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Publicada em 29 de Outubro de 2024 às 20:00

Turismo nos Vales abre os braços para recuperação e novos visitantes

Obras no complexo do Cristo Protetor de Encantado estão previstas para terminar em dezembro

Obras no complexo do Cristo Protetor de Encantado estão previstas para terminar em dezembro

Gustavo Mansur/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Entre julho e agosto, pelo menos 200 visitantes chegaram ao complexo do Cristo Protetor, em Encantado, no Vale do Taquari, a partir de vouchers distribuídos por estabelecimentos comerciais da região cada vez que os clientes consumiam um valor específico. A vista era um presente e também uma forma de multiplicar a ideia de que, sim, o Vale do Taquari está de novo de braços abertos para receber o turismo. Para ganhar o prêmio, o consumidor precisava postar fotos nas suas redes sociais, como um convite a essa retomada.
Entre julho e agosto, pelo menos 200 visitantes chegaram ao complexo do Cristo Protetor, em Encantado, no Vale do Taquari, a partir de vouchers distribuídos por estabelecimentos comerciais da região cada vez que os clientes consumiam um valor específico. A vista era um presente e também uma forma de multiplicar a ideia de que, sim, o Vale do Taquari está de novo de braços abertos para receber o turismo. Para ganhar o prêmio, o consumidor precisava postar fotos nas suas redes sociais, como um convite a essa retomada.
"O impacto sobre o setor do turismo em maio foi muito maior do que nas cheias do ano passado, por uma série de destruições da malha logística. O caminho entre Lajeado e Arroio do Meio, que é a ligação entre a parte alta e a baixa do Vale, ficou inviável. A ferrovia foi fechada, cancelando toda a temporada de visitações do Trem dos Vales. Muitos empreendimentos rurais, que tinham parte da renda relacionada ao turismo, deixaram de atuar. Por isso, a nossa aposta nessa retomada mais rápida é o Cristo Protetor, por todo o potencial que tem de garantir o consumo na região", explica o presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Charles Rossner.
O maior desafio, completa o presidente, é demonstrar para potenciais visitantes que o Vale do Taquari não foi destruído e está ativo novamente. A associação tem realizado encontros com agentes de turismo de outras regiões como forma de esclarecer sobre a atual situação. E tem rendido resultados.
Desde a reabertura para visitação, em junho, a média de visitantes mensais está em torno de 2 mil pessoas. No período pré-enchentes, entre janeiro e abril, essa média chegava a 7,5 mil. A contar da abertura, em maio de 2021, aproximadamente 280 mil turistas de mais de 60 países conheceram o monumento. Para os próximos meses, aposta a associação que gerencia o local, há a expectativa de chegar a 10 mil turistas mensais, volume que era observado antes das cheias de setembro de 2023.
A finalização do complexo está prevista para dezembro. O local terá 12 mil metros quadrados, contando com capela de vidro, sanitários, praça de alimentação e salas comerciais, além da visita panorâmica ao coração do Cristo Protetor. A partir dessa melhoria, a estimativa é chegar a até 20 mil visitantes mensais.
"O turismo ainda é um potencial a ser explorado. Representa entre 4% e 5% do PIB da região, mas, no momento de retomada, tem a vantagem de injetar dinheiro novo rapidamente e diretamente na economia. Em 2022, por exemplo, antes dos dois anos com cheias, tivemos 150 mil visitantes, com um ticket médio de R$ 230 por dia. Temos muito o que evoluir, porque, mesmo retomando aqueles números, queremos avançar em acomodações e logística para mudar este perfil de 90% dos turistas que vêm para passar somente um dia", aponta Rossner.
No Vale do Rio Pardo, a aposta está na retomada do turismo relacionado à gastronomia e à cultura. É o que aponta a Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), com uma preocupação especial em relação aos prejuízos logísticos a partir das cheias de maio. Com o fechamento do Aeroporto Salgado Filho, por exemplo, aumentou a pressão de lideranças locais por uma melhor estruturação do Aeroporto Luiz Back da Silva, de Santa Cruz do Sul. A prefeitura local confirmou, por exemplo, a abertura de licitação para o balizamento noturno - instalação de dispositivos que permitem a operação do espaço 24 horas -, e há uma perspectiva de ampliação dos serviços aéreos.
A partir da criação da campanha "Vale do Rio Pardo, viva essa experiência", em parceria entre a associação, o Sebrae-RS e o Sicredi Vale do Rio Pardo, ainda no final de 2023, e retomada agora, a Aturvarp tem liderado a busca de pelo menos R$ 500 mil para a criação de roteiros de viagem regionais.
 

Chuva potencializa turismo científico na Região Central

Cappa - Paleontólogo Rodrigo Temp Müller - fóssil Parvosuchus - Mapa Econômico Região Central

Cappa - Paleontólogo Rodrigo Temp Müller - fóssil Parvosuchus - Mapa Econômico Região Central

Janaína Brand Dillmann/Divulgação/JC
Curiosamente, as cheias potencializaram e geraram novas frentes de pesquisa em relação ao turismo científico, movido pelo valor paleontológico na Região Central do Estado. Em junho, um mês depois dos eventos climáticos, a comunidade científica internacional reconheceu a descoberta do fóssil Parvosuchus aurelioi - como foi batizado o réptil anterior aos dinossauros -, uma espécie até então inédita no Brasil. O fóssil, inclusive com o crânio em ótimo estado, foi achado em Paraíso do Sul.
O resultado de mais uma descoberta relacionada ao trabalho do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), da UFSM, naturalmente atraiu um número maior de pesquisadores ao Geoparque da Quarta Colônia, mas este interesse foi ampliado ainda mais com o efeito da enxurrada no solo.
"Os fósseis surgem naturalmente pela erosão. A chuva, geralmente, é nossa parceira. Depois de cada evento de chuva, vamos lá coletar. Agora, provavelmente perdemos muita coisa, mas, por outro lado, muitas revelações apareceram com esse alto volume de chuva, e isso tem motivado ainda mais as pesquisas e a relevância do nosso Centro, que é modelo de paleontologia no Brasil. Temos colaborações com pesquisadores do mundo todo", aponta o paleontólogo Rodrigo Müller, que desde 2016 atua no Cappa e é o autor do estudo sobre a espécie recentemente confirmada.
são 26 novas espécies encontradas em revelações de fósseis na região do Geoparque. A partir da aceleração da erosão do solo com as cheias na área, Müller confirma que diversos materiais foram revelados. As principais descobertas aconteceram entre Agudo e São João do Polêsine.
Foi neste último município que, em julho, foi possível encontrar o esqueleto quase completo de um dinossauro com aproximadamente 233 milhões de anos, do Período Triássico. A estimativa é de que o animal teria chegado a 2,5 metros de comprimento.
 

Rotas Turísticas

  • Geoparque da Quarta Colônia: A rota, na Região Central do Estado, combina o turismo científico e acadêmico ao cultural e rural, com a região de imigração italiana, na Quarta Colônia.
  • Santiago do Brasil: A partir de Santiago, no Vale do Jaguari, o turista é convidado a uma experiência de contemplação, na rota de 147 quilômetros em direção às Missões, passando por um museu a céu aberto, com as árvores petrificadas de Mata.
  • Vale do Rio Pardo: O Vale do Rio Pardo oferece uma série de alternativas turísticas, do chimarrão ao chopp, passando pelas tradições rurais alemãs aos festejos como a Oktoberfest.
  • Cristo Protetor: Em Encantado, no Vale do Taquari, o santuário é local de peregrinação para turistas do Brasil e do Exterior.
  • Trem dos Vales: O Trem dos Vales foi uma atração turística duramente atingida pelas cheias, e teve a temporada 2024 cancelada. Entre 2019 e 2023, mobilizou, no percurso superior a 40 quilômetros, que apresenta a paisagem do Vale do Taquari, entre Guaporé e Muçum, mais de 115 mil passageiros.
 

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