Concedidos em 2021 à iniciativa privada, os parques nacionais dos Aparados da Serra e da Serra Geral, em Cambará do Sul, nos Campos de Cima da Serra, vivem um momento de incerteza. Isso porque, há alguns meses - especialmente após o período das enchentes, em maio - a prefeitura, trade turístico e a Urbia Gestão de Parques discutem formas de atrair mais turistas, visto que se tratam dos principais atrativos da cidade. Entre os meses de maio e agosto, a diminuição no fluxo turístico chegou a 60%.
Por conta da queda no número de visitantes, a concessionária decidiu suspender as atividades na tirolesa, instalada no Cânion Fortaleza, no Parque Serra Geral. O equipamento era uma das novidades implementadas pela empresa para o local, com custo de R$ 150,00 por pessoa para a experiência, que tinha duração de 5 a 10 minutos. O valor do ingresso para os parques também é colocado como um fator determinante para afastar os turistas da cidade. No site da Urbia, é possível adquirir a entrada para os dois parques por R$ 91,80 (com desconto de 10%, o preço normal é de R$ 102,00). O ingresso dá direito a três acessos únicos no período de sete dias a partir do primeiro acesso. Além disso, se o visitante for de carro, em cada visita, precisa pagar R$ 20,00 de estacionamento.
Na semana passada, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) recebeu, formalmente, um pedido da Urbia para que os dois parques fossem fechados, de forma temporária. Além da queda no movimento, o motivo seria a discussão na repactuação do contrato de concessão. Consultado, o Instituto afirmou que não apoia, em nenhuma circunstância, o fechamento dos parques localizados em Cambará do Sul. Em relação à solicitação da concessionária Urbia Cânions Verdes de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, o ICMBio informa que o pedido está sendo analisado seguindo o trâmite previsto e que já passou pela avaliação de mérito. Atualmente, a análise encontra-se em fase contábil, segundo a nota, e o pedido deve ter uma resposta a qualquer momento.
De acordo com Cassiana Nery, presidente do Conselho Municipal de Turismo de Cambará do Sul, o trade municipal não foi consultado durante o período de concessão dos parques para a iniciativa privada. À época, o conselho foi favorável que uma empresa assumisse a gestão para a realização de melhorias, porém, o contrato assinado, não contemplou demandas locais. "Entendemos que, naquele momento, (a concessão) seria benéfica para nós. A nossa cidade tem outros atrativos além dos cânions, mas sabemos da importância deles para atrair turistas para a cidade. Hoje, vemos que há cláusulas impostas no contrato que não se sustentam", argumenta.
Ela explica que houve uma mudança no perfil do turista que passou a frequentar a cidade - ao invés de conhecer os parques e voltar no mesmo dia, o visitante permanece em Cambará e passa a deixar valores na economia local, explicou Cassiana. Isso, segundo ela, gerou uma diminuição no fluxo de pessoas que decidem optar pela cidade como um destino turístico. "Tivemos essa mudança, que foi benéfica para pousadas, restaurantes, lojas ligadas ao turismo de aventura, pois esse público começou a consumir mais na cidade", conta.
A presidente do Conselho de Turismo de Cambará do Sul minimizou o impacto de um possível fechamento dos cânions para a repactuação contratual entre ICMBio e Urbia. "Conseguimos, hoje, manter um turista em atividades diferentes por sete dias, sem a necessidade de visitar o parque, com trilhas, passeios e outros atrativos", afirma. No entanto, ela espera que haja um acordo entre as partes para evitar que o setor seja atingido. "Claro que o fechamento prejudicaria o turismo na cidade, mas menos do que o público imagina. Além disso, se for definida a suspensão das atividades, tomaremos medidas cabíveis para que a reabertura dos dois parques ocorra", complementa.
Concessionária dos parques nacionais afirma que contrato está 'desequilibrado' e pede revisão
Tirolesa instalada no Cânion Fortaleza teve as atividades suspensas em setembro
Urbia/Divulgação/JC
Consultada pela reportagem sobre as questões dos parques e da concessão, a Urbia se pronunciou por meio de nota. A empresa informou que as unidades de conservação seguem abertas e com funcionamento normal. No entanto, a concessionária afirmou que o contrato de concessão "encontra-se severamente desequilibrado, impactado por inadimplementos do poder concedente".
A empresa afirma que a queda no número de visitantes se dá por conta das "precárias condições de acesso, além da queda brusca de cerca de 60% da visitação após as chuvas torrenciais que atingiram o Estado do Rio Grande do Sul". A empresa revelou que está em debate com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para buscar o reequilíbrio do contrato através dos mecanismos previstos quando da assinatura do contrato, em 2021. Porém, a Urbia não quis se pronunciar sobre quais tipos de dispositivos deveriam ser reequilibrados no contrato.
Em 2022, a empresa se pronunciou sobre o plano de investimentos para Cambará do Sul. Entre outubro de 2021 e outubro de 2022, a Urbia Cânions Verdes aportou R$ 20,5 milhões iniciais e, para 2023, investiu outros R$ 24 milhões. A estimativa da concessionária, naquela época, era chegar a 600 mil visitantes nos cinco primeiros anos da concessão, que vai até 2051.
Entre os inadimplementos, a concessionária afirma que teve acesso a um mapa produzido pelo ICMBio e enviado na semana passada (após pedidos que vêm sendo insistentemente feitos desde 2022) que revela a falta de regularização fundiária de grande parte das áreas de visitação do Cânion Itaimbezinho, em parte do Cânion Fortaleza e também do Rio do Boi, o que inviabiliza, por exemplo, a implantação dos atrativos e investimentos previstos no edital de concorrência.
Segundo a concessionária, o Plano de Manejo dos dois parques nacionais nunca foi modificado para se adequar ao contrato de concessão, impedindo o desenvolvimento dos mesmos conforme previsto no contrato. A concessionária ressalta que já investiu mais de R$ 37 milhões nas áreas de visitação e ainda R$ 20 milhões a título de outorga para o Poder Concedente. A Urbia afirma, também, que o valor do tíquete médio é inferior ao previsto no contrato.
A empresa afirma que a queda no número de visitantes se dá por conta das "precárias condições de acesso, além da queda brusca de cerca de 60% da visitação após as chuvas torrenciais que atingiram o Estado do Rio Grande do Sul". A empresa revelou que está em debate com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para buscar o reequilíbrio do contrato através dos mecanismos previstos quando da assinatura do contrato, em 2021. Porém, a Urbia não quis se pronunciar sobre quais tipos de dispositivos deveriam ser reequilibrados no contrato.
Em 2022, a empresa se pronunciou sobre o plano de investimentos para Cambará do Sul. Entre outubro de 2021 e outubro de 2022, a Urbia Cânions Verdes aportou R$ 20,5 milhões iniciais e, para 2023, investiu outros R$ 24 milhões. A estimativa da concessionária, naquela época, era chegar a 600 mil visitantes nos cinco primeiros anos da concessão, que vai até 2051.
Entre os inadimplementos, a concessionária afirma que teve acesso a um mapa produzido pelo ICMBio e enviado na semana passada (após pedidos que vêm sendo insistentemente feitos desde 2022) que revela a falta de regularização fundiária de grande parte das áreas de visitação do Cânion Itaimbezinho, em parte do Cânion Fortaleza e também do Rio do Boi, o que inviabiliza, por exemplo, a implantação dos atrativos e investimentos previstos no edital de concorrência.
Segundo a concessionária, o Plano de Manejo dos dois parques nacionais nunca foi modificado para se adequar ao contrato de concessão, impedindo o desenvolvimento dos mesmos conforme previsto no contrato. A concessionária ressalta que já investiu mais de R$ 37 milhões nas áreas de visitação e ainda R$ 20 milhões a título de outorga para o Poder Concedente. A Urbia afirma, também, que o valor do tíquete médio é inferior ao previsto no contrato.