Porto Alegre, dom, 16/03/25

Publicada em 10 de Março de 2025 às 17:47

Prefeitura veta repasse de verbas públicas para o Carnaval de Canoas

Município alega que nenhuma festividade receberá valores em 2025, por conta da situação da saúde local

Município alega que nenhuma festividade receberá valores em 2025, por conta da situação da saúde local

Guilherme Pereira/Divulgação/Cidades
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Larissa Britto
Larissa Britto
O Carnaval em Canoas, previsto para ocorrer inicialmente no dia 15 de março, não receberá recursos públicos para sua realização este ano e terá a data de realização mudada. O anúncio, feito pela prefeitura de Canoas no fim de fevereiro, foi baseado, segundo o Executivo municipal, na necessidade de priorizar a recuperação da área da saúde, que enfrenta desafios desde a enchente ocorrida em maio de 2024, a qual afetou a estrutura hospitalar e o pagamento dos profissionais de saúde. A intenção é que o valor seja usado, por exemplo, para reabilitar o Hospital de Pronto Socorro da cidade.
O Carnaval em Canoas, previsto para ocorrer inicialmente no dia 15 de março, não receberá recursos públicos para sua realização este ano e terá a data de realização mudada. O anúncio, feito pela prefeitura de Canoas no fim de fevereiro, foi baseado, segundo o Executivo municipal, na necessidade de priorizar a recuperação da área da saúde, que enfrenta desafios desde a enchente ocorrida em maio de 2024, a qual afetou a estrutura hospitalar e o pagamento dos profissionais de saúde. A intenção é que o valor seja usado, por exemplo, para reabilitar o Hospital de Pronto Socorro da cidade.
A Associação das Escolas de Samba de Canoas (AESC) afirma que os organizadores do evento foram informados sobre a decisão no dia 29 de janeiro, através da reunião com o secretário de Cultura e Turismo, Pinheiro Neto. "O secretário disse para nós que não teria como dar dinheiro para o Carnaval, sendo que a saúde estava pendente. Porém, a saúde está pendente em todos os governos que entram. Isso já é um é uma desculpa para não fazer a cultura de Carnaval", diz Noé Oliveira, presidente da Associação e fundador da escola de samba Unidos do Guajuviras.
Para as escolas desfilarem seria necessário um recurso de cerca de R$ 140 mil. Ele afirma que nos anos anteriores, as escolas recebiam subsídio público para realizar o Carnaval plenamente, e em 2024 receberam o valor de R$ 252 mil. Porém, para realizar o evento cultural este ano, as escolas de samba estão aguardando entrar em vigor uma emenda parlamentar, destinada no valor de R$ 50 mil, para a realização do evento. A entidade ainda negocia outros verbas públicas, oriundas de representantes gaúchos no Congresso Nacional,
Durante a reunião, o prefeito Airton Souza explicou aos presentes que a decisão não é uma medida isolada, e o mesmo tratamento será dado a todos os eventos programados até o mês de dezembro. Ele ressalta que a prefeitura conseguirá apoiar os eventos somente de maneira institucional, como ceder locais públicos. Sem recursos municipais, a festa está prevista para acontecer fora de época, em 17 de maio, no parque Eduardo Gomes.
 

Temas das escolas de samba teriam sido proibidos; secretário nega

Secretário de Cultura e Turismo, Pinheiro Neto, foi acusado de censurar temáticas

Secretário de Cultura e Turismo, Pinheiro Neto, foi acusado de censurar temáticas

PREFEITURA DE CANOAS/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Os sambas-enredo também foram pautados na reunião do dia 29 de janeiro. O secretário de Cultura e Turismo, Pinheiro Neto, teria informado aos organizadores que letras que tivessem temáticas de cunho inclusivo, como voltados ao público LGBTQIA e sobre as religiões de matriz africana - comumente presentes nos sambas-enredo - seriam vetadas, e que somente assim o espaço para realizar os desfiles seria liberado. Segundo Oliveira, a justificativa apresentada seria devido à religião do prefeito, que é cristão. "Ele não admitia Carnaval com etnias religiosas, com LGBT. Então eu me senti humilhado como representante das escolas e entramos na Justiça contra ele", explicou o presidente da Aesc.
Mesmo assim, as escolas pretendem manter as letras dos sambas-enredo. Ele destaca que Pinheiro Neto propôs que as letras dos sambas-enredo passassem por uma análise, que ele próprio faria, para autorizar ou proibir aqueles que estivessem fora da exigência estabelecida. Por conta disso, a AESC entrou com uma ação judicial pelo crime de racismo religioso.
Em nota, o secretário de Cultura e Turismo de Canoas, Pinheiro Neto, informa que não procede a informação de que teria estabelecido condições relacionadas a temas de apresentações para realizar a cedência do Parque Eduardo Gomes ou do local que os organizadores da festa solicitarem. O secretário explica que "jamais houve qualquer tipo de censura ou condições estabelecidas em sua manifestação", apenas um pedido de atenção e respeito às religiões em geral. Além disso, alega que, até o momento, os organizadores do Carnaval não formalizaram projeto solicitando cedência de espaços públicos para alguma data.

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