A aguardada ligação a seco entre os municípios de Rio Grande e São José do Norte, um dos principais pleitos da região Sul do Estado para otimizar a logística do Porto de Rio Grande e abrir mais uma ligação com o resto do país, por meio da rodovia BR-101, gerou uma onda de celebração entre lideranças políticas e empresariais da região Sul do RS.
O empreendimento, pleiteado há mais de 50 anos pela comunidade local, alcançou mais uma etapa concreta na sexta-feira (21), quando o governo federal publicou o edital para a realização do projeto executivo que embasará a obra da ponte entre os dois municípios, no valor de R$ 10,3 milhões.
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No domingo, a prefeita de Rio Grande, Darlene Pereira (PT), publicou em suas redes sociais um vídeo comemorando a notícia. “Ainda temos um caminho a seguir, não é uma coisa imediata, mas é um grande passo (...) para concluir esse sonho que vai trazer mais desenvolvimento para toda a nossa região”.
Para Antônio Carlos Duarte, diretor de infraestrutura da Federasul e coordenador de operações portuárias da Bianchini S/A, o anúncio do edital é um “momento feliz”. “É a obra mais importante que poderíamos imaginar para metade Sul”, comentou.

Vice-Presidente de Infraestrutura, Antônio Carlos Bacchieri Duarte (Federasul) MAPA ECONÔMICO JC - RIO GRANDE
EVANDRO OLIVEIRA/JC
Para Bacchieri, um dos principais beneficiados pela obra será o Porto de Rio Grande. “Vamos ter a margem oposta de São José do Norte completamente liberada para a construção de novos terminais. Teremos capacidade, portanto, para dobrar o porto em uma área onde já existem investimentos, que são os molhes da Barra, a sinalização náutica, o canal que existe”, exemplificou.
Além disso, o dirigente pontua que a concretização da ponte “fará com o que o potencial turístico da região se desenvolva”, além de permitir a diminuição tanto do tempo e dos pedágios para acessar o litoral Norte do RS. “O desenvolvimento da Metade Sul vai ser fantástico com essa obra”, prevê.
Outra liderança que celebra a medida é o presidente da Comissão Regional Pró-Ponte, Jair Rizzo, há anos diretamente envolvido com a causa. “É um fato histórico para nós. Toda a região litorânea vai se desenvolver com isso. A gente já esperou demais pelo projeto. Contando com todo o trabalho que iniciou em 1973, já são mais de 50 anos de espera”, disse.
Segundo o ativista, a comunidade seguirá imobilizada "mais do que nunca, pois vamos acompanhar esse trâmite, e a execução dos projetos básicos, incluindo acessos e o traçado". Ainda não há definição sobre o ponto exato para a construção da ponte, mas a reivindicação da comissão, ainda na época dos estudos de viabilidade, é de que ela tenha 3,8 km de extensão em linha reta, ligando o Clube de Regatas Rio Grande, na avenida Honório Bicalho, ao Arroio do Laracha, em São José do Norte.
O lançamento do edital sofreu diversos adiamentos desde novembro, quando havia sido prometido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O projeto executivo, que planifica as obras de engenharia para a construção de toda a infraestrutura, incluindo a ponte e os acessos asfálticos, é a condição para que, posteriormente, a licitação da obra propriamente dita possa ser realizada. Incluindo todas as etapas, a previsão é de que a ponte seja entregue no ano de 2029.
A publicação trará especificações técnicas, custos e prazos, com o objetivo de assegurar uma execução que siga o planejamento. Além disso, estabelecerá todos os requisitos para a escolha da empresa responsável pela obra. Posteriormente, a empresa que vencer a licitação terá um prazo de dois anos, a partir da assinatura do contrato, para desenvolver o projeto executivo.
A publicação da concorrência para para o projeto da ponte foi possibilitada após a aprovação da Lei Orçamentária Anual pelo Congresso Nacional na semana passada, que também foi votada com atraso.
Atualmente, a travessia entre as duas cidades por veículos é realizada por meio de balsas, serviço que Rizzo classifica como "arcaico, précário e caríssimo". Segundo ele, um veículo de passeio paga cerca de R$ 50,00 por travessia, enquanto caminhões podem desembolsar até R$ 500,00 para cruzar o canal. A passagem de pedestres, por sua vez, é realizada por lanchas, com tarifa de R$ 6,50.
Colaborou Tais Carolina, de Rio Grande