A Serra dos Tapes, no Rio Grande do Sul, recebe especial atenção dos projetos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) mobilizados para a preservação da riqueza histórica e sociocultural de uma língua brasileira, de origem germânica, que se mantém viva entre gerações. O local, entre os municípios de Canguçu, Pelotas e São Lourenço do Sul, concentra o maior número de falantes de pomerano no Estado. Uma dessas iniciativas, abertas a contribuições da comunidade, investiga, desde 2018, o uso da língua pomerana e o bilinguismo nessa região.
A UFPel realiza projetos sobre a língua e a cultura de descendentes dos imigrantes da Pomerânia, região situada entre os atuais territórios da Alemanha e da Polônia, há 20 anos. O estudo da UFPel já mobilizou cerca de 100 entrevistas e observações. O objetivo é investigar os contextos de uso das línguas minoritária (pomerano) e dominante (português), a leitura de pomerano e a influência na aprendizagem de inglês e alemão.
Os resultados parciais das pesquisas, segundo o pesquisador, mostram que o padrão nas comunidades de origem pomerana da Serra dos Tapes é o bilinguismo: ambas as línguas, português e pomerano, têm sido usadas de forma alternada. O pomerano ainda predomina nos contextos familiares, mas tem sido, recentemente, menos transmitido a jovens e crianças. Essa realidade, relata, leva à preocupação, por parte de falantes de pomerano, acerca da sobrevivência da língua.
O pomerano possui particularidades, mas diversas semelhanças com as línguas inglesa e alemã. Em razão dessa proximidade o conhecimento de pomerano pode ajudar na aprendizagem de qualquer língua de origem germânica. Pesquisa desenvolvida na UFPel com aprendizes de inglês demonstrou o auxílio do pomerano no processamento e na aprendizagem de palavras em inglês.
Em relação ao alemão, os estudos revelam que palavras semelhantes entre pomerano e alemão são processadas com mais facilidade. Para explorar esse potencial de aprendizagem, o Laboratório de Psicolinguística, Línguas Minoritárias e Multilinguismo (Laplimm) também trabalha no desenvolvimento de materiais de ensino de alemão para falantes de pomerano.
Falantes de pomerano que quiserem contribuir com as investigações podem entrar em contato com a equipe do projeto pelo e-mail ([email protected]) ou pelos canais em redes digitais (@laplimm_ufpel). A universidade busca, principalmente, alcançar o público entre 18 a 50 anos. Outras faixas etárias, no entanto, são consideradas nas demais atividades do laboratório.