A busca pelo turismo de aventura e esportes radicais vem motivando o crescimento do fluxo de turistas ao Vale do Rio Paranhana, cidades em que atividades ao ar livre como o rafting são praticadas corredeiras abaixo. Para atender a essa demanda, Três Coroas, um dos principais destinos turísticos da região, ampliou em mais de 50% os leitos hoteleiros disponíveis.
De acordo com a turismóloga Vanessa Spindler, professora do curso de turismo da Faccat, desde o início da pandemia, a oferta chegou a 1.120 leitos. "E esses leitos têm tido quase 100% de ocupação em feriados e fins de semana", pontuou. A docente, que já atuou como secretária de Turismo de São Francisco de Paula de 2021 a 2023, explica que o isolamento social da pandemia foi um fator determinante para a o o aumento do interesse na região, tanto de turistas quanto de investidores, em busca de um maior contato com a natureza. "A gente sentiu na pele isso: muitas pessoas ligavam para saber como comprar imóveis ou mesmo visitar São Francisco de Paula", comenta Vanessa. A turismóloga também destaca que o turismo de aventura potencializa os investimentos do setor privado na região, principalmente em gastronomia e hospedagem.
No caso de Três Coroas, a cidade chega a receber três mil visitantes aos fins de semana, no período de outubro a maio, segundo Spindler, em um fluxo composto não só de gaúchos, como também de argentinos e uruguaios.
A atração principal da região é o rafting, esporte que consiste em descer corredeiras em botes com equipamentos de segurança. O Rio Paranhana. que banha municípios como Três Coroas, Taquara, Riozinho, Igrejinha e São Francisco de Paula, tem as características necessárias para a prática da modalidade. "Em uma classificação internacional sobre o grau de dificuldade para o rafting, de um a seis, o Paranhana está na classe um, dois e três. Ele é considerado seguro, pois não é um rio muito profundo e largo", afirma o empresário Cristian Krummenauer, um dos sócios do Brasil Raft Park, em Três Coroas.
O rio é formado de ondas, refluxos e pequenos desníveis de água que são caraterísticas difíceis de encontrar. Além disso, a corredeira contínua do rio proporciona o aproveitamento completo do trajeto, segundo Krummenauer.
Outras atividades relacionadas são o rapel, a tirolesa e as trilhas. Ainda há opção de praticar a modalidade do voo livre, presentes em Igrejinha e Rolante.
Além disso, Rolante, Riozinho e São Francisco de Paula fazem parte do Circuito de Cascatas e Montanha, que também conta um roteiro de cicloturismo, com um trajeto sinalizado de 123 quilômetros que inclui, além das belas paisagens do passeio, uma programação de gastronomia, arte e cultura local para os turistas de duas rodas.
Três Coroas celebrará o ano novo tibetano no mês de março
Templo Budista de Três Coroas foi fundado em 1995 por um mestre da religião
TEMPLO BUDISTA/DIVULGAÇÃO/JC
O Lozar, período que marca o ano novo tibetano, é uma celebração asiática que se tornou tradição na cidade de Três Coroas e é tema de um festival que será realizado nos dias 15, 16 e 17 de março. No calendário tibetano, o país chegará ao ano de 2151. Com culinária e danças típicas, shows e workshops sobre espiritualidade e bem-estar, o evento, na praça Affonso Saul, é aberto ao público em geral.
Três Coroas é sede do templo budista Chagdud Gonpa Khadro Ling, voltado à prática do budismo vajraiana, fundado em 1995 pelo mestre budista Chagdud Tulku Rinpoche, que nasceu no Tibete e que viveu na cidade até sua morte, em 2004. A presença do templo no local transformou Três Coroas em um destino para diversos interessados no budismo e na espiritualidade oriental.
Mesmo com uma forte influência da imigração alemã e italiana, característica do Vale do Paranhana, a influência tibetana exercida pelo templo contribuiu para a diversidade cultural da região, segundo a turismóloga Vanessa Spindler. Para o Lozar, salienta, "é comum receber visitantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, pois é um evento único na América Latina".
O templo Khadro Ling tem sua área externa aberta à visitação entre quinta-feira e domingo, das 9h30min às 16h30min. O local recebe veículos de transporte individual ou de grupos. No segundo caso, é necessário agendar a visitação, no site templobudista.org. Até o dia 2 de fevereiro, a entrada ao prédio principal está restrita.