O anúncio da construção do Porto Meridional de Arroio do Sal, feito pelo governo federal no mês de outubro, começa a entrar no debate das pautas de desenvolvimento da cidade do Litoral Norte para os próximos anos. Com o processo de atualização do Plano Diretor em andamento e a mudança no comando do município a partir de 2025, questões ligadas à pauta ambiental e infraestrutura subiram no nível de prioridade para empresários e lideranças municipais.
A previsão inicial é que o terminal portuário, cujo investimento pode chegar a R$ 6 bilhões, tenha as primeiras operações a partir de 2028. Com isso, a nova gestão da prefeitura de Arroio do Sal, que será encabeçada pelo prefeito eleito, Luciano Pinto (Republicanos), será a responsável por adaptar a cidade para a chegada desse e de outros investimentos que virão na carona do Porto Meridional. Pinto já governou a cidade por dois mandatos, entre 2009 e 2016, e também esteve à frente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) entre 2016 e 2017.
O prefeito eleito comentou que está em contato com a atual gestão - da qual é opositor - e com a Universidade de Caxias do Sul (UCS), que auxilia na revisão do Plano Diretor, para coletar informações sobre o processo. Atualmente, a cidade está passando por audiências públicas para apresentar um diagnóstico detalhado e discutir com os cidadãos as futuras diretrizes urbanísticas da cidade. O tema central dessas audiências foi a assessoria técnica especializada para a revisão do texto e a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana. Segundo Pinto, a ideia é que a atualização possa ser votada ainda este ano na Câmara de Vereadores.
Em paralelo a isso, o futuro gestor de Arroio do Sal elenca o saneamento básico como principal gargalo da cidade para o crescimento. Segundo ele, a Corsan/Aegea estão em atraso no cronograma de obras e investimentos da cidade. "Ao longo dos últimos anos perdemos uma série de novos negócios por conta da defasagem no tratamento de esgoto. Os empresários escolheram ir para cidades próximas por causa disso", reclama. Segundo ele, esse será um dos principais temas a serem tratados a partir de janeiro. "Só queremos que os investimentos sejam feitos", complementa.
Em julho deste ano, a prefeitura, Corsan/Aegea, Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e o Ministério Público Federal (MPF) assinaram um acordo para destravar esses investimentos. A assinatura pôs fim a uma ação civil pública, ajuizada pelo MPF em 2017, para a implementação e fiscalização de sistemas de saneamento na cidade, e deve ser uma solução para o serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário no município. As obras vão ser divididas em duas etapas (até 2028 e outra até 2033) e implicam no investimento, por parte das empresas concessionárias, de um montante suficiente para o aperfeiçoamento do sistema de esgotamento sanitário do Litoral Norte do Estado.
Para Luciano Pinto, que ficará no cargo, pelo menos, até 2028, a prefeitura precisa viabilizar o crescimento ordenado da cidade, que, atualmente, tem pouco mais de 11 mil moradores fixos. "Não podemos impedir o desenvolvimento da cidade. Vamos contribuir de todas as formas para que o Porto Meridional saia do papel", afirma. Para o futuro prefeito, ainda que o veranista de Arroio do Sal não seja simpático à ideia do terminal hidroviário, a mudança na fotografia atual da cidade será mais sensível do que o imaginado. "Acho que o perfil do morador e visitante será o mesmo. Muitos caxienses têm casa aqui ou veraneiam em Arroio do Sal. Agregaremos o cenário da cidade com oportunidades, trabalho para a comunidade e um crescimento organizado", complementou.