A Prefeitura de Santa Maria decretou situação de emergência no município em função da estiagem. O prefeito em exercício, Rodrigo Decimo, assinou o decreto durante ato que ocorreu nesta quinta-feira (29). Com o documento, o município consegue agilizar a aquisição de produtos e serviços para amenizar o impacto da falta de chuva.
"Tivemos acesso a relatórios da Emater e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que apontam para um momento preocupante. Portanto, a decisão de decretar situação de emergência é técnica e tem o objetivo de auxiliar os produtores e trabalhadores rurais a atravessar este momento de dificuldade. O decreto facilita o nosso acesso a recursos estaduais e federais e possibilita que a Prefeitura realoque verbas e realize contratações emergenciais nesse período", explicou Decimo.
A primeira iniciativa da Prefeitura a ser vista pela população após o decreto é a compra de 40 reservatórios de água, com capacidade entre 2 mil e 3 mil litros, e dois tanques, de 10 mil e de 6 mil litros cada, que serão utilizados para levar água até as comunidades mais afetadas. O trabalho é uma sequência das ações realizadas desde o início de 2022.
A decisão de assinar o decreto de emergência está baseada em previsões do escritório municipal da Emater-RS e da UFSM, além do trabalho da própria Defesa Civil municipal. A Prefeitura teve acesso a relatórios que já apontam para perdas milionárias na agropecuária e que preveem um volume menor de chuvas para a região centro-oeste do Estado.
De acordo com a Emater-RS ,a safra mais afetada é a de soja, predominante no município. Somente nesse grão, a perda por hectare está em R$ 516, em uma quebra total de R$ 20.147.400. Já na pecuária, que envolve a criação de animais, o prejuízo soma R$ 1.378.728 na bovinocultura de corte e de leite. Portanto, o impacto financeiro da falta de chuva é de pelo menos R$ 23 milhões na produção agropecuária.
Ao mesmo tempo, o Boletim de Previsão Climática Mensal do Grupo de Meteorologia corrobora o cenário de preocupação. O documento referente aos meses de novembro, dezembro e janeiro identifica a permanência do fenômeno La Niña durante a primavera pelo terceiro verão consecutivo. O evento climático é caracterizado por provocar o aumento do volume de chuvas no norte e no nordeste do Brasil e por períodos de estiagem no Sul. Santa Maria, desta forma, é atingida diretamente pelo fenômeno.
A chamava "previsão por consenso" da UFSM indica de 100 a 200 milímetros de chuva abaixo do normal para o centro-oeste do Estado. A Corsan também fornece números relativos à falta de chuvas. Segundo o superintendente regional da instituição, José Epstein, o nível da barragem do DNOS está 2,5 metros abaixo do normal. Entretanto, ele garante que não há risco de desabastecimento na cidade e que o fornecimento de água para os distritos não será comprometido. Epstein, no entanto, reforçou o pedido para uso racional da água por parte da população.