Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 20 de Agosto de 2024 às 11:40

Indústria metalmecânica da Serra Gaúcha ganha mercados com produção sustentável

Automação, reaproveitamento de materiais e redução do gasto energético estão entre as transformações em curso

Automação, reaproveitamento de materiais e redução do gasto energético estão entre as transformações em curso

Tramontina//Divulgação/JC
Compartilhe:
Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Se os eventos climáticos de maio soaram o alarme de todos os setores do Rio Grande do Sul sobre o potencial devastador das mudanças climáticas, no setor metalmecânico, que tem entre a Serra e o Vale do Caí o seu maior polo no Estado – de acordo com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), são 4,5 mil empresas, com a geração de 69 mil empregos entre 17 municípios –, a resposta a este alarme já é desenvolvida e coloca a região na vanguarda de tecnologias inovadoras no setor.
Se os eventos climáticos de maio soaram o alarme de todos os setores do Rio Grande do Sul sobre o potencial devastador das mudanças climáticas, no setor metalmecânico, que tem entre a Serra e o Vale do Caí o seu maior polo no Estado – de acordo com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), são 4,5 mil empresas, com a geração de 69 mil empregos entre 17 municípios –, a resposta a este alarme já é desenvolvida e coloca a região na vanguarda de tecnologias inovadoras no setor.
Na Randoncorp, por exemplo, foi recentemente desenvolvida a chamada Randon Solar. É uma carreta frigorífica com refrigeração elétrica a partir de painéis solares instalados sobre o veículo, que atualmente já roda em fase de testes com alguns clientes da multinacional que tem origem e a maior parte do seu parque industrial em Caxias do Sul.
"Tudo o que fazemos tem a ver com a busca de respostas às mudanças climáticas. Na empresa, temos a meta de reduzirmos as emissões em 40% até 2030, e só neste ano, com a inauguração da nossa caldeira verde na Fras-le Mobility, já vamos cumprir 20% da meta. Neste ano, estimamos já termos cumprido 58% no que compete às ações dentro da fábrica. No chamado escopo 3, que é aquele que não está necessariamente no controle da empresa, todos os nossos esforços têm sido no desenvolvimento de produtos de baixo impacto ambiental. E isso tem aberto mercados para o nosso produto", garante o CEO da Randoncorp, Sérgio Carvalho.
Tudo o que fazemos tem a ver com a busca de respostas às mudanças climáticas, diz Carvalho, da Randoncorp | TÂNIA MEINERZ/JC
Tudo o que fazemos tem a ver com a busca de respostas às mudanças climáticas, diz Carvalho, da Randoncorp TÂNIA MEINERZ/JC
São projetos que vão desde a carreta elétrica, que tem a pretensão de chegar ao final do ano com 50 unidades vendidas, até o desenvolvimento de materiais compostos com fibras e carbono que reduzam o peso dos veículos. Mais do que garantir redução do consumo de combustíveis e energia, as inovações têm o objetivo de reduzir o desgaste – e portanto, os impactos ambientais – nas rodovias.
"O grande desafio competitivo hoje está na ciência dos materiais, na área de nanotecnologia, reprojetando peças mais leves, independentemente do motor que vai prevalecer no futuro. Com a carreta modular, por exemplo, eliminamos 75% das soldas. Isso representa uma tonelada a menos no peso do conjunto. E há ainda o nosso sistema Randon Smart, com sensoriamento online para o cliente em relação ao peso, consumo de materiais, alertas sobre o manuseio da carreta na estrada e sobre o desgaste de peças. Inclusive, com indicações georreferenciadas de onde é possível fazer ajustes ou trocas de peças. Isso garante ganho de tempo e menor gasto de energia na operação na estrada", explica Carvalho.
Mais de 60% dos investimentos da multinacional neste ano são direcionados ao Rio Grande do Sul. A maior parte – em torno de R$ 50 milhões – em projetos de automação.
A Randoncorp é uma das gigantes do setor metalmecânico que garantiram, no primeiro semestre deste ano, mais de US$ 500 milhões em exportações a partir de oito municípios da região. Significa pelo menos 55,5% dos US$ 923 milhões registrados em vendas ao exterior entre os 12 municípios da região que figuram entre os 50 maiores exportadores do Rio Grande do Sul neste ano. As vendas totais para outros países, entre estes municípios da Serra e dos Vales do Caí e Paranhana, mesmo com os eventos de maio, mantiveram-se, até junho, praticamente no mesmo nível do primeiro semestre do ano passado, com uma pequena redução de 9%.

Tramontina aposta em inovação e produtos de baixo impacto ambiental

Eduardo Scomazzon, da Tramontina, relaciona ganho de mercado a ações de sustentabilidade e inovação dos produtos

Eduardo Scomazzon, da Tramontina, relaciona ganho de mercado a ações de sustentabilidade e inovação dos produtos

Tramontina/Divulgação/JC
A Tramontina tem fábricas em Carlos Barbosa, Farroupilha e Garibaldi, com as produções de ferramentas e utensílios domésticos. Entre os três municípios, foram exportados pelo menos US$ 168,4 milhões nos primeiros seis meses deste ano. Resultado, como confirma a empresa por nota de sua assessoria, da recuperação de importantes contratos de exportação que haviam sido prejudicados nos dois últimos anos, gerando um aumento de 10% nas vendas externas no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2023.
A empresa tem origem em Carlos Barbosa, mas também pode ser considerada uma multinacional. Tem atualmente 16 filiais no exterior e, a partir de 2025, tem a perspectiva de iniciar produção na Índia.
A afirmação no mercado, garante o presidente do Conselho de Administração da Tramontina, Eduardo Scomazzon, está diretamente associada às ações de sustentabilidade e inovação dos seus produtos. Entre os mais recentes lançamentos está, por exemplo, a linha LYF, que é uma coleção de panelas, facas e talheres que, nos seus cabos têm o uso de plástico reciclado e, no restante, aço produzido somente com energia renovável rastreada, e o alumínio excedente de cada produto é reutilizado no próprio processo produtivo.
Conforme a empresa, 93% dos resíduos gerados durante os seus processos produtivos são encaminhados para recuperação energética, reciclagem ou reutilização. E desde 2020, em parceria com a ONG EuReciclo, a Tramontina passou a garantir compensação ambiental de 22% do volume de embalagens colocadas no mercado.

O polo metalmecânico da Serra

• Caxias do Sul (Randoncorp, Marcopolo, Agrale, Madal, Intral, Guerra, Soprano)
• Carlos Barbosa (Tramontina, Irwin, Usiflex, Usimaq)
• Farroupilha (Tramontina, Marcopolo, Soprano, Thermotec, Usifer, Masal)
• Garibaldi (Tramontina, Madem Máquinas)
• Nova Prata (Vipal)
• Flores da Cunha (TKA Guindastes)
• Montenegro (John Deere, CBC)
• Veranópolis (Boito)

Fonte: Simecs

Maiores exportadores da região

A concentração de diversos setores industriais significativos na economia gaúcha reflete-se nos números da exportação. A região concentra 12 dos 50 principais municípios exportadores do Rio Grande do Sul. Somados, eles comercializaram US$ 923,5 milhões nos primeiros seis meses do ano. O setor metalmecânico puxa as exportações.

• Caxias do Sul (9º do RS jan-jun 2024): 39% carrocerias, partes de veículos, reboques; 20% motores e máquinas; 12,5% guarnições de fricção
• Montenegro (12º do RS jan-jun 2024): 40% tratores, carrocerias, partes de veículos; 14,6% couros; 14% armas de fogo; 10,3% tanantes vegetais
• Carlos Barbosa (13º do RS jan-jun 2024): 89% ferramentas, utensílios domésticos em metal
• Bento Gonçalves (26º do RS jan-jun 2024): 57% móveis e partes de móveis; 18,6% sumos de frutas, vinho, massas e pães
• Nova Prata (28º do RS jan-jun 2024): 77,8% pneus e borrachas
• Garibaldi (30º do RS jan-jun 2024): 51% rações; 20% ferramentas; 13,5% carnes e miudezes de suínos e aves
• Farroupilha (34º do RS jan-jun 2024): 46% artefatos domésticos; 16,5% caixas, sacos, bolsas; 8,5% carnes, miudezas e ovos
• Igrejinha (36º do RS jan-jun 2024): 63.3% calçados e solados; 28,3% roupas
• Muitos Capões (39º do RS jan-jun 2024): 100% derivados de soja
• São Sebastião do Caí (42º do RS jan-jun 2024): 92,9% carnes e miudezas
• Flores da Cunha (46º do RS jan-jun 2024): 28,2% partes de móveis; 20,7% vinhos e álcool; 20% guindastes e máquinas; 18,2% acessórios automotivos
• Veranópolis (50º do RS jan-jun 2024): 76% derivados de soja; 12% armas de fogo
Fonte: Ministério do Comércio Exterior

Notícias relacionadas