A cidade de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, é a segunda do Estado com maior número de infectados em 2024, de acordo com o Painel de Casos de Dengue do RS, coordenado pela secretaria estadual da Saúde. O município tem 436 casos confirmados, sendo destes 428 autóctones (transmissão comunitária). Até o momento não há óbitos em decorrência da doença. A cidade, em 2022, sofreu com um surto de casos e, desde então, tem sofrido com elevado número de casos, a ponto de, em 2023, ter o primeiro ano com infectados em todos os meses do ano, inclusive em períodos como o outono e o inverno.
O fenômeno do El Niño, que provocou fortes chuvas no ano passado, e o baixo número de dias frios durante o inverno, além possíveis adaptações do mosquito e descuido da comunidade nos hábitos de prevenção são alguns fatores que explicam o atual cenário, de acordo com os especialistas. "A sazonalidade do mosquito ainda existe, ou seja, entre novembro e maio, período mais quente do ano, há uma presença maior do Aedes na região. Em 2023 fizemos coletas para exames durante inverno, algo que a alguns anos atrás não era nada comum", afirma o biólogo e coordenador do projeto de Prevenção e Combate à Dengue, Tiago Filipe Steffen.
Além disso, o projeto mapeou que em 2022 a cidade registrou o maior número de casos positivos da doença desde então - ao todo, foram 7.155, de acordo projeto de Prevenção e Combate à Dengue. Naquele ano, o município registrou nove óbitos em decorrência da dengue. Em 2021, por exemplo, a cidade terminou o ano com 29 casos suspeitos e três confirmados.
Com intuito de reduzir o número de mosquitos na cidade, a ação que é executada em parceria com a prefeitura de Novo Hamburgo, é realizada através dos pesquisadores que entram nos domicílios e conversam com os moradores, monitoram e aplicam os produtos nos pontos estratégicos. Os locais com mais larvas do mosquito encontrados pelos agentes são pratos de animais de estimação e de plantas e flores, piscinas plásticas, calhas, caixa d'água e pneus.
Além disso, os agentes estão aplicando os testes rápidos realizados pelas Unidades Básicas de Saúde nos suspeitos de dengue. Caso positivo além dos cuidados médicos ao paciente, os agentes notificam a Vigilância Sanitária. Os sintomas da mais comuns da doença são cansaço intenso, dores articulares, febre alta e dor no fundo dos olhos.
"Com as notificações no banco de dados vemos quais são os bairros mais atingidos, quais os números de casos que a gente possui confirmados, quais suspeitos. E a Vigilância Ambiental entra com ações estratégicas utilizando diferentes tecnologias para o combate do mosquito adulto como aplicação de inseticidas em pontos estratégicos", aborda a gerente da Vigilância Sanitária, Débora Spessatto. Ela reforça que os moradores de Novo Hamburgo devem denunciar os locais de lixos descartados inadequadamente para o número (51) 3097-9400
A situação de Novo Hamburgo não é isolada. No Rio Grande do Sul, em 2024, até esta quinta-feira (15) eram 2.534 casos confirmados da doença, dos quais 2.305 são autóctones, de acordo com a Secretária Estadual da Saúde. Até o momento foram dois óbitos em decorrência da doença.