Estrela atrai instalação de novas empresas após inundações

Entre 2020 e 2021, cidade experimentou um crescimento superior a 20% no PIB

Por Eduardo Torres

Duplicação da BR-386 ajuda projetos estratégicos a saírem do papel
Quem vê a Padaria Bruxel funcionando em um novo endereço, em Estrela, no Vale do Taquari, desta vez mais distante do rio, tão pouco tempo depois da tragédia das cheias de maio, tem uma amostra do que tem motivado o município que, entre 2020 e 2021, experimentou um crescimento superior a 20% no PIB, nesta retomada.

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Recomeço impõe parâmetros a cidades

Mapa Econômico Padaria Bruxel - Estrela
No caso da Padaria Bruxel, o primeiro baque aconteceu em setembro. Depois da água invadir o negócio, o proprietário Luiz Ângelo Bruxel tratou de recuperar as instalações, a algumas quadras das margens do Rio Taquari.
"Fizemos uma reforma, erguemos piso, recuperamos móveis. E quando estávamos recuperados, chegou a cheia de novembro, com menor volume, aí conseguimos retirar os móveis novos e preservar o maquinário, mas o piso estragou e precisou ser novamente trocado. Foram mais 10 dias para voltarmos a atender. E aí aconteceu a enchente de maio. Achávamos que estávamos preparados, erguemos tudo e até conseguimos tirar alguns materiais antes da água chegar, mas os maquinários, mais pesados, não teve como tirar, e perdemos em torno de 80% da matéria-prima. O estrago foi total, com um prejuízo nesse período em torno de
R$ 750 mil", lamenta Bruxel.
A água, que nas outras oportunidades havia entrado na padaria, desta vez, ultrapassou ela. Ficou 1,5 metro acima do teto. Entre as cheias, quatro pessoas morreram em Estrela. "Quando conseguimos entrar no que sobrou da padaria, foi uma decepção total. Moro desde 1971 em Estrela e nunca tinha visto nada parecido. Em 16 de maio, completamos 30 anos de padaria, e eu pensei em desistir, mas o meu irmão me convenceu a buscarmos um novo endereço, no Centro, e a mobilização de todos na comunidade para nos ajudarem foi incrível. Eu não poderia deixar os 29 funcionários na mão. Então mobilizamos técnicos para recuperarem as máquinas e montamos uma nova padaria, que já tem excelentes resultados nestes primeiros meses", garante o empresário.
No dia 26 de maio, menos de um mês depois da cheia, como um símbolo da reação de Estrela, a padaria estava reaberta no novo endereço. "Estamos trabalhando muito para entendermos que o mundo mudou. Não só com a busca de experiências de lugares que enfrentaram riscos de cheias, mas também pensando em um novo modelo de cidade, mais sustentável. Hoje temos, por exemplo, a maior ciclovia do Brasil, entre Estrela e Imigrante. É uma demonstração da cidade do que queremos a partir da tragédia", valoriza o prefeito de Estrela, Elmar Schneider.
Experiência ainda mais traumática foi vivida em Cruzeiro do Sul. Entre os eventos de 2023 e 2024, foram 18 vítimas fatais. Ao lado de Roca Sales e Muçum, foi o município com o maior registro de mortes. De acordo com o prefeito João Henrique Dullius, foram R$ 230 milhões em prejuízos e o impasse sobre o futuro do município.
"A cidade do futuro precisa ser erguida em um local mais seguro, não podemos arriscar um recomeço no mesmo lugar. Enquanto trabalhamos para realojar as famílias atingidas, estamos trabalhando nesse novo planejamento de Cruzeiro do Sul. Queremos ser uma atração a novos investimentos na área da construção, com novos conceitos e com segurança para todos", comenta o prefeito.
 

Nova alternativa logística

  • Estrela concentra dois novos centros logísticos: Betiolo (Centro de Distribuição do Mercado Livre, Posto SIM, locadora de veículos, usina de asfalto da CCR ViaSul e Centro de Distribuição do Grupo Passarela) e 386 Business Park (Medical San, Casa Nostra, posto de combustíveis, STW Tecnologia).
  • Município encampou a área portuária, onde a Nutritec concentra investimentos em armazenagem, para retomar o potencial hidroviário a partir do Rio Taquari, e também o aeródromo local.
  • Município estima movimentar R$ 1 bilhão em uma década com novos investimentos.