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 Livramento tem a maior produção do Estado de uvas irrigadas para a indústria

Livramento tem a maior produção do Estado de uvas irrigadas para a indústria


Bárbara Lima/ Especial/ JC
Há mais de 150 anos, a primeira vinícola registrada no Brasil ficava na Campanha. Fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio dos seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, no atual município de Candiota. Os vinhos de mesa que saíam dali eram exportados principalmente para os países do Prata e também, claro, eram vendidos para o restante do Brasil. Acesse a edição completa do Mapa Econômico do RS
Mas o que pode parecer ultrapassado é o símbolo de uma nova roupagem ao campo entre a Campanha e a Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, que agrega a produção, a industrialização e um imenso pacote de serviços como o turismo e a hotelaria. A partir do começo dos anos 2000, os produtores de uvas e vinhos voltaram a olhar para a região com grande potencial produtivo.
Em 2010, foi criada a Associação Vinhos da Campanha. Dez anos depois, a região teve reconhecida a Indicação Geográfica da Campanha Gaúcha, que representa 4,1 milhões de hectares entre 14 municípios. Em Santana do Livramento, por exemplo, está a terceira maior área plantada de uva irrigada para a indústria.
"Hoje, temos grande relevância nacional. Nossa importância no mercado, em relação a regiões produtivas no Brasil, fica atrás somente da Serra Gaúcha", explica o presidente da Associação Vinhos da Campanha, Pedro Candelária.
A Campanha é a indicação geográfica com a maior quantidade de rótulos reconhecidos - 267 vinhos - e com 5 milhões de litros de vinho aprovados para receberem o selo de Vinho da Campanha desde 2020, entre as 19 vinícolas associadas.
Conforme Candelária, o clima na Campanha é bastante propício para a diversificação rural, em especial a produção de frutas, como a uva. "Apesar de ter sido a primeira região produtora de vinhos no Brasil, só há 23 anos entrou, de fato, no mundo dos vinhos, então o potencial é muito grande e o processo atual ainda é de estruturação da produção e de tudo o que agregamos a ela", aponta o presidente.
Ele se refere, especialmente, ao enoturismo. Atualmente, algumas propriedades e vinhedos já recebem turistas e ainda não estruturaram as suas vinícolas próprias, por exemplo. Já há duas rotas organizadas a partir de uma parceria com o Sebrae e que, como salienta o dirigente, aos poucos estimulam melhorias na rede hoteleira e de restaurantes na região.
É o caso da Campos de Cima, vinícola localizada em Itaqui, na Fronteira Oeste, administrada por Candelária, que é português, com a esposa, Manuela, e suas irmãs, Hortência e Vanessa Ayub. Há 20 anos a propriedade da família dela iniciou os vinhedos e, há 11, a partir de um financiamento, foi estruturada a vinícola naquela área. "Foi a partir da vinícola que passamos a receber gente do mundo todo e percebemos que é necessário melhorar a infraestrutura para esses turistas", garante.