A cidade de São Gabriel, na Fronteira Oeste, deve atingir a meta de 90% da cobertura de tratamento de esgoto em 2025. Essa é a previsão da São Gabriel Saneamento, empresa privada que gere água e esgoto na cidade desde 2012. Se cumprido o prazo, a cidade atingirá oito anos antes o que fora previsto dentro do Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, e que prevê esse percentual para as cidades até 2033.
De acordo com o diretor da empresa, Luís Antônio Bertazzo, a cidade tinha apenas 12% dos imóveis com canalização de esgoto quando a privatização foi realizada, há 12 anos. A ampliação das redes e construção de elevatórias para o tratamento levou a um número aproximado de 60% em 2022. Enquanto isso, o abastecimento de água chegou a 89% da população, conforme dados apresentados em um estudo feito a partir do Instituto Trata Brasil. Desde o início da concessão, segundo Luís, foram investidos cerca de R$ 101 milhões, grande parte em tratamento de esgoto.
Além disso, conforme o diretor, a tarifa de água em São Gabriel é cerca de 30% inferior ao praticado em cidades do Rio Grande do Sul. Ele salienta que a melhora na qualidade dos serviços trouxe impactos em outros setores econômicos da cidade. "Tivemos, por exemplo, uma redução em problemas gastrointestinais nas pessoas. Isso faz uma criança aprender melhor na escola, um trabalhador faltar menos no emprego, então os efeitos do investimento em água e saneamento se refletem nessas questões", explica Luís Antônio.
A São Gabriel Saneamento ingressou este ano na Norte Saneamento, empresa de atuação nacional, criada para investir em operações de saneamento em cidades brasileiras de pequeno e médio portes. Atualmente, o grupo está presente em seis estados brasileiros - no Rio Grande do Sul, apenas em São Gabriel. Questionado sobre a possibilidade de expansão para outros municípios gaúchos, o diretor afirmou que a possibilidade seria buscar cidades com um departamento municipal de água e esgoto público para discutir a privatização do serviço. No entanto, ele não citou quais seriam estas.
Acerca do Marco Legal do Saneamento, o diretor da empresa disse que a lei tornou mais viável a presença de entes privados no ramo de água e esgoto, o que torna mais palpável o plano da universalização. No entanto, ele alerta que o tema precisa ser priorizado pelas próximas gestões municipais. "No atual ritmo, será muito difícil atingir os 90% no território brasileiro. É necessário um comprometimento dos prefeitos eleitos a partir de 2025 para encarar o tema com seriedade", disse.