A produção de arroz é uma das principais marcas do setor agropecuário das regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste. É nesta área que 70,4% do arroz produzido do Brasil é cultivado. Não à toa, duas das seis empresas da região, entre as 100 maiores do Estado, são beneficiadoras do cereal. Acesse a edição completa do Mapa Econômico do RS aqui.
"É uma cultura que está no berço da economia gaúcha, e neste momento, tem um preço atrativo para o produtor. O resultado é mais recursos circulando na economia de Pelotas, que tem na indústria do arroz uma das suas forças. Dá orgulho ver o nosso arroz nas prateleiras de outros estados brasileiros", valoriza o presidente da Associação Rural de Pelotas, Augusto Rassier.
A Camil, uma das grandes empresas agropecuárias do Sul do Brasil, iniciou suas atividades em Itaqui, onde mantém sua principal unidade industrial, e hoje tem na região ainda unidades em Capão do Leão e Dom Pedrito.
Já a Josapar, cuja receita líquida no ano passado foi de R$ 2,2 bilhões, teve origem em Pelotas e hoje mantém unidades também em Itaqui e Rio Grande. Conforme a Radiografia da Agropecuária Gaúcha de 2022, o Valor Bruto da Produção (VBP) gaúcho é de R$ 136 bilhões e corresponde a 23,5% do PIB do Estado. O arroz, cultivado entre as regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste, corresponde a 10,6% do VBP, enquanto a soja responde por 44,4%.
Santa Vitória do Palmar, Uruguaiana e Itaqui são os municípios com maior produção de arroz irrigado. Mas esse cenário está em mudança.
"Hoje em dia, não é mais possível afirmar que essa é uma área somente arrozeira. É uma cultura que sofreu muito nos últimos anos com a falta de rentabilidade e com o alto custo de produção. Tem dado lugar à rotatividade, especialmente com a soja, e isso tem favorecido o produtor", explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho.
Há uma década, a região havia plantado 1,2 milhão de hectares de arroz, enquanto nesta última lavoura, foram 840 mil hectares. A estimativa da Federarroz é de que, entre as regiões Sul, Fronteira Oeste e Campanha, 500 mil hectares que eram tradicionalmente cultivados com arroz já deram espaço à soja. Entre todas as regiões produtivas do Rio Grande do Sul, somente a Fronteira Oeste ainda apresenta mais áreas com arroz plantado do que com soja.
Algo que também se reflete no restante da cadeia produtiva do grão. Segundo Velho, nesse mesmo período, o Estado reduziu de 300 para 140 indústrias de beneficiamento de arroz. A redução de área plantada, com a rotatividade do solo, resultou em aumento da produtividade.
"Mesmo com área plantada menor do que há 10 anos, tivemos 19% maior produtividade neste período. Os incrementos de técnicas de manejo e de tecnologias para que fosse possível o cultivo da soja na Metade Sul beneficiou todos. Reduziram as áreas ociosas no verão, por exemplo, e o perfil do produtor que adota a soja nessa região não é o de um iniciante, mas de produtores que já lidam com o grão em outras regiões e arrendam áreas na Metade Sul", explica o diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Sérgio Feltraco.
Maiores empresas beneficiadoras de arroz em 2022
• Camil Alimentos S/A
• Josapar - Joaquim Oliveira S/A Participações
• Pirahy Alimentos Ltda
• Arrozeira Pelotas Indústria e Comércio de Cereais Ltda
• Urbano Agroindustrial Ltda
Maiores municípios produtores de arroz irrigado
• Santa Vitória do Palmar
• Uruguaiana
• Itaqui
• Alegrete
• Dom Pedrito
• Arroio Grande
• Camaquã
• São Borja
• Mostardas
• São Gabriel