Porto Alegre,

Publicada em 23 de Julho de 2024 às 18:34

Gastronomia alemã é uma das marcas de Santa Cruz do Sul

Tradicional festa germânica, Oktoberfest da cidade é uma das maiores do Brasil e atrai multidão à cidade

Tradicional festa germânica, Oktoberfest da cidade é uma das maiores do Brasil e atrai multidão à cidade

CLAUDINE FRIEDRICH/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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Liliane Moura
A série sobre as cidades com raízes da Alemanha, em comemoração aos 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul vai conhecer uma das cidades que respira, sobretudo através de eventos, a cultura germânica. Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, tem na Oktoberfest e na produção de doces tradicionais alemães, com o a cuca, duas das principais iguarias vindas da Europa no século XIX. A cidade completa 175 anos em 2024 e, com mais de 130 mil habitantes e que figura dentre as maiores economias do Estado.
A série sobre as cidades com raízes da Alemanha, em comemoração aos 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul vai conhecer uma das cidades que respira, sobretudo através de eventos, a cultura germânica. Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, tem na Oktoberfest e na produção de doces tradicionais alemães, com o a cuca, duas das principais iguarias vindas da Europa no século XIX. A cidade completa 175 anos em 2024 e, com mais de 130 mil habitantes e que figura dentre as maiores economias do Estado.
Entre os elementos que contribuíram para isso está o cooperativismo, a pequena propriedade e agricultura familiar trazida pelos imigrantes alemães, em 1849, que chegaram na colônia de Santa Cruz, também conhecida Picada Santa Cruz ou Picada Velha, de acordo com o professor no Departamento de Ciências, Humanidades e Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Mateus Silva Skolaude.
"Na época, na metade sul do Estado, a gente tinha uma economia baseada no latifúndio, concentração de riqueza, na mão de obra escrava. E os imigrantes alemães vieram para a região do Vale do Rio Pardo em uma ótica concretamente diferente, ou seja, na pequena pequena propriedade rural, voltada para a produção de alimentos, na mão de obra familiar. Até hoje, a agricultura familiar é forte no município e região', explica. 
O professor conta que um dos desafios dos imigrantes que foram até a região, a primeira da Província de São Pedro, foi se adaptar ao clima e às condições do solo para o plantio. "As primeiras plantações foram de feijão e de erva-mate", conta o professor, ao lembrar que algumas culturas se misturaram, como a indígena, luso-brasileira e alemã.
Além disso, alimentos plantados no século XIX pelos germânicos, como a mandioca, a batata, o milho e a produção de carne de porco se destacaram como as primeiras a se destacarem em Santa Cruz do Sul. E o o tabaco, que teve um grande crescimento - ao ponto de hoje ser o principal produto econômico da cidade e da região - surgiu em meados do século XX. De acordo com a prefeitura de Santa Cruz do Sul, o setor representa cerca de 70% da receita do município.
A cidade tem, também, uma das maiores festas alemãs do Brasil. A Oktoberfest de Santa Cruz do Sul é considerada a segunda maior do País, atrás apenas da realizada em Blumenau-SC. Desde os anos 1980, a também chamada Festa da Alegria movimenta o turismo da cidade e região. Em 2023, recebeu aproximadamente 400 mil visitantes. O tradicional evento tem, dentre outras novidades, o consumo do chope, o que não pode faltar em um evento típico alemão. Para se ter ideia da importância do fato, durante os eventos de promoção da Oktoberfest há um somente para a divulgação da marca que abastecerá os visitantes.
Outro elemento do hibridismo cultural é o linguagem germânica que alguns moradores ainda cultivam no interior do município. "O que fala aqui no interior não é a idioma é um dialeto, porque a língua como aspecto cultural que é sempre algo vivo que está sempre em processo de transformação", aborda o professor da Unisc.
No dia 25 de julho, data oficial de comemoração do bicentenário, entre as ações, estão o Encontro Regional da Terceira Idade em Rio Pardinho. Também está previsto o desfile do Colono e Motorista Rio Pardense (onde iniciou a colonização Alemã do município) com o tema alusivo ao bicentenário.

Com receita passada entre gerações, cuca ganha protagonismo

Família Gressler se destaca com doce de melancia, farofa e melado | CLARICE GRESSLER/ARQUIVO PESSOAL/CIDADES
Família Gressler se destaca com doce de melancia, farofa e melado CLARICE GRESSLER/ARQUIVO PESSOAL/CIDADES
Além da Oktoberfest, outro ponto da cultura alemã que atrai turistas para a cidade é a cuca, que tem também uma celebração para chamar de sua - a Festa da Cuca. Entre as participantes, e, também, vencedora da 23ª Festa da Cuca edição, em 2023, com a cuca Doce Lembrança, esta a cuqueira Clarine Gressler.
O recheio de melancia, melado e farofa foi passada de geração em geração pelos antepassados alemães. O seu bisavô, Rodolfo Gressler, e mais três irmãos chegaram em Rio Pardinho, em 1852.
Além disso, ela e os seus familiares produzem mais de 20 tipos de sabores. Há 15 anos está é a única fonte da família.
 
Além disso, ela e os seus familiares produzem mais de 20 tipos de sabores. Há 15 anos está é a única fonte da família. "Antes era uma tradição familiar. A partir do desenvolvimento do turismo rural no município e na região, em 1998, começamos a produzir para vender", conta Clarine Gressler.
 
O costume de fazer cuca trazida pelos imigrantes alemães se adaptou aos alimentos da região. A explicação é que as produtoras passaram a usar recheios típicos brasileiros para as cucas, como, por exemplo o coco. Ainda assim, sabores tradicionais e até salgados, como a de linguiça, ainda aparecem dentre as mais pedidas pelos clientes.

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