O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) confirmou que não irá mais construir uma ponte provisória na BR-116, entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis, na Serra gaúcha. De acordo com a autarquia federal, a decisão se dá após análises técnicas que confirmarem ser inviável a solução temporária prevista anteriormente, de instalação de uma ponte metálica emergencial. A medida foi tomada após as chuvas registradas nos dias 16 e 17 de junho, as quais destruíram o aterro de rocha necessário para a fixação da estrutura.
Segundo o DNIT, foi iniciada uma reavaliação técnica que concluiu que a implantação de uma estrutura segura, que resistisse a novas cheias no rio, exigiria longos prazos, não compatíveis com a determinação do governo federal em dar uma solução efetiva no menor tempo possível. "Dessa forma, o DNIT seguirá no trabalho de construção da estrutura definitiva sobre o Rio Caí, para que a nova ponte fique pronta no menor tempo possível", disse a autarquia, através de uma nota. A obra foi iniciada em paralelo à implementação provisória anterior, continua em andamento e tem previsão de entrega em dezembro deste ano.
O Exército fez o carregamento da estrutura e estava pronto para realizar a instalação, até que houve o episódio das chuvas no mês de junho. A via de acesso metálica foi prometida para ficar pronta no mês passado, como forma emergencial de repor a passagem pela rodovia federal, destruída pelas chuvas - e que foi implodida no dia 27 de junho.
Para agravar a situação, a ponte de ferro da cidade de Feliz, que era a ligação mais próxima entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis, foi fechada no dia 15 de julho por um período de 90 dias. Com isso, moradores, turistas e comerciantes são obrigados a fazer um trajeto de no mínimo de 100 km para o deslocamento.
Falta de solução definitiva causa transtornos para moradores e empresários da região
Pousadas em Nova Petrópolis estão com ocupação de 30% em momento de alta temporada
HOTEL POUSADA DOS PLÁTANOS/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Com cancelamento da ponte provisória, a alternativa apresentada agora pelo DNIT é a Ponte do Bananal, que fica entre as cidades de Feliz e Vale Real. No entanto, a estrutura sofre do mesmo problema de alagamentos em caso de chuva. "A ponte recomendada somente comporta veículos leves e é interditada frequentemente por conta da cheia do rio. Quando chove, a lama provoca quedas de motociclistas e atolamentos de carros", comenta o empresário Miguel Lara Hidalgo, que lidera o grupo que debate alternativas para o deslocamento entre as duas cidades, e que mobilizar lideranças acerca do problema na rodovia federal.
Além disso, o município de Caxias do Sul é referencia na área da saúde na Região das Hortênsias. "Uma ponte como a do Bananal é totalmente inviável. A depender da condição de saúde, uma viagem de mais de duas horas via Bom Princípio se torna também perigosa", comenta a fisioterapeuta que reside em Caxias do Sul e trabalha em Nova Petrópolis, Fernanda Trubian.
O imbróglio dos acessos também prejudica o turismo de Nova Petrópolis, setor importante da economia do município. "Estou trabalhando com 30% da capacidade total. É neste período que a gente faz uma gordura para manter o fluxo de caixa até dezembro, no Natal Luz", afirma o empresário André Clóvis Schumann do Hotel Pousada dos Plátanos sobre o movimento de turistas, em julho, época de grande movimento na região.
Ele aborda que cerca de 50% da economia de Nova Petrópolis foi prejudicada pelo acesso bloqueado. "Comércios, lojas fechadas. A cidade está vazia", lamenta Schumann. "Nós não temos como ficar tanto tempo sem ponte", comenta o empresário.