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Publicada em 29 de Outubro de 2024 às 19:19

Retomada aquece setor da construção civil no Rio Grande do Sul

Região duramente afetada pelas enchentes, Vale do Taquari passa por transformação, com  novas áreas ocupadas

Região duramente afetada pelas enchentes, Vale do Taquari passa por transformação, com novas áreas ocupadas

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Após a tragédia, o setor da construção está aquecido, especialmente entre os municípios do Vale do Taquari. Mas, segundo o vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção, Mobiliário, Marcenarias, Olarias e Cerâmicas do Vale do Taquari (Sinduscom-VT), Daniel Bergesch, ainda não é possível definir um aspecto específico que esteja guiando este movimento no mercado.
Após a tragédia, o setor da construção está aquecido, especialmente entre os municípios do Vale do Taquari. Mas, segundo o vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção, Mobiliário, Marcenarias, Olarias e Cerâmicas do Vale do Taquari (Sinduscom-VT), Daniel Bergesch, ainda não é possível definir um aspecto específico que esteja guiando este movimento no mercado.
"Se em Lajeado, que é uma referência na região e uma cidade bastante densa, estamos observando uma alta procura por imóveis prontos para alugar, e algum movimento para construção em novos bairros, em Arroio do Meio há aumento na procura e venda por terrenos para construções de novos loteamentos. Em Estrela, há muitas áreas que antes tinham perfil rural e que agora, após a cheia, aceleram neste processo de urbanização provocada pela migração interna, mas possivelmente Teutônia seja o município da região que mais se transformará por esse fluxo construtivo", diz Bergesch.
Com a segunda maior população do Vale do Taquari, com 32,7 mil habitantes, o município viveu um crescimento de 20% na sua população entre 2010 e 2022. Índice abaixo dos quase 30% de aumento populacional de Lajeado, mas com uma realidade de maior segurança em relação às cheias do Rio Taquari.
Um caso diferente, confirma o dirigente do setor, é o de Cruzeiro do Sul. "Era uma localidade estagnada do ponto de vista construtivo. Agora, com tudo o que aconteceu, há uma procura intensa para apresentação de projetos em áreas onde, até então, ninguém tinha interesse. Isso provoca um aquecimento no setor em toda a região", explica Daniel Bergesch.
E para lá diversas empresas da área da construção têm direcionado as atenções entre a intenção de investimentos próprios, o aguardo de recursos públicos para obras de infraestrutura e o oferecimento de doações para reerguer escolas e estruturas básicas na reconstrução do município devastado.
"Na história, muitas vezes se fez novas cidades, seja por obras, como barragens, ou por pressão ambiental. Quando os locais já se mostraram como ponto de traçado de um rio, não adianta investir outra vez. Cada vez mais, o planejamento urbano e a construção precisam estar ligados ao conceito de equilíbrio ecológico. É preciso pensar em reconstruir, mas reconstruir de maneira diferente, respeitando, por exemplo, áreas de preservação, que são fundamentais neste novo conceito de cidade em um ambiente de extremos climáticos", aponta o arquiteto especialista em planejamento urbano e professor da UFSM, Édson Bortoluzzi. Segundo ele, os prognósticos mostram que não somente em casos extremos, como em Cruzeiro do Sul, este novo planejamento das cidades precisa ser executado, mas em todas as regiões desta faixa central do Estado, apontadas como mais propícias a eventos como tempestades no futuro.
"As cidades precisam ter cada vez mais áreas livres de edificações e permeáveis, como parte de todo o seu sistema hídrico. São áreas que permitem à cidade amortecer os efeitos de cheias e, inclusive, gerarem sistemas de captação dessa água. O conjunto de áreas verdes, como parques urbanos e áreas de preservação, precisam ser bem trabalhados e valorizados, com sustentabilidade. E quando se fala em sustentabilidade no planejamento urbano, estamos falando de sustentabilidade ambiental, econômica e social. Uma cidade sustentável e resiliente é menos desigual e é economicamente viável a todos", avalia Bortoluzzi.
 

Construtora Jobim puxa setor em Santa Maria com novos projetos

Maquete eletrônica mostra projeto da empresa na cidade

Maquete eletrônica mostra projeto da empresa na cidade

CONSTRUTORA JOBIM/DIVULGAÇÃO/JC
Em Santa Maria, uma das principais construtoras do Estado - a segunda na preferência da pesquisa Marcas de Quem Decide em 2024 -, a Jobim atua em pelo menos duas frentes que dão uma boa amostra do aquecimento da construção civil na região.
Por um lado, a construtora investe R$ 300 milhões para erguer as duas torres do chamado Amaiivos, que estarão entre os maiores prédios do Rio Grande do Sul, na avenida Nossa Senhora Medianeira. Será o maior projeto multiuso do Interior. Serão 899 unidades residenciais, 100 lojas, 115 offices e 567 vagas para estacionamento entre as duas torres que inauguram este conceito vertical na região.
Por outro lado, na avenida Rio Branco, a Construtora Jobim terá papel marcante da revitalização do centro histórico de Santa Maria, com o projeto denominado Maria com Amor. Lá, o conceito também será de multiuso, com a revitalização de um prédio importante da região.
Uma das mais atuantes construtoras da Região Central, a Jobim completa 30 anos em 2024 e acumula 128,9 mil metros quadrados de área construída e mais de 2,8 mil unidades habitacionais e comerciais entregues somente em Santa Maria.
 

Reconstrução fortalece a indústria moveleira devido ao fluxo migratório da população

Fábrica da Magazin Sofás, em Roca Sales, emprega 80 funcionários

Fábrica da Magazin Sofás, em Roca Sales, emprega 80 funcionários

Magazin Rocaza/Divulgação/JC
A necessidade de preparação das cidades é reforçada quando levado em consideração o fluxo migratório, ainda sem números precisos, forçado pelos eventos climáticos extremos. Em Lajeado, houve alta de 28% na movimentação de transferências de imóveis até agosto em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o Sindicato Patronal da Habitação, no município, que é como uma capital do Vale do Taquari, há uma forte alta nas locações.
Se cidades como Lajeado, Santa Cruz do Sul ou Santa Maria, as maiores das regiões retratadas neste Mapa Econômico refletem a ponta que recebe quem deixa as áreas atingidas pelas cheias, na outra ponta estão empresários como Marcos Bonzanini, que comanda a Magazin Sofás, em Roca Sales. Em uma retomada com muita força, pelo aumento do consumo de móveis e artigos domésticos no Rio Grande do Sul, ele até projetou abrir um terceiro turno de produção para dar conta da demanda, mas desistiu por falta de mão de obra no município.
Em Roca Sales, foram perdidas 25 vidas entre as cheias destes dois últimos anos — o maior número de vítimas. No parque fabril, que foi salvo da enchente, onde a empresa produz estofados, poltronas e cadeiras, com a marca Rocaza, são 80 funcionários.
"Depois da cheia de setembro, muitas pessoas foram embora e depois voltaram. Agora, quem saiu não voltou mais", conta Bonzanini. A atividade da empresa tem sido um dos pilares da recuperação econômica local. É que os assentos respondem por mais de 80% das exportações do pequeno município de 10,4 mil habitantes no Vale do Taquari.
 

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