Porto Alegre, dom, 16/03/25

Publicada em 12 de Março de 2025 às 18:56

Lajeado atinge o maior índice de endividados da história

Pela primeira vez desde quando levantamento foi feito, índice ultrapassou os 30% de pessoas com dívidas

Pela primeira vez desde quando levantamento foi feito, índice ultrapassou os 30% de pessoas com dívidas

Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação/Cidades
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Larissa Britto
Larissa Britto Repórter
Em janeiro deste ano, a cidade de Lajeado, no Vale do Taquari, alcançou um número histórico no percentual de inadimplência. O comércio local registrou o índice de 30,3%, ultrapassando a barreira dos 30% pela primeira vez na série da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Lajeado, iniciada em 2018.
Em janeiro deste ano, a cidade de Lajeado, no Vale do Taquari, alcançou um número histórico no percentual de inadimplência. O comércio local registrou o índice de 30,3%, ultrapassando a barreira dos 30% pela primeira vez na série da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Lajeado, iniciada em 2018.
Desde junho do ano passado, os registros percentuais estão em constante elevação - à época, o percentual era de 27,8%. O vice-presidente do Comércio da CDL de Lajeado Nilton Colombo explica que esse aumento se deve em virtude das cheias de maio do ano passado, que impactaram milhares de pessoas. "Muitas famílias tiveram que contrair dívidas para comprar roupas, mantimentos, imóveis e até para fazer a reconstrução de casa. E esse recurso, em grande medida, não coube no orçamento mensal do salário que essas pessoas tinham", explica.
Ele complementa que, por serem pagas a prazo, essas compras acarretaram em uma inadimplência continuada. Somado a isso, devido ao fim dos recursos emergenciais concedidos pelos governo estadual e federal por conta da enchente, o endividamento das famílias de Lajeado passou a ter um crescimento ao longo dos meses, até atingir o ápice em janeiro.
Os dados da Equifax/Boa Vista traçaram o perfil dos inadimplentes, identificando que 52% têm entre 25 e 44 anos. Com relação aos gêneros feminino e masculino, os índices são muito parecidos. Os dados apontam que 33% das pessoas possuem renda de até R$ 2 mil por mês e 13% ganham entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Já 16% da população possui renda entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
Os números se assemelham aos dados de inadimplência do Rio Grande do Sul. Enquanto o estado registrou valores entre 30,5% e 33,2% durante os meses de junho e janeiro, em Lajeado o índice variou entre 27,8% e 30,3% no mesmo período. Colombo salienta que não há certeza se este será o pico, ou se o percentual continuará em elevação. "A gente não sabe a real capacidade de pagamento que as pessoas têm daqui para frente", afirmou.
De acordo com o vice-presidente do Comércio da CDL, para quitarem suas dívidas, os devedores deixam de comprar produtos considerados menos necessários, contribuindo com as baixas vendas no comércio, o que impacta diretamente a economia local. A fim de coibir este número, os lojistas adotaram medidas como solicitar ao consumidor um determinado valor de entrada para adquirir o produto, realizar vendas somente pelo método de pagamento de crédito ou meios financiados por bancos, onde não há necessidade de assumir a inadimplência.
Na avaliação de Colombo, há também uma maior restrição na concessão de crédito por parte das empresas que vendem no crediário ou diretamente no cartão de crédito, que exigem a declaração de alguns documentos de comprovação de renda. "Um outro aperto também na parte de cobrança, onde as empresas estão negativando os seus clientes mais cedo, para provocar o momento de procura de acerto dessas dívidas", disse.
 

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