Porto Alegre,

Publicada em 24 de Julho de 2024 às 18:18

São Leopoldo, o berço da imigração alemã no Rio Grande do Sul

Casa do Imigrante, hoje fechada para reforma, foi o primeiro local a receber os germânicos no Vale do Sinos

Casa do Imigrante, hoje fechada para reforma, foi o primeiro local a receber os germânicos no Vale do Sinos

THALES FERREIRA/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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João Dienstmann
A quinta-feira, 25 de julho de 2024, marca os 200 anos da chegada dos imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul. A data histórica, que será celebrada em diversas cidades cuja a presença germânica permanece até hoje terá, como ponto principal, a cidade de São Leopoldo, berço da colonização e onde há o Marco Zero, um símbolo das raízes da Alemanha em solo gaúcho.
A quinta-feira, 25 de julho de 2024, marca os 200 anos da chegada dos imigrantes alemães ao Rio Grande do Sul. A data histórica, que será celebrada em diversas cidades cuja a presença germânica permanece até hoje terá, como ponto principal, a cidade de São Leopoldo, berço da colonização e onde há o Marco Zero, um símbolo das raízes da Alemanha em solo gaúcho.
Tudo começou quando o governo imperial brasileiro começou a estimular a chegada de imigrantes ao Brasil, e um dos primeiros grupos a chegar no Rio Grande do Sul foram, justamente, os alemães. Em 25 de julho de 1824, 39 pessoas chegaram em São Leopoldo para se instalar no que, hoje, é o bairro Feitoria. O Governo da Província batizou o núcleo de imigrantes de" Colônia Alemã de São Leopoldo" (homenagem ao santo padroeiro da Imperatriz Leopoldina ), a qual se estendia por mais de mil quilômetros quadrados, abrangendo na direção sul-norte, de Esteio até Campo dos Bugres (hoje Caxias do Sul), e em direção leste-oeste, de Taquara até o Porto dos Guimarães, no rio Caí (hoje São Sebastião do Caí). A partir daí, as famílias foram se espalhando para áreas próximas, até o ponto de tornar São Leopoldo uma cidade emancipada de Porto Alegre, em 1846.
Na parte econômica, os imigrantes da Alemanha começaram trabalhando na parte agrícola e, depois, alguns deles se especializaram no artesanato, usando madeira, ferro, couro e fibras para confeccionar itens necessários para a sobrevivência, seja na venda deles ou para consumo próprio. Esse viés artesanal foi, segundo alguns historiadores, a principal base para que a região do Vale do Sinos tivesse uma industrialização rápida, com a presença de empresas de grande porte - inclusive, até hoje.
Outra necessidade que foi construída pelos alemães está ligada à educação, segundo consta em livros e artigos que resumem a evolução da presença dos alemães nos primeiros anos do Rio Grande do Sul. Para melhorar se adaptarem à nova terra, diversas escolas foram criadas nas comunidades para o ensino básico, como ler e escrever, além da matemática. Isso também ajudou na evolução dessas pessoas, sobretudo para a formação de trabalhadores mais especializados - o que também deságua na presença de indústrias e negócios de maior porte na região.
Uma das primeiras construções que recebeu esses imigrantes ainda resiste bravamente ao tempo. É a Casa do Imigrante, criada em 1788 e que foi cedida para os recém-chegados europeus em 1824. Após uma reforma na década de 1940, a arquitetura do prédio, que anteriormente tinha traços lusitanos, então, foram incorporados à casa traços germânicos de estilo enxaimel, em homenagem aos imigrantes que ali estiveram. A Casa do Imigrante foi transformada em museu a partir de 1984 e, atualmente, é de propriedade do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo. Desde 2019 o local está parcialmente demolido, em função de uma queda da estrutura - e o museu mudou de lugar por conta disso. Há a expectativa de que as obras iniciem ainda este ano.

Cidade vai promover eventos do bicentenário nesta quinta-feira

Monumento em homenagem aos imigrantes europeus será inaugurado | KIN VIANA/DIVULGAÇÃO/JC
Monumento em homenagem aos imigrantes europeus será inaugurado KIN VIANA/DIVULGAÇÃO/JC
 
Para celebrar os 200 anos da chegada dos imigrantes à cidade, São Leopoldo terá uma programação ao longo de toda a quinta-feira. Entre os destaques, estão a inauguração do Monumento do Bicentenário. A cidade, que recebeu o título de berço da Colonização Alemã no Brasil vai iniciar as celebrações com a 4ª Cavalgada da Imigração que saíra às 8h, do CTG Sinuelo. E contará com uma parada, às 11h, no Museu Visconde de São Leopoldo para realizar o ato de acendimento da chama crioula.

Haverá também, um culto em homenagem aos 200 anos da Igreja Luterana no Brasil, na Igreja do Relógio, às 9h30min, para toda a comunidade. A religião foi trazida para o país pelos primeiros imigrantes alemães em São Leopoldo.

Será realizada, às 10h30, a reinauguração do museu, que fica na região central da cidade. Desde maio fechado por causa da catástrofe climática do Estado, o local teve água com até 1,20m, que atingiu parte do acervo do local e um piano com 120 anos de idade, presente no local. A recuperação foi feita pela própria administração.

Apesar do cancelamentos de alguns festejos, em razão do impacto da enchente, a programação continua à tarde e ficará por conta da apresentação da Canção ao Imigrante com José Carlos Martins, às 15h, na Praça Tiradentes. E, no mesmo local, às 15h30min, acontecerá um dos destaques do dia, a inauguração do Monumento do Bicentenário. A obra foi realizada pelo escultor Vinicius Vieira e teve custo estimado em R$ 360 mil.
 

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