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Publicada em 14 de Março de 2025 às 10:12

Ovos mais caros obrigam doceiras a subir preço dos doces de Pelotas

O aumento de 15% no custo dos ovos em fevereiro, comparado ao mês anterior, foi um dos principais fatores que levaram ao reajuste no preço dos doces, que subiram R$ 1,00, passando a custar R$ 7,50 por unidade

O aumento de 15% no custo dos ovos em fevereiro, comparado ao mês anterior, foi um dos principais fatores que levaram ao reajuste no preço dos doces, que subiram R$ 1,00, passando a custar R$ 7,50 por unidade

Exemplifique Comunicação/Divulgação/JC
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Gabriel Fritsch
Gabriel Fritsch Repórter
De Pelotas
De Pelotas
Gema de ovo, coco e açúcar são a base do famoso quindim, um dos doces mais tradicionais de Pelotas. No entanto, o aumento no preço dos ovos tem gerado desafios para as doceiras locais, que se veem obrigadas a reajustar os valores de seus produtos.
O aumento de 15% no custo dos ovos em fevereiro, comparado ao mês anterior, foi um dos principais fatores que levaram ao reajuste no preço dos doces, que subiram R$ 1,00, passando a custar R$ 7,50 por unidade. "O ovo é a base de todos os doces tradicionais de Pelotas. A gente usa principalmente a gema na maioria dos doces", explica Márcia Caldeira, doceira da cidade.
 
Além dos ovos, outros ingredientes também tiveram aumento significativo. O açúcar, por exemplo, utilizado em grande quantidade na produção, sofreu alta expressiva. O açúcar utilizado por Márcia na confecção de seus doces está custando R$ 4,50 o quilo. Esses aumentos tornaram insustentável para as doceiras manterem os preços antigos, especialmente em um cenário econômico difícil, onde o consumidor já está com o poder de compra reduzido.
"A gota d'água que faltava foi o aumento do ovo, porque a gente vinha segurando em função da economia, que vem difícil, o pessoal tá sem dinheiro, mas nós tentávamos segurar", comenta Simone Bica, presidente da Associação dos Produtores de Doces de Pelotas.
A Associação Brasileira de Proteína Animal projeta uma queda no preço do ovo após o feriado da Páscoa, período de alta demanda. A expectativa das doceiras é que esse recuo permita trabalhar com uma margem um pouco melhor. "A gente realmente espera que esse valor dê uma baixada, o valor do ovo, e a gente consiga trabalhar nesse valor que subimos agora, que é o R$ 7,50", completa Simone.
A situação atual reflete o impacto de fatores econômicos globais, como o aumento no custo de insumos agrícolas e o preço do transporte. A alta nos preços das rações e insumos para a produção de ovos foi um dos principais motivos para a elevação do valor do produto. Além disso, a demanda crescente durante o período de Páscoa pressiona ainda mais os preços. No Rio Grande do Sul, quinto maior produtor e segundo maior exportador do país, a alta reflete impactos como a enchente do ano passado, casos de doença de NewCastle, calor extremo e gripe aviária nos Estados Unidos, segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Agasv).
A tradição doceira de Pelotas, reconhecida nacionalmente, depende de ingredientes de qualidade, como ovos frescos, para manter o sabor e a autenticidade das receitas. No entanto, o aumento de custos coloca em risco a sustentabilidade do setor, que busca alternativas para reduzir o impacto sobre o consumidor final.
Em meio a esse cenário, algumas doceiras têm buscado parcerias com produtores locais de ovos para garantir preços mais competitivos. Outras têm investido em ajustes nas receitas e na diversificação do portfólio de produtos para atrair novos clientes. A expectativa de uma queda nos preços dos ovos após a Páscoa traz um alívio temporário, mas a preocupação com a estabilidade dos custos permanece. Enquanto isso, as doceiras seguem adaptando-se à nova realidade, equilibrando tradição e inovação para manter viva a identidade dos doces de Pelotas.

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