Em tempos pós-pandêmicos, o cicloturismo tem ganhado mais espaço no cenário gaúcho. O salto foi de 10 roteiros, em 2019, para mais de cem em 2023, de acordo com a Secretaria Estadual de Turismo. A busca por atividades que proporcionem mais contato com a natureza e que podem ser realizadas em pequenos grupos ou mesmo individualmente são os responsáveis pela alta do segmento.
"Existem números de antes e depois da pandemia. Atualmente, o Estado conta com 140 rotas em 20 regiões", contabiliza o coordenador de segmentação o Secretaria de Turismo do Rio Grande do Sul (Setur RS), Álvaro Machado. O desafio agora é a qualificação dos roteiros. "Tem que haver um cuidado de sinalização apontando o nível de dificuldade da rota, onde as pessoas podem conseguir ajuda caso seja necessários, ou se tem onde dormir, por exemplo", enumera.
Além da experiência individual, o negócio do cicloturismo movimenta a economia local. Regiões como as do Vale do Taquari e do Paranhana, um dos principais destinos de quem busca pedalar em contato com a natureza e a cultura local, têm novos negócios surgindo em função dos roteiros, como pousadas, bares, locação de imóveise hostels, segundo o coordenador da Setur RS. Municípios como Bento Gonçalves, Igrejinha, São Francisco de Paula e Santa Maria também têm roteiros diversos, com bom planejamento para o cicloturismo, destaca o coordenador.
No verão, os destinos mais buscados pelos visitantes e ciclistas são os que oferecem sombra e água fresca para quem quer fugir do calor dos centros urbanos. Durante o ano, a Serra gaúcha é o destino mais procurado pelos turistas, segundo Mateus Jesus.
Em 2022, a Associação dos Municípios da Rota Romântica - rota turística que abrange municípios do Vale do Sinos e o Planalto da Serra Gaúcha - apresentou um roteiro que contempla 14 cidades para os amantes das viagens em duas rodas. O percurso todo tem 355 km por estradas secundárias e estradas de terra batida, que dão acesso a pequenas comunidades. Mais informações podem ser obtidas no siteturismo.rs.gov.br/turismo/roteiro.
Turismo sobre rodas proporciona nova relação com regiões, avalia empresário
Viajar de bicicleta demanda manter o corpo hidratado e nutrido; roupas leves facilitam a pedalada
RONEI CARNEIRO/CIDADES
De acordo com Mateus Jesus, sócio de uma pequena empresa que realiza excursões de cicloturismo dentro e fora do Rio Grande do Sul, o turismo em duas rodas proporciona uma nova relação com os lugares visitados, onde percorrer o caminho é tão importante quanto a chegada ao trajeto final. "Conseguimos até sentir os cheiros da cidade, de cada esquina, interagir muito mais na geografia e na cultura local, porque quando passa de carro tu não vê aquele armazém de cem anos ou escuta uma música ao vivo que te interessou", comenta.
Ele e o sócio Max Delazeri fundaram a empresa, Bike Tour Poa, em 2017. O negócio consiste em transportar os turistas de ônibus até a região e, depois disso, guiá-los durante todo o trajeto de bicicleta. A viagem pode ser realizada em um ou até 10 dias, conforme o roteiro planejado. No último caso, os cicloturistas se hospedam em pousadas ou hotéis.
Para aqueles que têm vontade de se aventurar em duas rodas nos destinos turísticos do RS, além de pedalar para aumentar a resistência física e praticar o equilíbrio com a bicicleta, é necessário avaliar o nível de dificuldade da rota.
"É importante, com um pouco mais de prática em pedalar, começar pelos roteiros mais fáceis", recomenda Mateus.
O empresário também indica, como uma boa opção para quem pretende viajar de bicicleta, em especial aqueles que não têm noções básicas de mecânica, buscar um grupo de pedalada, que têm integrantes que podem ajudar a trocar um pneu ou regular um freio, por exemplo.
Além de proporcionar mais segurança ao ciclista, viajar em grupo acaba se tornando uma alternativa para aqueles que querem renovar ou ampliar o círculo social. "Também, é importante conhecer bem o roteiro que se deseja trilhar e levar uma garrafa de água, frutas e roupas leves, a fim de manter o corpo hidratado e nutrido", conclui.