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Publicada em 29 de Outubro de 2024 às 20:41

Empresa está a caminho da primeira carne com selo verde do Estado

Fazenda Itapevi mantém 200 hectares de área silvopastoril

Fazenda Itapevi mantém 200 hectares de área silvopastoril

Fazenda Itapevi/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Em meio ao cinturão da soja na faixa central do Estado, e com um dos cinco maiores rebanhos de gado de corte entre as regiões retratadas neste capítulo do Mapa Econômico, o município de Cacequi é protagonista em boas práticas agropecuárias sustentáveis. Não à toa, conforme o levantamento do SEEG de 2022, o município captura o maior volume de gases do efeito estufa neste recorte do Estado. Boa parte da explicação está da porteira para dentro da Fazenda Itapevi.
Em meio ao cinturão da soja na faixa central do Estado, e com um dos cinco maiores rebanhos de gado de corte entre as regiões retratadas neste capítulo do Mapa Econômico, o município de Cacequi é protagonista em boas práticas agropecuárias sustentáveis. Não à toa, conforme o levantamento do SEEG de 2022, o município captura o maior volume de gases do efeito estufa neste recorte do Estado. Boa parte da explicação está da porteira para dentro da Fazenda Itapevi.
A partir da propriedade que há 121 anos é da família de Otávio Paiva, a perspectiva é de que no final de 2025 os frigoríficos recebam o primeiro lote de carne com "selo verde", de 100% orgânica. A fazenda, que já tem destaque no desenvolvimento genético do gado e na criação no sistema silvopastoril, será a primeira no Sul do Brasil a ter este selo, a partir do projeto-piloto implantado em parceria com a Embrapa e a UFSM.
Era uma oportunidade que a Marfrig, apontada como a indústria que processará o abate e comercialização da carne com selo verde, já desenvolve junto a produtores do Uruguai, por exemplo.
"Os animais que vamos usar para este projeto terão superioridade na produção de carne, com alta genética, capaz de fazer a diferença no mercado pela qualidade. Calculamos que, com o selo verde, seja possível um ganho de 5% a 10% a mais no valor da carne, e ainda com um acréscimo de outros 5% por ser premium. Hoje, trabalhamos com 800 animais, sendo 20% de elite, e os demais terminadores. Agora, teremos o ciclo completo da produção", explica o produtor. Para atender à demanda deste novo mercado, e também multiplicar as práticas sustentáveis, Paiva já conversa com propriedades vizinhas para que usem a sua genética na fase de incubação do gado. A meta é chegar a 2 mil cabeças com selo verde por ano.
O novo passo rumo a produção ainda mais limpa está no DNA da Itapevi. Começou, como recorda Paiva, quando o pai, em 1974, desenvolveu o plantio direto e introduziu o trigo na região. Há 20 anos, diante da estagnação e das perdas com as secas da soja, foi Otávio Paiva quem deu uma virada. Investiu na silvicultura, com o plantio de eucaliptos, mas não parou por aí. Em 18 meses, tinha o seu gado pastando no campo, mas dentro da área de floresta.
É a prática da neutralização direta dos gases gerados pela bovinocultura, apontada como uma das produções de maior potencial gerador de gases. No sistema silvopastoril, a floresta neutraliza boa parte dessas emissões e ainda gera ganhos ao solo, com o pasto natural coberto. "Quando as folhas morrem, caem no solo e isso resulta em ainda maior produção de nutrientes. Toda essa ciclagem é feita debaixo dos eucaliptos, como se fosse um galpão a céu aberto. Temos um solo com condições 50% superior ao nativo."
Hoje, a propriedade conta com 200 hectares de área silvopastoril, considerada ideal para o desenvolvimento de mil animais. A condição "verde" destes animais e da propriedade será acompanhada a cada 15 dias por técnicos da UFSM, inclusive com monitoramento do balanço de emissões nas áreas de pastagem, de floresta e de mata nativa da fazenda. A dieta dos animais, além da pastagem, com suplementação toda orgânica, também será controlada até render o selo. A ideia do produtor é avançar com esta cultura em toda a sua produção. A fazenda segue produzindo soja e arroz, com sistema de rodízio entre as duas culturas e as pastagens.
 

Dados sobre emissões

 As Regiões Central, Jacuí Centro e Vales do Jaguari, Taquari e Rio Pardo respondem por 12,09% do PIB do RS, mas emitem 16,12% dos gases do efeito estufa do Estado.
 Entre as regiões, o Vale do Jaguari, que teve crescimento de quase 60% no PIB entre 2020 e 2021, é o que mais emite, totalizando 5,4 milhões de toneladas em 2022.
 O Vale do Rio Pardo, onde está o município mais industrializado da região, é o que mais captura gases, 20,4% do que emite.
 Municípios que mais emitem GEE:
 Santiago: 1,2 Mt
 São Francisco de Assis: 1,1 Mt
 Cachoeira do Sul: 1 Mt
 Santa Maria 865,2 kt
 Jaguari 848,2 kt
 Municípios que mais capturam GEE:
 Cacequi: 253 kt
 Cachoeira do Sul: 193,1 kt
 São Francisco de Assis: 160,2 kt
 Rio Pardo: 133,1 kt
 São Sepé: 108,6kt
(FONTE: SEEG,2022)

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