Porto Alegre,

Publicada em 28 de Fevereiro de 2024 às 00:30

Litoral Norte acende alerta para a presença das palometas

Principal medo dos pescadores é da espécie se adaptar às lagoas e gerar uma redução no volume de pescados

Principal medo dos pescadores é da espécie se adaptar às lagoas e gerar uma redução no volume de pescados

/CHAIDEER MAHYUDDIN/AFP/JC
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Liliane Moura
A incerteza sobre o avanço das palometas e o impacto da chegada desses animais em locais com grande concentração de pescadores, como no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, causa preocupação aos que trabalham na atividade pesqueira. Na região, a piranha apareceu pela primeira vez em janeiro deste ano, na Lagoa da Fortaleza, em Cidreira.
A incerteza sobre o avanço das palometas e o impacto da chegada desses animais em locais com grande concentração de pescadores, como no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, causa preocupação aos que trabalham na atividade pesqueira. Na região, a piranha apareceu pela primeira vez em janeiro deste ano, na Lagoa da Fortaleza, em Cidreira.
Foram capturadas, por banhistas duas palometas durante a piracema - período onde não pode pescar profissionalmente nas lagoas, em Cidreira, acordo com o presidente da Associação dos Pescadores de Cidreira (ASPECID), Sandro Levandoscki. O município conta com 107 famílias que vivem da pesca. Sandro afirma que os pescadores não tiveram maiores prejuízos por conta da presença do peixe, mas que estão em alerta sobre a possibilidade de avanço.
Fora de seu habitat natural e sem predador natural, a espécie, conhecida popularmente como piranha, consegue se adaptar rapidamente. Dessa forma, pode causa alterações nas relações ecológicas e econômicas, além da possibilidade de ferir banhistas.
"No estuário, que engloba as duas lagoas, Armazém e Tramandaí, somando os rios são 500 famílias que dependem da pesca", diz o extensionista da Emater/RS-Ascar em Imbé e Tramandaí, Flávio José de Souza Junior. Ele também aponta que são dois milhões de toneladas de pescados retirados anualmente. O setor corresponde por 10% da economia em Tramandaí.
"Além da economia da pesca tem a economia do turismo prejudicado, por que as pessoas iriam ficar com receio de entrar na água. O setor turístico envolve desde aluguéis de temporada, até serviço como comércio, restaurantes e lojas", comenta Flávio.
Por ora, os biólogos não encontraram a espécie, tanto em Tramandaí quanto em Imbé. No entanto, há um monitoramento sobre a possibilidade das palometas aparecerem, por conta do avanço em outras bacias do Rio Grande do Sul que podem desaguar no litoral. "No mar não tem possibilidade. Porém, nas lagoas tem sim, porque são interligadas, se apareceu na Lagoa da Fortaleza (em Cidreira), as piranhas podem invadir outras", diz o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Rio Grande do Sul (Ibama), Maurício Vieira de Souza.
Para abordar o tema, será realizada uma reunião com o Fórum da Pesca do Litoral Norte que reúne 15 municípios, no dia 22 de março. "Sobre piranhas não temos uma visão única. Vamos tentar uniformizar uma ideia, uma ação e quem sabe até uma solução para o tema", comenta o presidente da ASPECID.
Outro fato que soma a incerteza do avanço da palometas é a diversidade das condições ambientais de cada ecossistema aquático. Em uma lagoa os animais podem se adaptar e procriar, e em outra não ter esse sucesso. Aliado a isso, o espalhamento das piranhas também depende muito da saúde do ambiente. "Locais que já estão fragilizados tem menos resistência, favorecendo invasão", ressalta o analista do Ibama.
 

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