A paisagem é simbólica. O Rio Taquari circunda a planta industrial da Dexco, que acabou representando um foco de resistência durante as cheias de 2023 e deste ano. A cheia do rio atingiu a margem oposta à fábrica, que paralisou sua produção por um período, mas logo retomou e representa agora um dos fortes aspectos da recuperação da economia local.
Da planta industrial que opera em Taquari desde a década de 1970 saem painéis em MDP, e também em MDF – estes, produzidos em outras unidades – que abastecem o polo moveleiro gaúcho, que tem sido um dos motores da recuperação da economia gaúcha.
"Estamos com 100% da nossa capacidade fabril demandada, e no mercado interno brasileiro, o polo moveleiro gaúcho absorve praticamente toda a produção. Hoje, temos condições de atender a qualquer categoria de painel exigida pelo setor", explica o gerente da fábrica da Dexco em Taquari, Luís Gustavo Giangrossi.
Na fábrica, são produzidos o MDP e o painel revestido com MDP, decorado. Material produzido a partir de partículas de madeira de diferentes tamanhos, menos denso e mais resistente do que o MDF, ideal para móveis planejados e ambientes internos.
De acordo com Giangrossi, 20% da produção local é destinada à exportação, na sua maior parte para as indústrias do próprio grupo empresarial, na Colômbia, e demais países da América do Sul, e este mercado está em alta.
Os painéis produzidos pela Dexco representam 91% das exportações do município de Taquari. Entre janeiro e setembro deste ano, foram US$ 28,4 milhões em vendas ao exterior, representando quase 25% a mais do que o volume exportado no ano passado.
É resultado direto do investimento promovido pela empresa no ano passado, que qualificou o produto da Dexco com o chamado padrão E1, com redução de emissão do formaldeído – uma substância alergênica presente na cola de painéis –, adequando-se aos padrões mais rigorosos do setor de construção mundial.
"Foi um investimento pensando na qualificação e sustentabilidade do produto. Essa é uma prioridade na nossa empresa. Neste caso, atuamos na melhoria do produto em relação à saúde dos consumidores. E, em relação ao impacto da nossa produção e dos nossos produtos, temos uma meta de atingirmos o resíduo zero até 2025 e de sermos uma empresa carbono positivo, com maior captura do que emissão, no balanço entre 2020 e 2030", explica o gerente.
Plantio de pinus e eucalipto movimenta a economia do município de Taquari
E a busca dessas soluções é toda local. Os painéis são produzidos em um misto entre toras de pinus e de eucalipto, todos plantados em Taquari ou na região. A Dexco mantém plantios próprios e contratos de fomento para áreas plantadas com 600 produtores locais.
De acordo com dados da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), no Vale do Taquari são 61,7 mil hectares plantados, sendo 56,4 mil de eucaliptos e outros 5,2 mil de pinus. Somados, os Vales do Taquari, Rio Pardo, Jaguari e Jacuí Centro representam 23,5% de toda a área de silvicultura no Rio Grande do Sul.
No Vale do Taquari, mesmo não sendo a região de maior presença de plantios de eucalipto e pinus, estão os cinco municípios com maior parte dos seus territórios ocupados por silvicultura. Taquari tem 26,1% da sua área territorial ocupada com 12,1 mil hectares de plantios.
"Temos um sistema de rastreabilidade de toda a nossa matéria-prima, em um processo todo digitalizado, de ponta a ponta", detalha Luís Gustavo Giangrossi. Há ainda o estímulo ao uso, na fábrica, de resíduos da fabricação de pellets da região. Estes materiais são selecionados e alimentam a composição dos painéis. Entre 18% e 20% do produto tem origem na reciclagem. A energia usada na produção já é 100% renovável, com o uso das cascas das toras para alimentar a caldeira, por exemplo.
A relação com o rio, vizinho da Dexco, vai além. Desde 2017, a empresa aproveita a hidrovia, tendo o terminal portuário de Triunfo como ponto de partida, para escoar a produção. Essa mudança logística, com as barcaças, reduziu a necessidade de frete rodoviário, por exemplo, para o transporte de cargas até Rio Grande, de 400 para 70 quilômetros.
Silvicultura nas Regiões Central e Vales
Total de plantios de eucalipto, pinus e acácia negra por município:
* Cachoeira do Sul: 20,2 mil hectares de área plantada
* Pantano Grande: 15,1 mil hectares de área plantada
* Taquari: 12,1 mil hectares de área plantada
* Cacequi: 11,07 mil hectares de área plantada
* Rio Pardo: 10,1 mil hectares de área plantada
Área plantada x Área total do município
* Tabaí: 34,9%
* Taquari: 26,1%
* Paverama: 23,3%
* Poço das Antas: 19,8%
* Doutor Ricardo: 14,9%
Fonte: Ageflor, 2022
* Cachoeira do Sul: 20,2 mil hectares de área plantada
* Pantano Grande: 15,1 mil hectares de área plantada
* Taquari: 12,1 mil hectares de área plantada
* Cacequi: 11,07 mil hectares de área plantada
* Rio Pardo: 10,1 mil hectares de área plantada
Área plantada x Área total do município
* Tabaí: 34,9%
* Taquari: 26,1%
* Paverama: 23,3%
* Poço das Antas: 19,8%
* Doutor Ricardo: 14,9%
Fonte: Ageflor, 2022