Usina de etanol de trigo será inaugurada em dezembro em Santiago

Produção de álcool no Vale do Jaguari, pioneira no Rio Grande do Sul, tem como prioridade a indústria de bebidas

Por Eduardo Torres

Projeto, que deve superar aporte de R$ 100 milhões, atende demanda gaúcha por biocombustíveis
A primeira usina gaúcha a sair do papel e produzir etanol a partir do trigo toma forma em Santiago, na Região Vale do Jaguari. Em fase adiantada de obras - que precisaram ser prorrogadas em virtude das cheias de maio -, o empreendimento da CB Bioenergia, liderada por um grupo de produtores rurais da região, deve iniciar sua produção em dezembro, cinco meses depois do prazo inicialmente previsto. O investimento que deve ultrapassar os R$ 100 milhões entre 2023 e 2024.

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A cidade dos 'pilas' sustentáveis

De acordo com o prefeito de Santiago, Tiago Lacerda, a intenção é que a nova usina reforce uma vocação da cidade para ser um polo comercial do agro, com máquinas, corretoras e suporte ao produtor. No radar imediato, Lacerda antecipa que há investimentos imobiliários para implementar indústrias e serviços como a qualificação na educação. "Criamos há quatro anos um projeto único para garantirmos a economia circular para os resíduos gerados aqui, que é o pila verde. Os moradores são incentivados a entregar o lixo orgânico, que vai para uma grande composteira e vira fertilizante com um processo de aceleração biológica desenvolvido no município. E, no ano passado, iniciamos também o pila azul, para a entrega de recicláveis."
Cada cinco quilos de resíduo orgânico entregue à compostagem resulta em um pila verde, que pode ser trocado por produtos na feira dos produtores locais, na praça da cidade. E os produtores podem trocar os seus pilas pelo fertilizante desenvolvido no município. O projeto já foi visitado pela FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e, neste ano, fez parte do levantamento Municípios Agroecológicos e Políticas de Futuro, feito pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Até o começo deste ano, o "pila verde" já resultou em 600 toneladas de material recolhido e transformado.