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Principais indústrias de Rio Grande buscam reduzir pegada de carbono
Refinaria Riograndense e Yara Fertilizantes são exemplos de empresas que promovem ações para diminuir impacto ambiental
Por Eduardo Torres
Mesmo com o maior PIB entre as regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste, tendo aumentado em 33,1% entre 2020 e 2021 – o ano mais recente da série com dados municipais –, chegando a R$ 13,2 bilhões, impulsionado pela exportação da supersafra de soja daquele ano, Rio Grande é somente o 12º município em emissões atmosféricas entre essas regiões, e trabalha para a neutralização.
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Mesmo com o maior PIB entre as regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste, tendo aumentado em 33,1% entre 2020 e 2021 – o ano mais recente da série com dados municipais –, chegando a R$ 13,2 bilhões, impulsionado pela exportação da supersafra de soja daquele ano, Rio Grande é somente o 12º município em emissões atmosféricas entre essas regiões, e trabalha para a neutralização.
O desafio é encarado pelos gestores do município como uma forma de acelerar o caminho rumo à Economia Azul limpa, que promove o desenvolvimento em harmonia com o ambiente marinho – que se almeja para a cidade portuária.
A prefeitura prepara a elaboração do inventário de emissões do município para, a partir daí, buscar a neutralização do que é emitido. Paralelamente, há planos de ampliar áreas de preservação no território – recentemente foi criado o Parque Natural Municipal da Barra do Rio Grande, de proteção integral.
Ao todo, entre áreas estaduais, municipais e federais, Rio Grande concentra quatro unidades de conservação, além da regularização de áreas de preservação permanente, próximas aos mananciais, totalizando entre estas duas categorias, 862,9 quilômetros quadrados. São mais de 30% da área total do município. Um dos potenciais futuros é entrar no mercado de créditos de carbono.
Conforme levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, em 2022 foram lançadas 1,3 milhão de toneladas de gases do efeito estufa a partir de Rio Grande. As cinco principais indústrias locais atuam junto ao porto, e contribuíram para que 25% das emissões de gases do efeito estufa de Rio Grande fossem geradas a partir dos transportes e da produção de combustíveis.
Se a Refinaria Riograndense assume um papel pioneiro na redução da sua pegada de carbono, outros atores deste processo também têm adotado medidas mais sustentáveis. Entre as principais inovações recentes na planta industrial da Yara Fertilizantes, por exemplo, que no último ano ativou as operações após um ciclo de R$ 2 bilhões de investimentos, está a redução de distâncias, e por consequência, do consumo de energia e combustíveis para a produção de fertilizantes.
A partir do portão da fábrica, são carregados até 350 caminhões por dia, com um tempo de permanência máximo de três horas. São 15 quilômetros de esteiras, que servem como elos entre cada etapa de preparação de adubos nos 500 mil metros quadrados da fábrica em processos quase 100% automatizados, a partir do cais, que é praticamente dentro do parque industrial.
A unidade da Yara em Rio Grande é o maior complexo de fertilizantes das Américas. A empresa buscou superar o desafio era automatizar ao máximo os processos operacionais. E passou a funcionar como um porto de carga, também, e não somente descargas. Também foi intensificado o modal ferroviário, que liga a operação na Região Sul a Cruz Alta – a ferrovia tem capacidade de carga e prancha de descarga de 15 mil toneladas.
Outra mudança foi no transporte rodoviário de matérias-primas para serem misturadas em outras unidades. Agora, a preparação do fertilizante é toda feita em Rio Grande. Assim, a empresa busca ter ações de descarbonização não apenas nos produtos, mas também na operação industrial.
A vantagem logística do Porto de Rio Grande, que concentra as empresas do distrito industrial do outro lado da rua, pela redução de distâncias, é um fator preponderante na redução do potencial poluidor com o transporte, e faz toda a diferença no momento de investir.
Por isso, os cuidados com uma infraestrutura resiliente aos eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes entram na conta, inclusive, do terminal de contêineres mais automatizado do Brasil, e que opera com inteligência artificial no seu fluxo entre navios e terminal e conta com frota de rebocadores com redução de até 70% de emissões e de 14% no consumo de combustível.
Produção com menor impacto ambiental
No complexo da Yara Fertilizantes, a agricultura regenerativa se traduz em produzir de forma mais eficiente com menor impacto ambiental e maior possibilidade de garantir produtividade na lavoura.
Conforme a multinacional, a prioridade do desenvolvimento de produtos é voltada à melhoria no equilíbrio nutricional de um fertilizante entre os seus elementos para que o solo possa ser trabalhado, com maior retenção de água e aeração, mesmo em condições climáticas adversas, com a menor quantidade possível de fertilizantes. Isso resulta em produtividade e mais vida no solo.
Conforme a multinacional, a prioridade do desenvolvimento de produtos é voltada à melhoria no equilíbrio nutricional de um fertilizante entre os seus elementos para que o solo possa ser trabalhado, com maior retenção de água e aeração, mesmo em condições climáticas adversas, com a menor quantidade possível de fertilizantes. Isso resulta em produtividade e mais vida no solo.
O papel de Rio Grande na produção da Yara no Brasil está na preparação dos chamados fertilizantes sólidos. Surgiu ali o Yara Basa, que tem entre os seus méritos justamente a adaptação ágil de equilíbrio nutricional entre até oito elementos em um mesmo grão de fertilizante, levando em conta as principais culturas do Brasil. E aí, o papel da produção de fertilizantes ganha uma nova atribuição, de antecipar eventos climáticos extremos.
Hoje, por exemplo, é possível preparar a planta para ser mais eficiente, com melhora, segundo os levantamentos da Yara, de quase 50% na capacidade de resiliência, por exemplo, para, em um ambiente de chuva de pedras, reter suas folhas.
No horizonte da operação da empresa em Rio Grande estão questões como a produção com 100% de energia limpa, especialmente a partir do avanço dos projetos de produção de hidrogênio verde no Estado, e uma tendência que já é executada na Europa, com os produtos nitrogenados (nitrogênio e amônia, que são base para os fertilizantes) obtidos também por energia limpa.
A redução de distâncias também poderá resultar em redução de emissões. Atualmente, 90% dos nutrientes são importados pelos fabricantes de fertilizantes, e eles representam mais de 80% dos produtos importados pelo município de Rio Grande, a partir do porto. A empresa confirma estar atenta a movimentos como o que está prestes a surgir em Candiota, a partir da gaseificação do carvão.
A ecomonia e a indústria de Rio Grande
* Rio Grande teve crescimento de 33,1% do PIB entre 2020 e 2021.
* As maiores empresas locais são a Refinaria Riograndense, Tecon Rio Grande, Yara Fertilizantes, Bunge e Bianchini.
* São 54 empresas instaladas no Porto Indústria, o maior distrito industrial do Rio Grande do Sul.
* Desse total, 39% do distrito Porto-Indústria são ligadas ao agro.
* Seis indústrias no complexo são fabricantes de fertilizantes.
* E 90% da matéria-prima para produção de fertilizantes é importada.