A Igreja Sagrado Coração de Jesus, localizada no bairro Porto de Pelotas, foi reconhecida como patrimônio cultural do Rio Grande do Sul. A tradicional festa de Nossa Senhora de Navegantes foi a data escolhida para o tombamento, tornando o prédio de 1915 - reconhecido por sua arquitetura barroca romana - apto à receber recursos estaduais e federais de leis de incentivo à cultura.
Durante a cerimônia, a secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araújo, destacou que o tombamento é um ato que envolve fé, história, arquitetura, arte, patrimônio cultural e união da comunidade pelotense em torno do propósito de preservar a edificação de grande valor. "Representa parte importante do passado, do processo de desenvolvimento econômico e da evolução urbana de Pelotas, o que a caracteriza como patrimônio cultural e justifica o seu tombamento", frisou.
A paróquia foi criada por um decreto em 1912. Em 31 de outubro de 1913, o então bispo Dom Francisco Barreto determinou a construção do atual prédio e nomeou uma comissão composta por pessoas da sociedade. As obras foram iniciadas em agosto de 1915. Com projeto do arquiteto paulista Frederico Sonnesen, seu corpo principal foi construído e inaugurado em 7 de setembro de 1916.
Nos anos seguintes, o prédio foi ganhando as feições atuais, com destaque para o erguimento dos alicerces da frontaria, em 1918, a colocação do pára-vento, com vitrais representando a aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida de Alacoque, em 1921, seguidos pela inauguração dos três sinos em 1924 - batizados de Jesus, Maria e José -, e do fim dos trabalhos de pintura e decoração interna, em 1925, considerado o ano de conclusão da obra.
Desde 2020, o pároco Wilson da Mota lidera ações para a captação de recursos em prol da restauração da igreja, que teve parte de sua estrutura seriamente abalada durante a passagem de um ciclone no dia 31 de julho daquele ano. A obra é realizada com base no projeto já aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e está dividida em quatro etapas. Atualmente, encontra-se na segunda, considerada a mais importante por garantir sustentação do local, explica padre Wilson.
A comunidade busca aproximadamente verba de R$ 2 milhões para restauração da cobertura da igreja no modelo original. Essa troca irá estabilizar a estrutura do prédio, que atualmente encontra-se escorada. Desse valor, R$ 600 mil já foram obtidos.
Após o término da obra de cobertura, as próximas etapas tratarão do piso, das paredes do altar para retornar às pinturas originais, da revitalização da área externa e do acesso principal com execução da nova escada adaptada para o acesso de pessoas com deficiência.