleisher, da Braskem, citou oportunidade para produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul

Daniel Fleisher, da Braskem, citou oportunidade para produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul


TÂNIA MEINERZ/JC
Um desafio para a cadeia petroquímica gaúcha é o desequilíbrio fiscal na importação de polietileno e polipropileno dos Estados Unidos e Arábria Saudita, especialmente a partir da Zona Franca de Manaus, e que acabam fornecendo matéria-prima inclusive para as empresas que hoje estão dentro do Polo Petroquímico de Triunfo.
Para que se tenha uma ideia, depois de registrar um faturamento de R$ 2,1 bilhões em 2021, a Braskem viu os números desabarem para R$ 985 milhões no ano passado e a perspectiva é de redução ainda maior em 2023.
“Estamos produzindo a maior parte do ano com apenas 60% da nossa capacidade. Há uma desigualdade fiscal e no custo da produção. Nos Estados Unidos, por exemplo, a base para gerar as resinas não é a nafta, mas o xisto, que é mais barato”, explica o gerente de Relações Institucionais da Braskem, Daniel Fleischer.
O processo de produção do eteno verde é semelhante, com a diferença da origem da produção da matéria-prima, que chega a Triunfo em cargas rodoviárias de cana-de-açúcar. Por sinal, essa foi uma das oportunidades citadas no painel Mapa Econômico do RS, realizado em Porto Alegre: a produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul, para abastecer a fabricação de plástico verde.
Outro traço comum entre a produção das resinas tradicionais e do eteno verde está na pesquisa para garantir um produto mais sustentável. Nos últimos anos, mais de R$ 100 milhões foram investidos na estrutura e em equipamentos mais avançados ao Centro de Tecnologia e Inovação (CTI) da Braskem. Neste local, são 160 funcionários dedicados no desenvolvimento de materiais mais resistentes e ambientalmente comprometidos.
“Temos um objetivo muito claro de reduzir a quantidade de resíduos plásticos descartados incorretamente, fomentar a economia circular e de garantir a maior reciclabilidade possível. Hoje, posso dizer que o CTI é responsável pela movimentação de diversas cadeias produtivas que vão além daquelas já movimentadas pela nossa produção. Saem dali soluções que vão ser aplicadas na indústria depois”, define Fleischer.
Por isso, a indústria conta com a produção de resinas PCR, a partir da reciclagem do plástico tradicional. É o caso, por exemplo, da produção da Melissa. Todo o PCR da produção das sandálias que são vendidas na Europa com o selo de origem reciclada sai da Braskem, em Triunfo.


A economia em torno do Polo Petroquímico de Triunfo
* O Polo Petroquímico, com seis indústrias instaladas, responde por 95% da arrecadação de ICMS industrial de Triunfo.
* No complexo industrial, a Braskem produz o único eteno verde de origem 100% sustentável no mundo.
* A Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) responde por 82% de toda a arrecadação de ICMS industrial de Canoas, com o processamento 32 mil metros cúbicos diários de petróleo


Núcleos da produção petrolífera e química na Região Metropolitana e Litoral
* Triunfo
* Canoas
* Tramandaí
* Porto Alegre
* Gravataí
* Cachoeirinha
* Novo Hamburgo
* Campo Bom
* Portão
Fonte: Investe RS