Os usuários de ônibus dos municípios de Cachoeirinha e Gravataí, na Região Metropolitana, reclamam que os serviços de transporte intermunicipal dos coletivos não retornaram de forma completa depois do período das enchentes. Em maio, houve a suspensão das linhas por conta das cheias, em função do bloqueio nos trajetos utilizados pelos coletivos - e que aumentou o tempo de espera e o número de pessoas nos veículos. Passado o período das enchentes, as empresas responsáveis por realizar o serviço não retomaram de forma plena a grade horária, que foi atualizada nesta quinta-feira (1º) pela Metroplan.
A moradora da parada 70 de Gravataí, próxima da região central da cidade, Victoria Reis, que trabalha em Porto Alegre, vivencia os desafios do deslocamento pelo transporte urbano na Região Metropolitana. Ela opera no modelo hibrido no seu local de trabalho, e estuda alguns dias de manhã e outros à noite na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), quando precisa utilizar o ônibus. "Não tem mais a linha do meio-dia que ia direto da universidade para o meu destino. Quando eu estudo de manhã preciso trabalhar na Pucrs, porque não dá tempo de chegar em casa", comenta. Ela utilizava uma linha que saía às 12h da avenida Ipiranga em direção à cidade da Região Metropolitana.
Para conseguir o mesmo trajeto, a alternativa seria utilizar duas conduções. Ela precisaria pegar um ônibus até o Terminal Triângulo, na avenida Assis Brasil, para depois embarcar no coletivo intermunicipal, que é no modo comum, ou seja, com mais paradas que o habitual. Além do transtorno de precisar pegar um ônibus a mais, o tempo é um dos principais problemas para a estudante. "Antes demorava 1h30min o trajeto e, agora, se eu fizer com as opções disponíveis, são mais de 2h. Eu poderia estar fazendo outras coisas com esse tempo. Eu perco qualidade de vida com essa situação", analisa.
Como consequência da suspensão da linha, o número de passageiros também cresceu. "O ônibus sempre está lotado. Chega ao ponto de não conseguir parar em todas as paradas para pegar os outros passageiros", diz a estudante.
Moradora de Cachoeirinha, Emily Balbino também reclama da pouca oferta dos coletivos em horários de grande demanda, como o início da manhã e o fim da tarde. Segundo ela, os coletivos estão sempre com muitos passageiros e fica difícil até mesmo de conseguir um acento durante a viagem. Ela trabalha na avenida Assis Brasil, próximo do Hospital Cristo Redentor.
"No horário de pico tem os ônibus, mas sempre cheio. Diminui a quantidade de ônibus de todas as linhas. Em uma ocasião eu fiquei das 12h até às 13h30min e para conseguir chegar ao meu destino tive que chamar um aplicativo de transporte", conta Emily Balbino.
Consultadas pela reportagem, as empresas Transcal, de Cachoeirinha, e Sogil, de Gravataí, se pronunciaram através de nota. A Transcal afirma que a grade de horários foi alterada em razão da redução do transporte de 3.500 passageiros por dia nos trajetos realizados pela empresa, e confirma que serão ampliadas assim que a demanda seja restabelecida. Também é realizado diariamente o monitoramento dos carregamentos de todos os horários, e, surgindo a necessidade, serão implementados de imediato.
Já a Sogil explica que, no período pós-enchentes, as necessidades de deslocamentos "estão diferentes, assim como o volume de clientes transportados", conforme a nota. Por isso, empresa está acompanhando de perto as demandas e diariamente realizando as adequações de linhas e horários necessárias para um melhor atendimento aos clientes. Em relação as reclamação da supressão das linhas universitárias, os clientes podem registrar as suas demandas no Serviço de Atendimento ao Cliente.