O uso eficiente das terras e a conservação dos solos no processo de integração entre lavoura e pecuária ganha relevância nas regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste
/PAULO LANZETTA/EMBRAPA/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Lima
Fazer com que agronegócio rime com sustentabilidade. Esse vem sendo o grande desafio dos pesquisadores da área - e a responsabilidade só aumenta para o futuro. Ter um agro que alie alta produtividade com conservação dos biomas e da biodiversidade é o objetivo que vem sendo perseguido pela Embrapa na Metade Sul do Estado há anos. Acesse a edição completa do Mapa Econômico do RS aqui.
"O trabalho dos pesquisadores é conciliar os temas críticos para a sociedade e para os produtores, como segurança alimentar, conservação da biodiversidade e enfrentamento das mudanças climáticas", destaca o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Clima Temperado, Gustavo Heiden. Segundo ele, é respondendo a essas demandas que a pesquisa agropecuária atenderá ao propósito de posicionar a região como referência em produção com qualidade, produtividade e sustentabilidade.
Nesse propósito, alguns temas ganham protagonismo, como o uso eficiente das terras e a conservação dos solos no processo de integração entre lavoura e pecuária. As pesquisas que resultaram no desenvolvimento da técnica sulco-camalhão pela Embrapa são um exemplo da resposta a esse desafio.
Ao adotar a tecnologia de uso das terras planas e baixas, características da Metade Sul do Estado, o produtor consorcia variados cultivos, já que consegue otimizar a drenagem em períodos de muita chuva e irrigar em tempos de seca. "Com essa técnica, a produtividade de culturas como milho e soja aumenta, diversificando as fontes de renda do produtor", explica Heiden.
Outro projeto que revela a importância da pesquisa é a Rota dos Butiazais. Ao perceber que o butiá, palmeira nativa do Pampa, estava desaparecendo de algumas áreas, os pesquisadores estudaram o ajuste de carga de gado nas propriedades - com menos animais pastando, as plantas mais jovens tinham oportunidade de vingar, possibilitando a renovação.
Com mais frutos disponíveis, os produtores foram capacitados para aproveitar a polpa do butiá em doces e conservas, diversificando a fonte de renda. "Essa pesquisa demonstrou que é possível compatibilizar a pecuária extensiva com a conservação das florestas nativas, recuperando áreas e gerando renda para quem está no campo", salienta Heinden.
Qualidade reconhecida para agregar valor ao produto da região também é desafio da pesquisa agropecuária. Conquistado no ano passado, o selo de qualidade da carne produzida no Pampa Gaúcho teve a participação da Embrapa Pecuária Sul, que integrou todo o processo que resultou na obtenção do selo, desde a formação da Associação de Produtores de Carne do Pampa Gaúcho (Apropampa) até os estudos para a delimitação de área e para a regulação.
Reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a marca coletiva Apropampa deve valorizar a carne proveniente do bioma.
"Fazer essa parceria com a Embrapa qualifica a produção e promove a diferenciação do produto", destaca o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Danilo Sant'Anna.