Porto Alegre,

Publicada em 28 de Agosto de 2024 às 17:49

Prefeitura de Tramandaí promete ir à Justiça contra obras de saneamento

Motivo é a obra que pretende enviar efluentes das cidades de Xangri-Lá e Capão da Canoa ao Rio Tramandaí

Motivo é a obra que pretende enviar efluentes das cidades de Xangri-Lá e Capão da Canoa ao Rio Tramandaí

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DE TRAMANDAÍ/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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Liliane Moura
Liliane Moura Repórter
Contrária às obras da Corsan/Aegea em Xangri-Lá, que pretendem enviar efluentes (esgoto tratado) de Xangri-Lá e Capão da Canoa para o Rio Tramandaí, a prefeitura de Tramandaí, no Litoral Norte pretende ingressar na Justiça a fim de paralisar as obras que estão em andamento. O município teme o impacto das ações no rio que serve, dentre outras coisas, para o sustento de dezenas de pescadores do município.
Contrária às obras da Corsan/Aegea em Xangri-Lá, que pretendem enviar efluentes (esgoto tratado) de Xangri-Lá e Capão da Canoa para o Rio Tramandaí, a prefeitura de Tramandaí, no Litoral Norte pretende ingressar na Justiça a fim de paralisar as obras que estão em andamento. O município teme o impacto das ações no rio que serve, dentre outras coisas, para o sustento de dezenas de pescadores do município.
A Bacia do Rio Tramandaí abrange 17 municípios, sendo os maiores Osório, Capão da Canoa, Imbé e Tramandaí. Segundo o Movimento Unificado em Defesa do Litoral Norte Gaúcho (MOVLN), que foi criado para debater problemas na região, os efluentes de esgotos - com 95% dos resíduos tratados - dos dois municípios que serão lançados ao Rio Tramandaí irão gerar uma degradação ambiental, pois o modelo de tratamento que apenas remove parte dos resíduos sólidos, mas não elimina poluentes emergentes, químicos, fármacos, agentes biológicos e patogênicos, fósforo e nitrogênio. A avaliação é de que a medida por causar danos ao meio ambiente, como eventos de eutrofização, proliferação de algas cianofíceas que inviabilizariam a captação de água para abastecimento público.
"Além do impacto ambiental, teremos o impacto econômico no Litoral Norte. Temos uma grande comunidade que realiza a pescaria artesanal, por exemplo. Além disso, as pessoas vão fugir do Litoral Norte por medo de contaminação", comenta secretário do Meio Ambiente de Tramandaí, Fernando Borges, ao avaliar a obra na cidade vizinha. "A gente está alicerçado em duas bases: a judicialização para tentar a paralisação e a mobilização da coletividade, através da população", conta.
O MOVLN programou uma mobilização no sábado (31), às 9h, na ponte entre Imbé Tramandaí contra a obra. Conforme estimativa da Corsan/Aegea, os primeiros efluentes podem começar a chegar ao rio em novembro deste ano, com os efluentes chegando ao Rio Tramandaí. Uma audiência pública foi realizada em meados de agosto para tratar sobre o tema.
O secretário de Meio Ambiente de Tramandaí ainda comenta que uma das alternativas para o saneamento básico do Litoral Norte seria a construção de emissário submarinos, os quais despejariam os efluentes tratados em alto-mar, longe da costa, para evitar a contaminação do sistema lagunar.
Integrante da bacia do rio, a vizinha Imbé tem cerca 400 pescadores que atuam no rio e o utilizam para a sobrevivência, segundo presidente da Associação de Pescadores, Giovani Pereira. "Isso irá acabar com atividade pesqueira. Hoje, já há pessoas que perguntam qual a origem do peixe, com medo de contaminação, imagina quando começar a vir o esgoto", analisa Pereira.
Em nota, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) informa que o processo de tratamento do esgoto doméstico é eficiente e compreende seis etapas. Segundo a empresa, o efluente tratado proveniente desse processo tem "total eficiência, atendendo os parâmetros previstos em lei, devolvendo ao meio ambiente uma água límpida, preservando o ecossistema da região". A nota ainda ressalta ainda que a obra segue com o cronograma de finalização para outubro de 2025. E já foram implantados sete quilômetros de tubulação, finalizadas as travessias.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) também, em nota, diz que as Estações de Tratamento de Esgoto estão passando por melhorias para atender a padrões mais rígidos, e as que não podem ser adequadas estão sendo desativadas.
 

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