Modernidade, menor custo dos insumos, experiência com a velocidade e aproximação das distâncias. Esses foram um dos elementos proporcionados pela primeira ferrovia no Rio Grande do Sul, cujo trajeto inicial era de São Leopoldo até Porto Alegre. O modal foi inaugurado em 14 de abril de 1874 e tinha pouco menos de 34 quilômetros de extensão - depois, foi ampliada até Novo Hamburgo. Este mês, o antigo percurso completou 150 anos da implantação dessa tecnologia.
Modernidade, menor custo dos insumos, experiência com a velocidade e aproximação das distâncias. Esses foram um dos elementos proporcionados pela primeira ferrovia no Rio Grande do Sul, cujo trajeto inicial era de São Leopoldo até Porto Alegre. O modal foi inaugurado em 14 de abril de 1874 e tinha pouco menos de 34 quilômetros de extensão - depois, foi ampliada até Novo Hamburgo. Este mês, o antigo percurso completou 150 anos da implantação dessa tecnologia.
A história da criação desse modal no Estado era que a tecnologia ferroviária representava a modernidade e o desenvolvimento, sendo que a Região Metropolitana da Capital apresentava potencial econômico e uma produção farta. Contudo, as cidades enfrentavam dificuldades de escoamento, à medida que se distanciavam do rio, elevando o custo dos produtos tanto no mercado interno, quanto de exportação, segundo a pesquisadora e historiadora do Museu do Trem de São Leopoldo, Alice Bemvenuti. A estrada de ferro possibilitou, então, a aceleração do avanço em novos territórios como o transporte de pessoas e de produtos - e, por conta disso, a expansão do comércio e das zonas urbanas. "Vilarejos tornaram se cidades", comenta.
A ligação entre a cidade do Vale do Sinos e a Capital gaúcha foi a quinta ferrovia construída no Brasil. A inauguração, em abril de 1874, ocorreu quando São Leopoldo estava prestes a completar 50 anos de criação - sendo já um município desde 1846. A empresa responsável pela construção da Ferrovia foi a Porto Alegre & New Hamburg Railway Company Limited, liderada pelo empresário inglês John MacGinity, que recebeu concessão do governo da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Modal auxiliou no escoamento da produção e transporte de passageiros (Crédito: Acervo Histórico Museu do Trem/Divulgação/Cidades)
São Leopoldo tinha a preocupação em solucionar o problema da distância até a Capital. Por causa disso, decidiu implantação do transporte ferroviário, beneficiando diretamente a produção das colônias e potencializando o crescimento da indústria e a expansão urbana. No século XX, no entanto, o modal ferroviário enfrentou dois desafios que o tornaram obsoleto. Apesar de encurtar as distâncias, em muitas situações, outro modal como o rodoviário - ônibus e carro- facilitam e encurtam os trajetos.
Além dessa dinâmica, houve ao longo das décadas um incentivo para o modal rodoviário e, ao mesmo tempo, abandono da linha ferroviária. Logo, com a falta de manutenção e investimentos em novas tecnologias a estrada de ferro torna-se obsoleta e cara. Como resultado desse projeto econômico culminou, portanto, na desativação de várias linhas ao longo do país. Entre elas, a linha que ligou Porto Alegre a São Leopoldo, em 1982.
"O impacto do fim foi descomunal. Não existia no imaginário que isso acabaria. A gente tem não só o impacto das famílias trabalhadoras que receberam as suas cartas de demissão e simplesmente ficaram com uma mão na frente outra atrás", analisa a pesquisadora. Alice defende a manutenção de ambos os modais - rodoviário e ferroviário - para o melhor desenvolvimento da sociedade. "Os dois deveriam existir juntos, pois eles se complementam", analisa.
Boa parte da história dessa ferrovia está no Museu do Trem, inaugurado e que preserva a memória da ferrovia. A prefeitura de São Leopoldo é a responsável pela manutenção do espaço de preservação. Os objetos originários chegaram de diferentes cidades gaúchas. As museólogas Maria Thereza Kahl Fonseca e Clarissa Oliveira de Carvalho foram as responsáveis pelos primeiros registros.