A colaboração técnico-científica entre professores do Departamento de Solos e do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com a Vinícola Salton tem dado resultados. Maurício Copat, técnico em Viticultura na Salton, conta que, em 2010, quando começou a implantação do vinhedo em Santana do Livramento, a empresa queria entender o funcionamento do solo e quais necessidades e dificuldades com relação ao solo seriam encontradas na região.
A área foi cedida para trabalhos experimentais coordenados por Gustavo Brunetto, professor do Departamento de Solos no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo (PPGCS) da UFSM, que desejava áreas experimentais para a realização de pesquisas. Segundo ele, a região em que seriam instalados os vinhedos tem condições relacionadas ao solos e ao clima diferentes de outras tradicionais regiões de produção de uva no Rio Grande do Sul, como a Serra gaúcha. Por isso, surgiu a necessidade da geração de conhecimentos específicos para produção na região da Campanha, relacionados à instalação e às condições dos vinhedos.
A importância está em saber quais nutrientes existem no solo para definir a necessidade de aplicação deles, a exemplo do Nitrogênio (N), do Fósforo (P) e do Potássio (K). O professor ressalta que doses excessivas de nutrientes devem ser evitadas, uma vez que podem prejudicar a produção da uva e a sua qualidade, mas também pode potencializar a contaminação do solo e das águas.
De acordo com o professor Brunetto, a adequada produção de uva é consequência da correta definição da necessidade ou não da aplicação de nutrientes ao solo, de doses apropriadas de nutrientes e de modos de fornecimento e épocas de aplicação. O pesquisador explica que, quando necessário, a desfolha (retirada de parte das folhas das plantas) e a poda de inverno - dupla poda ou poda invertida, técnica que permite que os produtores colham a uva no período mais seco -, devem ser realizadas com o objetivo de melhorar a qualidade do cacho e do vinho. Outras práticas de manejo, como aplicações de fungicidas foliares - defensivos agrícolas que impedem o crescimento de fungos nas plantas, podem ser necessárias.
Mauricio Copat conta que, como a viticultura na fronteira é recente, ainda não há muitos trabalhos científicos sobre essa região - diferentemente da Serra Gaúcha. Contudo, Gustavo Brunetto relata que as informações obtidas por meio das pesquisas são apresentadas não só para os técnicos da Salton, mas a todos os interessados pelo tema, como a apresentação dos resultados em palestras e reuniões técnicas na região da Campanha.