A tão esperada duplicação da RSC-287, que liga o Centro do Estado à Região Metropolitana, deveria ter iniciado em maio, a partir de dois pequenos trechos, cada um com dois quilômetros, em Tabaí e em Santa Cruz do Sul. No mês em que previa estar com as máquinas na pista, a concessionária Rota Santa Maria utilizou-as para garantir a retomada do fluxo seguro da maneira como era possível após a catástrofe provocada pelas cheias.
Segundo o diretor geral da concessionária, Leandro Conterato, a pista ficou totalmente interditada, com 13 pontos apresentando danos totais. Quatro deles, considerados os mais críticos: em Mariante, a pista ficou submersa por 10 quilômetros, tendo sido parcial ou totalmente destruída por 5 quilômetros; em Candelária, um dos vãos da ponte sobre a várzea do Rio Pardo ficou desestabilizado e a solução nestes dois trechos foi criar caminhos provisórios laterais aos originais. Houve, ainda, duas pontes que desabaram e, nestes casos, em Santa Maria, o Exército apoiou com pontes móveis.
"Na primeira semana de junho, a rodovia estava reconectada. A partir daí, começamos as ações para a recuperação definitiva, já com novos parâmetros de resiliência e dentro do nosso projeto de duplicação, com novas soluções de engenharia que foram apresentadas ao Estado", explica Conterato.
Até o início de setembro, a concessionária contabilizava ter gasto R$ 40 milhões nas obras emergenciais, e para a recomposição, há uma estimativa de chegar a R$ 200 milhões. Até o final deste ano, a Rota Santa Maria projeta desembolsar outros
R$ 50 milhões em investimentos.
Já houve um acordo com o governo estadual para postergar a entrega dos primeiros trechos duplicados, agora com um cronograma que se estende até agosto de 2025. A proposta da concessionária, que deve ter uma definição até novembro, é de que os quatro trechos considerados críticos durante as cheias sejam os primeiros a serem executados na duplicação, com ações que devem incluir novas pontes em zonas de várzea, o aumento da capacidade de vazão em galerias, estruturas com pedras e não com aterros, para permitir o fluxo da água sem criar barragens, além da elevação de pistas, seguindo novos padrões hidráulicos e hidrológicos.
"A RSC-287 é um corredor logístico estratégico para o RS, então, quando essa rodovia colapsa, gera prejuízo a toda a região. Foi projetada há 60 anos, com outra realidade, e o que aconteceu neste ano surpreendeu a todos pela magnitude, mas agora é possível ter uma noção mais clara do que é preciso fazer nesta mudança de conceito de infraestrutura. Foi isso que apresentamos ao Estado", aponta o diretor.
Inicialmente, a concessão da RSC-287 previa um prazo de quatro anos para finalizar o primeiro ciclo da duplicação, com 130 km de extensão.
Melhorias na rodovia BR-386 auxiliam na retomada dos Vales
A BR-386, chamada Rodovia da Produção, que cruza o Vale do Taquari no caminho entre o Norte do Estado e a Região Metropolitana, tem em torno de 500 trabalhadores empenhados na recuperação de trechos afetados pelas cheias de maio - a previsão de finalização é o primeiro semestre de 2025 - e na duplicação de três trechos pela concessionária CCR ViaSul.
Conforme o coordenador de engenharia da CCR ViaSul, Gabriel Cunha, foram 60 pontos que exigiram intervenções desde maio, que demandarão até R$ 250 milhões por parte da concessionária.
Santa Maria espera que obras em estradas sejam aceleradas
O Dnit lançou, neste segundo semestre, o edital para a elaboração do projeto do novo traçado da BR-392, de Santa Maria a Santo Ângelo, nas Missões. A rodovia é o principal caminho na rota da produção do Centro do RS ao Porto de Rio Grande.
Serão investidos R$ 28 milhões pelo governo federal na fase de projetos e, ainda sem orçamento definido, toda a obra, de 223,5 quilômetros, pode custar até R$ 2,5 bilhões. A rodovia, fundamental para desafogar as BRs 158 e 287 no escoamento da safra de soja, é considerada prioritária pelo Novo PAC. A perspectiva é de que, a partir da escolha da empresa que tocará o projeto, sejam 720 dias para concluir essa etapa.
Aeroporto civil é uma demanda da região
O aeródromo de Estrela, em uma área de 24 hectares, teve a sua gestão municipalizada e, mesmo tomado pela água durante a cheia, nos últimos meses já registrou voos de pequenas aeronaves. "Entendemos que é uma alternativa muito valiosa para aproximar investidores da nossa região", diz a presidente da Empresa Pública de Logística de Estrela (E-Log), Elaine Strehl.
Hoje, a pista tem 500 metros de extensão. Com a municipalização, o prefeito Elmar Schneider acredita que seja mais fácil buscar, junto ao governo federal, investimentos para a pavimentação e ampliação da pista para mil metros.
Já em Santa Maria, também foi renovada a expectativa de novos investimentos em melhorias para o Aeroporto Regional Brigadeiro Cherubim Rosa Filho. No começo de setembro, a prefeitura e o governo federal assinaram a renovação da cedência de uso da estrutura até 2050, com a garantia de novas rotas entre Santa Maria e cidades brasileiras.
Atualmente, o uso da pista é dividido com a Base Aérea de Santa Maria, e inviabiliza a frequência de aeronaves maiores. Nos últimos sete anos, o município atraiu investimento de mais de R$ 14 milhões na operação, com obras no pátio, no balizamento, entre outras. Triplicar o tamanho do terminal de passageiros segue entre os objetivos do município, agora, com R$ 25 milhões garantidos pelo Novo PAC. No horizonte, há planos para um novo aeroporto regional que seja referência para todo o Centro do Estado. Até o momento, o aeroporto opera com sete voos semanais a Campinas (SP) e quatro a Florianópolis (SC).
Municipalização pode impulsionar Porto de Estrela
Em maio, o Porto de Estrela, no Vale do Taquari, recebeu o documento de doação, por parte do Estado, dos 49 hectares de sua área. Agora, a aposta de lideranças para que a hidrovia pelo Rio Taquari possa, finalmente, representar uma alternativa logística viável, começa a tomar forma. Em julho, o Dnit iniciou a dragagem, o que deve se estender até agosto de 2025.
Para levar adiante o projeto, o governo local criou a Empresa Pública de Logística de Estrela (E-Log), cuja missão é atrair investimentos para o local. Segundo a presidente da E-Log, Elaine Strehl, o primeiro objetivo com a retomada da rota hidroviária é possibilitar o fluxo de grãos em direção ao Porto de Rio Grande.
As obras de infraestrutura
Novo traçado BR-392: a rota que liga o Noroeste do Estado ao Porto de Rio Grande, tendo a Região Central como ponto nevrálgico, tem perspectiva de, a partir do projeto, começar a sair do papel em 2026.
Duplicação da RSC-287: a concessionária Rota Santa Maria pretende iniciar as obras de duplicação ainda neste ano, concomitantemente aos trabalhos de recuperação de trechos danificados pelas cheias. A concessionária investe R$ 50 milhões na rodovia, além de
R$ 40 milhões em recuperação.
Duplicação da BR-386: a concessionária CCR ViaSul atua em três frentes de duplicação da Rodovia da Produção, entre o Norte do Estado e a Região Metropolitana. Entre Lajeado e Marques de Souza, a duplicação deve acabar no primeiro semestre de 2025. Neste ano, a CCR ViaSul investe R$ 875 milhões em seus trechos concedidos no RS.
Aeroportos: a prefeitura de Santa Maria articula-se para garantir investimentos em melhorias na pista e estrutura do Aeroporto Regional Brigadeiro Cherubim Rosa Filho. Em Estrela, o governo local municipalizou o aeródromo e trabalha para ampliar a pista.